Muitas vezes aparecem por aí jogos que tentam ser várias coisas num só, querem ser diferentes e únicos por terem coisas de vários estilos e é rara a ocasião em que se saem bem. Fazem-me lembrar muitas vezes a série X da BMW. Para quem não gosta de carros vou trocar por miúdos: a série X, vêem-se muitos aí nas ruas de Portugal, são uns SUV da BMW que tentam ser Jipe, carro familiar de luxo e desportivo num só. Ora como tenta ser muita coisa ao mesmo tempo, não conseguem fazer nenhuma delas de maneira especialmente boa. O mesmo acontece com Raiders of the Lost Planet, além de ser um jogo com um óptimo título para um livro Sci-Fi Pulp dos anos 1930-40, é cheio de bons conceitos e boas ideias, mas falha na sua entrega.
Não vou ser totalmente injusto com Raiders, o jogo não é mau de todo, e como podem descarregar o prólogo e a primeira missão grátis para testar é possível que muitos achem que vale a pena gastar o dinheiro para comprar o resto, contudo não é um jogo que me agrade particularmente porque vai buscar as suas inspirações a estilos que não sou fã como os MOBA, os FPS de arena ou os Team based shooter. Basicamente vai beber às fontes de Dota, COD/Battlefield e Overwatch com uma diferença que me deixou mais sossegado e permitiu testar o jogo em paz que é a possibilidade de jogar a solo. Coisa rara nestes estilos, por razões óbvias, e cada vez menos vistas nos videojogos em geral.
Mesmo sendo um híbrido que não excede ao seu potencial conceptual, de longe não é um todo maior que a soma das suas partes inspiradoras, não deixa de ter bons aspectos, e particularmente bom aspecto. Talvez seja esse o meu problema maior com este jogo, eu queria gostar mais dele, porque em parte faz-me lembrar Metal Gear Solid: Twin Snakes (não muito, mas as partes mais stealth) e por outro todo o ambiente Firefly, Cowboy Bebop é algo que estava a ali mesmo a pedir que lhe agarrasse e passasse umas horas com ele. Infelizmente tal como em muitas situações da vida, a realidade ficou aquém da expectativa.
A combinação de vários modos, single e multiplayer, e de qualquer um dos lados “heróis” ou “vilões” permitem ao jogador mais opções que é normal, algo que não posso deixar de louvar aos criadores. E mesmo em jogo, a mistura de stealth, action, shooter é boa, mas não é excelente. É um jogo que tem pernas para andar se lhe derem uma hipótese, neste momento é um adolescente com bastante potencial, não digo que se vá tornar um Cristiano Ronaldo, mas o apoio dos jogadores que vão testar a versão grátis e comentar podem fazer dele um João Moutinho ou Fábio Paim.
Nem ouso sonhar que se torne um Renato Sanches, ainda está para ser criado o jogo com esse potencial.
