Caçada semanal #127

Continuamos na grande linha de ports indies para a Switch, por mais que eu gostasse de ver jogos novos a verdade é que isto é o que temos. Hoje temos mais dois. 

Começamos com Rive. Entrei neste jogo como habitualmente faço com qualquer um que me seja enviado na redacção a não ser que o tenha pedido, em limpo. Raramente, sei o que são até os instalar. Quando comecei a jogar Rive pensei algo como “pronto, mais um qualquer coisa em retro-estilo…” mas não. Ou sim. O que quero dizer é que é retro mas só em espírito, os gráficos são modernos e muito bem polidos, a jogabilidade dual stick é bem construída mas acima de tudo é na variedade de jogabilidade que Rive se torna bom.

Tive que recorrer aos serviços do Professor Machado, ainda em sabática de duração indefinida para esclarecer-me acerca de que jogo(s) shoot’em up tinha uma nave que se transformava num robot. Era a saga Robotech, e enquanto não digo que seja um sucessor espiritual, Rive é sem dúvida inspirado neles.

Podia ser um shooter básico, com uma “história” que é apenas o necessário para fazer o jogador seguir em frente, e é-o no seu esqueleto para dizer a verdade, mas foi uma surpresa para mim o quanto ele me prendeu, especialmente porque volta não volta obrigava-me a mudar a minha maneira de pensar.

Rive não corre no típico scroll horizontal ou vertical dos shoot’em ups, nesse aspecto é mais labiríntico. Sem o ser. Obriga-nos a seguir por caminhos mais circundantes que direitos, digamos assim. Além de nos dar a volta entre curvas e contracurvas também nos troca as ditas voltas no tipo de jogabilidade, ora estamos flutuar em gravidade zero manobrando a nossa nave aranha, como de repente estamos colados ao chão ou debaixo de água. Não só a parte do shooting mas também de ter que fazer hack para abrir certas zonas ou usar certos inimigos a nosso favor, a jogabilidade altera-se e com ela a estratégia dos inimigos e a nossa também, é esta constante alteração de estilo que me faz querer sempre voltar e jogar mais um bocado de Rive, e vou fazendo-o quando posso. Seja na Switch ou em PC, é um jogo que vale a pena.

Agora vou repetir a introdução do jogo anterior com pequenas adaptações, está bem?

Comecei este segundo jogo como habitualmente faço com qualquer um que me seja enviado na redação a não ser que o tenha pedido, em limpo. Raramente, sei o que são até os instalar. Quando comecei a jogar Tallowmere pensei algo como “pronto, mais um qualquer coisa em retro-estilo…”e é, em gráficos. Mas a jogabilidade é bem moderna e típica de um bom roguelike. Mas em parvo, em muito parvo.

Não quero ser mal entendido, eu gosto imenso de Tallowmere, ainda ontem em vez de continuar um pouco mais do último DLC do jogo do ano, tive a explorar masmorras, portanto provavelmente gosto mais dele do que devia. Não posso dizer que seja um jogo genial, nem sequer posso dizer que seja muito bom em nenhum aspecto. Só é estupidamente viciante e eu não sei explicar o porquê.

Vamos tentar por partes, deixando entrar o servente de pedreiro que há em mim. Gajas. Gajas mandam e um gajo obedece, não há hipótese nenhuma para fazer o contrário. Eu sei porque tenho duas em casa e uma não fala ainda. Mesmo assim não tenho outra chance senão obedecer. Quando elas não mandam, nós fazemos tudo para as impressionar, é mais ou menos isso que acontece em Tallowmere para vamos constantemente avançando por salas repletas de inimigos e armadilhas pela simples razão de lhe agradar. E levar gatos que podem ser sacrificados para recuperar energia. São poucos mas quando os encontramos devemos usá-los. Tallowmere é um roguelike bem simples, chegamos a uma sala, evitamos armadilhas e destruímos inimigos até encontrar a chave que nos leva à sala seguinte. Uma fórmula simples mas bem eficaz. Sem exagerar em nada mantém a jogabilidade simples e um bom equilíbrio entre a recompensa de caçar a melhor pontuação e o castigo de permadeath. É tão frustrante perder um jogo numa sala ao fim de 10 ou 20 minutos cheio de objectos e moedas que nunca mais vamos poder usar, como é desafiante ter que começar de novo, mas como é um rogue, as salas e inimigos são sempre diferentes. 

Pode não parecer mas tem um argumento e bastante sentido de humor, tive que parar para me rir quando numa situação fui confrontado com o rapto de um personagem e o raptor quando a leva diz algo como “Mwahahahaha verga-te sob o poder incapacitante da cutscene!” Este pequeno toque meta é dos pontos altos de um jogo, que tem vários ao mesmo nível.

Mais barato em PC do que em Switch mas eficaz em qualquer uma das plataformas, foi uma óptima surpresa.

Ainda no outro dia comentava com o Ricardo Correia após recusar um jogo para analisar porque já o tinha comprado, que ocasionalmente gosto de comprar bons jogos mesmo que os possa ter para análise, para que nunca perca o contacto do custo e do valor deles, mas também porque gosto de apoiar estúdios que precisam de todas as vendas possíveis para se manter em pé. Estes dois, são jogos que tive pena não ter comprado para mim antes, mas vem aí o Natal e de certeza que alguém vai ter uns códigos deles no sapatinho virtual.