Se alguém vos disser que a coisa que mais gosta é de jogar no telemóvel e usar os on-screen buttons, podem logo à partida dizer que a pessoa mente com todos os dentes que tem na boca (se tiver algum, é claro). E se atirarem essa pessoa à água é possível que ela flutue na água como algodão.

Independentemente de qual o jogo do qual estejamos a falar, a verdade é que todos nós (gerações pré-ecrãs tácteis) crescemos com o prazer sensorial dos botões, e eles são, em muitos aspectos, razões make it or break it para apostar num periférico específico. Por exemplo, qualquer amante de retro tem uma série de perguntas-tipo sobre sensibilidade de botões metidas no tambor da arma quando está disposto em apostar em comandos que não conhece.

Tendo isto em conta, e depois de termos admitido que já tínhamos encomendado da China uns comandos genéricos há uns anos para conseguirmos sequer encarar o telemóvel como uma opção válida para videojogos – especialmente com a quantidade de jogos Android que vamos comprando em bundles – eis que nos chegam às mãos dois comandos da SBS para experimentar.

Conhecia a marca por saber que ela é quase omnipresente nas Worten do nosso país, mas por estarmos tão habituados a periféricos mais “conhecidos” do mercado de gaming é fácil ficar com um pé atrás, em especial com os preços que os dois comandos que recebemos têm.

É natural para quase toda a gente esta desconfiança. O pensamento quase automático de que “se é barato é porque é mau” se não conhecermos os produtos, mas se for uma marca que conhecemos ficamos entusiasmadíssimos com a oportunidade e a promoção do produto. Os dois comandos do qual falamos neste artigo podem sofrer deste problema, mas de forma totalmente injusta: e rapidamente percebemos que o difícil equilíbrio entre preço e qualidade é aqui atingido.

Começando pelo mais barato, que podem facilmente encontrar a 29,99€ em qualquer loja (até a online da marca): se há coisa que sentimos com os muitos comandos para mobile que já experimentámos é que é raro o clip que suporta o telemóvel ser estável quando falamos de periféricos abaixo dos 50€. Este modelo vem contrapor-nos esta opinião, surpreendendo pela sua leveza e ao mesmo tempo pela sua estabilidade, e a capacidade para manter o telemóvel imóvel como se ambos fizessem parte do mesmo dispositivo. Curiosamente este comando pode facilmente ser adaptado para PC, e se o clip de suporte de telemóvel incomodar basta-nos que o retiremos já que este é amovível.

Os botões do lado direito são extremamente leves ao serem pressionados e são praticamente silenciosos durante a sua acção. O d-pad, apesar de responsivo, sofre um problema de construção que é o facto da cruz do botão deslizar ligeiramente sob o plástico do comando, e talvez necessitasse de ser menos móvel para se equiparar à qualidade dos analógicos.

Para além da ergonomia do comando cujo desenho rapidamente acompanha a curvatura das nossas mãos em posição de segurar, são realmente os botões analógicos um dos pontos altos deste comando. Extremamente sólidos na sua utilização, com uma excelente tracção de movimento, comprovam que a qualidade geral do comando é facilmente atingida naquele que é o calcanhar de Aquiles de periféricos de preço mais acessível, onde os analógicos são com frequência o pior. Mas não aqui, e estes analógicos são possivelmente dos melhores que já utilizei sem ter em comparação os comandos das três consolas “grandes”.

O único entrave deste comando, para além do seu tamanho que não o torna muito portátil para transportes públicos, é que necessita de ser conectado através de cabo ao telemóvel (ou ao computador) para funcionar, e aí talvez resida o seu preço mais reduzido.

Mas a justificar o preço mais elevado e a tornar-se o meu comando ideal para jogar com telemóvel, temos o modelo um pouco mais caro (podem comprá-lo por 49,99€ em qualquer grande superfície, e até online).

As diferenças para o outro são óbvias. Se mantém a excelente qualidade dos analógicos, botões do lado direito e triggers, consegue apresentar-nos um d-pad estável, mas responsivo, com bom feedback para os movimentos, passando até o teste dos 2D fighting games.

Os triggers são mais ergonómicos que o comando da outra versão e enquadram os standards de design dos comandos de PS4 e Xbox, com os L2 e R2 a servirem de verdadeiros gatilhos, com a curvatura para o “repouso” dos indicadores.

O seu tamanho e leveza são um dos elementos mais surpreendentes. O clip de suporte do telemóvel está completamente integrado no design do próprio comando, e consegue suportar o meu telemóvel de 6’’ sem qualquer dificuldade, mantendo-o estável mesmo em andamento. Tudo isto num comando que não só é mais pequeno que o meu telemóvel, como é muito mais leve.

Parte do interesse deste sub-mercado de periféricos para mobile reside na eficácia da sua portabilidade, e este comando responde a isso perfeitamente. E sem necessidade de fios de conexão ou qualquer add-on, sendo literalmente plug and play no telemóvel ou PC através de Bluetooth.

Este é um dos comandos mais interessantes que já tivemos contacto e é ideal para jogar on the run, onde o peso e a dimensão do comando importam para que ele seja verdadeiramente portátil. Com botões e analógicos de extrema qualidade, num design compacto e ergonómico (ou não fosse a SBS italiana) este é a solução perfeita para quem quer ter o seu telemóvel como consola de jogo e continua, como toda a população sensata que habita a face da Terra, a querer sentir a parte sensorial de carregar em botões, e não apenas de esfregar os polegares num ecrã. Num comando que não sendo um Transformer cabe facilmente no bolso, tal como o nosso próprio telemóvel.