Sim, eu quero ter ports na Switch! Apesar de parecer, não é uma contradição completa do meu outro artigo, não é. Não totalmente.

O que eu quero principalmente é jogos novos na consola que tirem proveito das suas capacidades, e se vamos ter ports que façam o mesmo ou pelo menos que façam sentido e não sejam simplesmente tentativas de sugar dinheiro à malta aproveitando o facto dela ser a namoradinha da indústria agora.

A Switch é uma consola peculiar no melhor sentido, tem várias particularidades anunciadas e cumpridas no que foi prometido pelos seus criadores entre as quais o que eu chamo o “Pick and Play, Stop and Drop” um estrangeirismo presunçoso, ou não fosse eu membro do galinheiro com mais mania de doutores na internet, que simboliza a capacidade de se poder agarrar, jogar e largar a consola em qualquer lado e a qualquer altura. É por isso que acredito que jogos totalmente imersivos como Skyrim ou LA Noire não funcionam lá, Doom é por não gostar de FPS em consola, mas os outros é mesmo porque são jogos que requerem algo mais que uns minutos de concentração. E, sim, aceito perfeitamente a opinião de quem goste destes jogos nesta plataforma, quem jogue durante horas seguidas porque não é assolado pelas dificuldades de ser adulto, só não me parece que seja algo para o qual a consola foi feita. Se quiser jogar Skyrim ou Doom durante pelo menos uma hora ou duas sem parar é porque posso perfeitamente é porque posso fazê-lo no PC ou numa consola de casa. A não ser que não esteja em casa, mas isso são outros trocos.

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Mas espera lá Machado! Então e jogos como Super Mario Odissey ou Legend of Zelda? Vais dizer que esses não são imersivos? Que não passaste horas a jogar?

Boa pergunta, humano imaginário e anónimo que a fez nesta ocasião totalmente aleatória. Não, não são totalmente. Mas já lá vamos.

Vários jogos indie recentes estão a ser portados para a Switch, só na semana em que estou a escrever este artigo entre o outros The Sexy Brutale, um dos favoritos do ano do Ricardo vai ser lançado, e na semana anterior Stick it to the Man da Zoink Games, também o foi. Este tipo de jogos ou Steam World Dig 2 funcionam perfeitamente seja em pequenas jogadas, ou em percursos ligeiramente mais longos, porquê? Razão mais simples do mundo. Recursos. Dinheiro. Rácio Custo-Valor.

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Mais que uma razão afinal. Ou só aparentemente mais que uma porque se formos ver bem, os jogos de estúdios indie são habitualmente “curtos”. Ou melhor, não são curtos, tal como a diferença entre uma série da Netflix ou outra plataforma digital e as séries sindicalizadas americanas*, os jogos indie demoram o tempo necessário para acabar, para contar a sua história. Portanto quando pagamos 5, 10 ou 20 euros por um indie e o acabamos em 6 a 7 horas, não nos sentimos defraudados. Temos aquilo pelo qual demos o nosso dinheiro. Já um AAA que custa quase sempre um mínimo de 50 a 60 euros, habitualmente tem que ter  60 a 70 horas de jogo para acabar a campanha principal, mas se for retirado todo o grind obrigatório e full motion videos de 15 minutos cada vez, o jogo em si, a parte principal é cerca de 10 horas na melhor das hipóteses. O resto é enchimento de chouriço. É por isso que os primeiros jogos da minha lista de ports são:

Todos os jogos da Zoink e da Image and Form.

Sim, sou parcial neste caso porque já tive o prazer de privar com os fundadores e criadores de ambos os estúdios que, ignorando os seres humanos fantásticos que são, criaram alguns dos melhores jogos indie dos últimos anos. Já temos SD2 e Stick it, só faltam os outros. Zombie Vikings, Flipping Death e o lindissimo , assim como SteamWorld Dig e SteamWorld Heist.

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Advance Wars Pack

Já foi anunciado, e atrasado devido aos problemas habituais de jogos de video no Kickstarter, o jogo Tiny Metal, uma espécie de sucessor espiritual de Advance Wars, portanto porque é que não é lançado um pack com todos os Advance Wars feitos para Game Boy Advance, Nintendo DS e 3DS? Ou em separado para quem apenas quiser um específico. Estes turn-based strategy estão em casa na Switch que não só é a Nintendo que sempre os acolheu como as capacidades portáteis dela deixam-nos funcionar no seu expoente máximo. Os Advance Wars, inclusive o meu favorito Days of Ruin, são dos jogos de estratégia por turnos mais brilhantes do mercado, o seu ambiente, personagens, estrutura de jogo conseguem dar uma satisfação e desafio a qualquer jogador. Na Switch, poderíamos pegar, fazer uma missão inteira, campanhas, ou apenas uns turnos e largar.

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Já que estamos no assunto de estratégia turn-based.

XCOM e XCOM 2

Para mim, os melhores jogos turn-based alguma vez feitos, do original UFO até War of the Chosen (mas vamos saltar UFO 3 e 4) nada bate o universo XCOM no seu campo do mundo dos videojogos.

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Se estes jogos correm em Android, também correm na Switch, nem precisa ser adaptado porque há para consola com os comandos, seria um port quase directo. As razões de ser um bom port são exactamente as mesmas que as de Advance Wars mas em melhor. Pensem bem, ser o Commander outra vez, mas poder largar qualquer missão a meio, resfriar a cabeça, pensar bem no que fazer e voltar à carga. Jogar onde pensamos melhor, onde o nosso cérebro funciona a 100%, no trono de porcelana! Não havia invasão extraterrestre ou Advent que se safasse.

Super Mario Sunshine

Yup. é isso mesmo, um port do Sunshine.

Olhemos para Odyssey, um jogo cuja estrutura é quase uma cópia de Sunshine, portanto porque é que com uns pequenos ajustes (como foram feitos quando Super Mario 64 foi portado para a 3DS) não podemos ter esta jóia esquecida na Switch?

A única adaptação e parte da resposta ao ser imaginário que me fez uma pergunta à pouco, era manter a estrutura totalmente aberta e sem obrigatoriedades que permitem ao jogador andar livremente e fazer o que quiser quando quiser, seja em 1 minuto ou 60. Além disso. F.L.U.D.D. é uma razão mais que suficiente para ter um remake.

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Sierra Bundle, Broken Sword Bundle e  LucasArts Bundle.

Nos seus anos áureos os point and click destas produtoras eram a epítome de seu estilo. Alguns dos melhores jogos de sempre saíram das suas mãos e computadores. Loom, Full Throttle, Day of the Tentacle, Indiana Jones and the Fate of Atlantis, King’s Quest, Phantasmagoria, ou as obras de Charles Cecil entre outros, seriam bem vindas aqui. Fosse em pack ou separados, alguns dos donos da Switch iam adorar voltar a jogar estes e outros, e também seriam bons para educar alguns jovens.

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Need For Speed Underground 2

É verdade, o meu Chunner interno veio ao de cima, com boné de lado e a bombar reggaeton dos subwoofers mais potentes do mercado que até fazem cair o autocolante do metal/carbono do tampo de gasolina no meu Citroen Saxo . Pode chamar-se ao nosso tunner chunga interno Chunner? Não importa. Há uma falta considerável de jogos de corrida na Switch, não estou a falar de Mario Kart ou Fast RMX, mas de jogos de corridas arcade-ish. Daqueles que também são divertidos mas com carros e estradas a sério.

Acho que é de opinião universal que Underground 2 é o melhor dos Need For Speed. Tendo em conta que não posso ter um Forza Horizon na Switch, Underground 2 com uma actualização de carros, ou não era, ouro sobre azul. Também aceitava o Carbon porque curti a história estúpida mas melhor que qualquer Fast and Furious, mas não mais que isso, os mais jogos recentes já têm muita coisa em cima para serem proveitosos na Switch.

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Quando falei nisto a um amigo ele disse que gostava de ver Red Dead Redemption, e aqui eu traço a linha e acabo a minha wishlist primária de ports, por razões simples, e agora vamos ao Breath of Wild.

Apesar de algumas diferenças, são ambos Open World Adventures, e quem diz Red Dead Redemption podia dizer GTA 5, Shadow of War, Assassin’s Creed, Batman Arkham, etc. E sem conversa de gráficos e capacidades de processamento porque bem ou a mal Skyrim e Doom já arrumaram essa conversa. Mesmo sendo jogos no mesmo estilo, as diferenças são muito importantes especialmente duas, estrutura de jogo e cut-scenes/videos que acabam por ser a razão combinada de eu não querer os jogos na Switch.

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Acho que todos os proprietários da Switch têm ou jogaram Breath of the Wild, portanto vou pedir-vos um exercício de memória. Quando jogaram, qual foi a cut-scene mais longa do jogo? Quanto tempo durava? 1 minuto, 3, 5? E num open-world como RDR ou GTA5? 10? 20? Mais? Outra coisa, como é que são as cenas de diálogo? Em RDR, longas conversas com voice-acting, até podermos accionar um prompt que dá outro longo voice-acting, certo? E em BotW? Texto escrito, accionado linha a linha, frase a frase pelo nosso botão. Eu sei que não parece muito mas isto implica que a estrutura foi feita para a Switch, na qual pode ser parada a qualquer momento, mesmo que apenas para acoplar a consola da dock aos comandos e ir para outro local ou vice-versa. Não nego que podemos parar as cut-scenes a qualquer momento mas como a sua estrutura natural é contínua dá-lhe uma quebra pouco natural. Pensem quando estão a ver um filme ou série e têm que parar para ir a algum lado, como fazem? Esperam que a cena acabe para pausar, ou param a meio de uma frase? É exactamente o mesmo instinto que me faz não gostar de ver estes jogos na Switch.

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O mesmo acontece com a estrutura do jogo, muita gente criticou a “falta de história” como a maior falha de BotW, outros a falta de masmorras longas e típicas dos jogos anteriores, contudo essas alterações eram necessárias no meu ponto de vista porque tal como o ponto acima mencionado adaptaram tudo às capacidades da nova consola. Os shrines são rápidos, para poderem ser jogados na íntegra, num instante. Mesmo as Beasts podem ser “atacadas” às prestações. Ou se preferirem em maratonas. É neste ponto que a imersão de Breath of the Wild e Odyssey diferem da de Skyrim, Doom, Red Dead ou GTA, ela é puramente opcional. Não é obrigatória.

Enquanto os ports são aqueles almoços de família para estar sentados à mesa a comer cozido (ou cachupa no caso da minha) durante horas. Os jogos feitos para  Switch são petiscadas, que podemos comer só uma ou outra coisinha de vez em quando. Mas temos a opção de nos empanturrar com queijos, enchidos, patés e outras coisas se quisermos.

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É isto que quero ver nos ports e nos novos jogos, opção e não obrigação de longo curso.

*As series de canais clássicos americanos (ABC, NBC, FOX, etc.) têm um formato “legal” em cuja duração do episódio tem que permitir 15 minutos de publicidade por hora e têm que ter entre 21 a 25 episódios. Por isso é que em certas séries temos tantos episódios de filler até ao final, porque não há história concreta para tanto tempo. Já as de stream ou canais pagos como HBO não têm restrições de tempo no episódio ou número dos mesmos, portanto têm a duração necessária para contar a história, sem encher alheiras e farinheiras. Tal e qual como AAA e Indies.