Há jogos que nos marcam, fundem-se nos nossos momentos e fazem-nos lembrar porque nos tornámos quem somos. Esses são também os jogos – que por mais simples, “feios”, antigos ou aparentemente enfadonhos – temos a tendência de um dia voltar, seja para sentir “aquele sorriso” novamente, uma surpresa em memória, um sentimento de conforto pelo já conhecido mundo, a previsibilidade de uma história ou de um desafio… acima de tudo a recordação de um momento da nossa vida em que decidimos dedicar tempo, disponibilidade, e um pouco de nós a algo que também nos deu tanto a aprender. Os videojogos são então também parte de boas memórias, aprendizagens, momentos que nos dão e alimentam maior sentido na nossa vida.

Quando tinha 12 anos de idade e tive o meu primeiro computador transbordei de felicidade. Ter um computador naquela fase significou a entrada num novo mundo online. O Messenger começou a estar na berra e tendo sempre tido interesse por videojogos, surgiu também a possibilidade de viver esta atividade online. Comecei pelo aclamado Runescape onde me mantive ao longo de um bom tempo, mas uma grande paixão surgiu ao ter encontrado um Videojogo que ainda hoje para mim é um dos melhores videojogos de mini-jogos online existentes – o Puzzle Pirates.

Nos almoços de família em minha casa, lembro-me de estar com grande parte dos meus primos a brincar ou jogar vários tipos de videojogos fosse na PlayStation 2 ou no computador, mas a verdade é que um dos que mais gostava era o Puzzle Pirates, no qual por turnos jogávamos os vários mini-jogos existentes.

As memórias que tenho deste jogo são incontáveis. O período em que o comecei a jogar foi marcante na minha vida e o computador foi muitas vezes, como para muitos, uma distracção de tudo aquilo que eram problemas na minha vida diária. Se fui “adicta” a este ou outros jogos? Não, até porque nunca deixei nenhuma outra área da minha vida ser afetada negativamente por esta atividade. Este foi somente um refúgio, um local de aprendizagem, uma atividade que me fazia sentir bem e que por momentos me fazia pôr de lado aquilo que era negativo e muitas vezes isto por si só é considerado mau erroneamente quando se fala em videojogos especificamente. A verdade é que toda a gente realiza atividades que – por momentos -fazem relaxar e “esquecer” (sem evitar) os problemas diários e isso não tem de ser patológico, pelo contrário, pode até ser por vezes uma forma de catarse e um auxilio a lidar com todo o stress diário. O equilíbrio, prioridade e tempo que damos a nós e às nossas atividades é que vai ditar o quão positivas estas poderão ser para nós, sendo que tudo em excesso é negativo, seja o que for.

Os videojogos foram e são então uma destas atividades importantes e positivas para mim. Fizeram-me conhecer grande parte dos amigos que tenho hoje, fizeram-me crescer enquanto pessoa, aprender inglês, saber várias informações sobre diferentes culturas. Auxiliaram-me a poder viajar, a inserir-me em comunidades, a saber competir e cooperar, a saber perder e a saber ganhar e tantas outras coisas…

Sei que esta pode parecer uma dedicatória lamechas, mas com um bom motivo. Numa fase em que os videojogos são tantas vezes demonizados, é também importante realçar o potencial positivo que estes podem ter, o qual afectou desde já diferentes gerações de pessoas.

Não é então difícil reconhecer todo o impacto positivo desta atividade em mim quando penso em Puzzle Pirates por exemplo. Um dos videojogos que mais joguei e que ainda hoje volto a jogar quando me lembro e me dá alguma nostalgia. Este jogo lembra-me de quem eu era quando comecei a jogar e faz-me contrastar quem eu sou hoje. Além disso faz-me também recordar todo o impacto positivo que este mundo conseguiu ter sobre mim e muitos à minha volta.

Falando desta forma, poderá até parecer que este jogo em particular é muito profundo mas a verdade é que não. Para a atualidade, este é um jogo já bastante rudimentar, e que muitos de vocês experimentando poderiam até considerar “nada de especial”. Ainda assim, considero que continua a ser um dos MMORPGs mais criativos que já conheci e joguei.

Falando-vos agora um pouco do jogo, neste tornamo-nos um(a) pirata e o objetivo é um pouco definido por nós. A ideia no geral é ganharmos dinheiro e irmos adquirindo bens e boa reputação. Para isso podemos pilhar barcos, caçar monstros marinhos, apanhar tesouros, trabalhar ou até adquirir lojas na cidade. Com bastante reputação e dinheiro poderemos ainda criar a nossa própria tripulação, comprar barcos, mobília para os barcos, comprar casa, entre muitas outras coisas.

A parte interessante reside no facto de que cada atividade no jogo é realizada através de um mini-jogo, e a nossa performance no mini-jogo (função) que estamos a realizar tem consequências em tudo o que está à nossa volta. Por exemplo, se quisermos ir pilhar barcos para ganhar dinheiro, teremos de inicialmente pedir trabalho num barco que esteja em alto mar e assim que entramos temos de escolher uma das várias funções que se encontram disponíveis (por exemplo: tirar a água do barco (bilging), a qual é representada por um mini-jogo parecido com Bejeweld; carpintaria, a qual é representada por um mini-jogo de puzzle para preencher espaços vazios com peças de madeira de várias formas; controlar as velas do barco (sailing) a qual é representada por um mini-jogo no qual temos de encaixar as peças nas cores correspondentes, etc.). Se algum dos jogadores começar a falhar na sua função, o barco poderá parar ou até mesmo afundar. Por exemplo, se os jogadores que estão a fazer sailing não estiverem a ter uma boa performance, o capitão não terá movimentos para o barco e o barco irá parar; por outro lado se o carpinteiro não conseguir realizar bem a sua função, irá entrar mais água no barco, o que irá dificultar o trabalho dos jogadores que estão a fazer a tarefa de bilging; etc.

O sistema de combate entre piratas é também extremamente criativo, sendo também ele através de mini-jogos (ex. swordfighting, sendo representado por um mini-jogo semelhante ao Tetris em que os nossos movimentos têm impacto no jogador contra quem estamos a jogar; etc.).

Puzzle Pirates acaba por ser um videojogo que em momentos em que não nos apetece jogar algo muito complexo se torna extremamente adequado, embora tenha o seu nível de desafio para chegar a ranks mais elevados nas várias funções (mini-jogos).

Podem agora encontrar uma versão completa de Puzzle Pirates:Dark Seas na Steam , a qual chegou no dia 14 de Setembro de 2017. Esta mantém-se fiel à versão original do jogo, adicionando alguns componentes da nova expansão Dark Seas. Não podia deixar de voltar ao meu momento nostálgico, e a verdade é que já ando por lá. E vocês juntam-se a mim?