Algures na viragem do milénio, um vizinho meu teve acesso nesse mundo misterioso à época do brilhante catálogo de RPGs da SNES, essa afamada consola que para mim era uma espécie de Reino de Preste João e que só tinha visto em duas lojas e não conhecia ninguém que possuísse nenhuma. E desses tais RPGs muito menos informação existia, na rudimentar internet da época, povoada de Altavista e afins.

Lembremo-nos que neste período andávamos todos embriagados pelo renascer da Squaresoft e das magníficas produções que iam lançando para a PS1, e que criaram em muitos jogadores uma paixão por um género que nem sabiam existir.

Para mim e para muitos possuidores de Famiclones, a probabilidade de nos termos cruzado na pré-adolescência com um JRPG ao comprarmos as misteriosas cassetes de plástico de cores fortes era grande. A total ausência de informação sobre o conteúdo de cada jogo que comprávamos ia ao extremo daqueles autocolantes mal-amanhados não terem sequer título ou terem caracteres japoneses. E para muitos o primeiro contacto com JRPGs foi de certa forma forçado.

Mas voltemos aos carris: nessa espécie de Descobertas dos JRPGs da SNES, veio-me parar às mãos um estranho crossover entre as produções da Squaresoft (cujo logótipo era, indubitavelmente, um selo de qualidade) e a Nintendo intitulado Super Mario RPG. Super Mario abandonava as plataformas e abraçava o combate por turnos. E para surpresa de todos: esta mistura funcionava.

Esta experiência só viria a ter continuidade (já sem a Squaresoft) nas consolas portáteis em 2003, com aquele que foi o arranque da saga Mario & Luigi. Superstar Saga e que comprovava definitivamente aquilo que já tínhamos percebido na SNES e na N64: o mundo do Mario aliado à criatividade dos developers da Nintendo é uma receita quase infalível para criar bons RPGs. E digo quase porque nos basta pensar nos últimos dois Paper Jam para perceber que a receita é muito eficaz… mas também falha.

Catorze anos depois a Nintendo decide trazer para a 3DS, e possivelmente para uma série de jogadores que não contactaram com o início da magnífica série Mario & Luigi, desta vez visualmente refeito e com ligeiras alterações, entre as quais a adição do “pacote” Bowser’s Minions que é mais ligeira, e que pouco de jogabilidade tem para além da gestão da nossa party e preparação de cada nível/combate.

A actualização visual é agridoce. Se por um lado é óptimo ver este clássico a alinhar-se visualmente com os jogos recentes na 3DS, por outro é uma pena perdermos aquele que é um dos melhores trabalhos em pixel art do Game Boy Advance, de tantos outros exemplos excelentes que a consola teve.

O lançamento deste remake de Superstar Saga permite-nos a todos poder revisitar, e jogar toda a magnífica série Mario & Luigi nas nossas 3DS, e ao fazê-lo sentir como com ligeiríssimos solavancos que esta série conseguiu manter o patamar de qualidade narrativo, de humor e mecânico, coisa que a outra famosa série de RPGs do Mario não conseguiu.

Mario & Luigi: Superstar Saga + Bowser’s Minions é absolutamente obrigatório para quem nunca jogou, e mesmo que já o jogou, como foi o nosso caso, está neste momento vítima de um síndrome de apetecemejogarosmario&luigitodosdeenfiadaite.