Quando falamos de tabletop RPGs, é normal pensar quase automaticamente na liberdade que os mesmos conferem perante as várias situações com que nos vamos deparando à mesa e como as resolvemos. Quer os planos sejam bem delineados ou não, é inegável que as consequências irão ficar presentes na memória do grupo durante um bom bocado. Contudo, nem sempre existe uma participação acesa da parte de alguns membros, optando por passar o poder de decisão a outros quando o mesmo recai sobre eles. Uma vez mais, a liberdade destes jogos não se prende somente ao sistema em si, mas também aos jogadores e à sua forma de jogar, pelo que não há problema algum em manter uma postura mais passiva.

A distinção entre um jogador activo e um passivo é simples e óbvia. O primeiro toma todas as decisões e mais algumas, fala com todos os NPCs, sejam eles importantes ou não; querem brilhar, ver a sua personagem a crescer e mover a história para a frente. O segundo contenta-se em assistir e auxiliar quando acha necessário, rolando os dados que lhe dizem respeito quando lhe dizem respeito, passando/relembrando algum pormenor informativo e ajudar os outros com dano nos adversários e mantendo intacta a saúde do grupo.

Lidar com um jogador activo não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Quanto mais lhe for atirado, mais problemas, mais demandas, mais inimigos; mais imerso ele estará na história e tudo aquilo que ela representa. Já com um jogador passivo, as coisas podem tornar-se um bocado mais “complicadas”. Não é propriamente uma boa ideia deixar decisões importantes e decisivas na mão de um jogador passivo. A pressão poderá ser demasiado desconfortável e ele passará o problema para outro membro do grupo assim que a possibilidade surgir. Em casos extremos, a repetição deste tipo de situações poderá fazer com que o jogador abandone a mesa (para todos os efeitos, estamos a insistir para que ele mude a sua forma de jogar), algo que se deve sempre evitar. Se o jogador em questão quiser entregar-se mais ao jogo, irá fazê-lo nos seus próprios termos. Forçá-lo nesse sentido dificilmente resultará em algo positivo.

Não é por acaso que um jogador passivo é muitas das vezes descrito como sendo um espectador. É alguém que está à mesa para conviver, para observar a história a desenrolar-se e para contribuir conforme achar melhor.

Se ele(a) e os restantes jogadores gostarem da sessão e abandonarem a mesa com o desejo de regressar, então fizeste um excelente trabalho como Game Master.

Todos os jogadores têm as suas ambições, as suas expectativas e as suas formas de jogar. Todas elas devem ser aceites e todas elas devem ter o seu lugar à mesa. É através das diferentes formas de pensar, de ser e de estar que a verdadeira magia acontece. Não teria piada se todos fossem iguais, pois não?