“Ganhámos o jogo do ano em quase todas as categorias portanto tomem lá o vosso segundo DLC já disponível”

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Deve ter sido isto mais ou menos que o pessoal da Nintendo pensou na semana passada quando largaram a bomba. Foi fixe e inesperado. O DLC, não o facto de terem ganho quase tudo porque o raio do jogo merece.

Entretanto foi toda a gente a correr descarregar as coisas novas e atacar os novos desafios. A maior parte já acabou, outros ainda devem estar a tentar fazer alguns shrines e tentar conseguir a mota, sim porque o Link agora tem uma mota, mas vou deixar esta parte para o fim.

Um pouco Akira demais, não?

Eu fui um pouco agressivo quando critiquei a primeira parte do Season Pass porque achei, e continuo a achar que era muita parra para pouca uva, e agora que já joguei a segunda parte, acho isso ainda mais. Sobre a primeira parte, a segunda vale bem a pena.

Comecemos por pelas partes chatas, roupas e cenas. Temos mais fatos e chapéus para ir buscar, mais uma vez sem utilidade a não ser decorativa. O fato da guarda real é bem bonito mas o meu favorito é mesmo o do Phantom Ganon, mas são só puramente fan service porque não têm grande utilidade e criaram uma falha no sistema porque se compraram todas as jóias e máscaras etc. não há slots no inventário para tudo.

Falha de planeamento Nintendo, tsc tsc…

Estas provas de Dressage estão cada vez mais evoluidas.

Por outro lado, e com bastante utilidade temos um conjunto de sela e brida? Rédeas? Há um nome para o capacete do cavalo? Uma armadura de cavalo com o estilo da armadura de guardian que nos permite chamar o nosso cavalo em qualquer lugar, teleportando-o directamente. Pode parecer pouco mas uma crítica que muita gente tinha ao jogo era que se andava pouco a cavalo, porque se trepava muitas montanhas, este equipamento corrige essa pequena falha, deixamos o cavalo no sopé e quando chegamos ao topo ou ao outro lado assobiamos e bam!, ele está sempre acessível. O único problema que tenho é que não posso por na Epona porque tem um conjunto exclusivo. É uma falha mas pequena.

E a Balada dos Campeões propriamente dita?

Ah, como diria o bardo, é aqui que o enredo se torna mais denso. Vamos por dois caminhos, o técnico e o da expectativa.

Sem querer fazer muitos spoilers a quem ainda não jogou só temos acesso ao conteúdo de Ballad depois de completar as quatro Divine Beasts, e temos que ir a um local onde nos dão uma arma nova ao accionar o desafio, esta arma nova “The Obliterator” tem a capacidade de derrotar qualquer inimigo com um único golpe, mas tem a contrapartida de nos fazer o mesmo, todo o mundo se torna um jogo de toca e morre. Ao contrário da versão evoluída de Eventide Island feita na Master Sword Quest, este pormenor muda mesmo a nossa mentalidade e obriga-nos a pensar de um modo diferente, como fazer a aproximação de qualquer desafio nesta fase do jogo. E é isto que faz com que a segunda metade do jogo renda, a sua capacidade de não só nos fazer mudar o esquema mental com que enfrentamos os inimigos, mas também nos novos Shrines e desafios que nos apresenta deste ponto em diante. Enquanto alguns dos 120 Shrines originais eram apenas repetições do mesmo esquema, estes novos são inovadores, e ao mesmo tempo familiares fazendo-os acima de tudo usar ao máximo as capacidades de Link e do seu iSheikah Phablet. É uma espécie de best-off de lados B de Breath of the Wild.

Rasenshuriken!

O que tenho visto é muitas críticas ao conteúdo histórico de Ballad of the Champions, e também de Breath of the Wild no seu geral. Muitos queriam que Ballad fosse uma continuação de BotW após a derrota de Ganon, e outros esperavam que tivesse um pouco mais de carne no osso em termos de narrativa. Eu queria um bom anexo ao jogo e novos desafios. Dos três acho que sou quem sai mais satisfeito.

Ballad of the Champions dá um pouco, mesmo pouco, de background à relação dos campeões com Zelda e Link antes destes enfrentarem Calamity Ganon. Mas isso para mim como todo o resto é um meio para um fim. Sim, é muito giro saber coisas mas não é essencial. Quase toda a gente criticou a falta de história de Breath of the Wild e o facto de não ser linear, contudo essa é a essência de Zelda, e a crítica vem de expectativas parvas e irrealistas. Nunca ouvi ninguém falar de um Legend of Zelda e dizer “O Windwaker tem uma história brilhante!” ou “Skyward Sword tem uns personagens e diálogos de uma complexidade incrível!” porque são coisas que não importam num Legend of Zelda. Ninguém se lembra dos nomes dos personagens, ninguém se lembra da história mesmo que seja linear. Querem fazer um teste? Com coisas fáceis:

Como se chama a avó e irmã de Link em Windwaker?

Qual é o enredo de Skyward Sword?

Midna é Princesa de que reino e porque o perdeu?

Quem são os Sages de Ocarina of Time?

Melhor avó de toda a ficção em qualquer género ou plataforma!

Ninguém se lembra destas coisas todas porque eram secundárias, mas se perguntar como se sentiram a primeira vez que tentaram infiltrar-se na fortaleza de Windwaker qual Snake num Metal Gear ou como tiveram que conter as lágrimas na despedida da ilha e da avó? As transformações em lobo, a frustração do Temple of Water ou apanhar o jeito do motion control em Skyward Sword? Todos esses momentos e outros estão gravados na memória. Há momentos de história como o da avó ou o noivado de Ocarina que são memoráveis, e Breath of the Wild também os tem mas o resto da história é palha, o que marca um Zelda é o jogo em si, são as lutas, as cavalgadas ou navegações, os enigmas, e isso Breath e Ballad fazem-no muito bem.

Breath of the Wild tem uma estrutura única em todos os seus campos que permite ao jogador desde o primeiro momento fazer o que quiser, é por isso que a história é solta e cheia de buracos, porque tem que ser, somos nós que temos que a encher se quisermos. Se não fosse assim era um “open-world” igual a todos os outros. Coisa que não é. Todos os Legend of Zelda são baseados no original e no conceito de Miyamoto para esse jogo, o de uma criança/jovem que explora a floresta mais próxima imaginando aventuras. Ao longo dos anos a imaginação foi tendo cada vez menos espaço para trabalhar, mas neste ela está à solta, pode andar por onde quiser.

Quando éramos crianças e brincávamos com bonecos e/ou amigos não tínhamos histórias completamente escritas, tínhamos pontos, “eu sou isto, tu és aquilo e vamos fazer cenas” o resto criávamos aos poucos, Breath of the Wild dá-nos este isto e aquilo, o resto enchemos nós. Todos os Zeldas deixam-nos ser crianças outra vez, mas BotW fá-lo sem restrições e Ballad of the Champions assiste a jogada, não podemos pedir mais que isso.

Para acabar, por alguma razão Link tem acesso a uma mota com tecnologia de Guardians, e eu não tenho problema nenhum com isso, até agora o jogo já me deu lasers, um tablet, uma moto-serra e uma t-shirt da Switch. Uma mota?

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