A Hora do Meh#18

Brindemos à última A Hora do Meh… do ano…

Olhando para o título era exactamente isto que desejaríamos. Depois de tanto shovelware a encher as prateleiras virtuais do Steam, que este fosse o último artigo da rubrica “A Hora do Meh” de sempre. É o último, mas de 2017, que a continuar a tendência deste ano há muito jogo perfeitamente mediano a sair no mercado para 2018.

Guppy

Por alguma razão que eu não consigo perceber qual é, o pessoal do estúdio ninjadodogames desenvolveu um jogo de simulação de peixes e colocou-o à venda no Steam, e tendo em conta que Guppy tem algumas avaliações, quer dizer que há gente que o comprou, e que decidiu atirar janela fora os 2,99€ que ele custa.

Guppy é bonitinho com o seu aspecto de aguarela, mas isto é tudo o que de positivo temos para dizer sobre ele. De resto controlamos a cauda do peixe carregando alternadamente para a esquerda e direita e é isso, enquanto procuramos comida e tentamos não ser comidos. Não há mais nada para fazer que não isto. O equivalente em videojogo de olhar para o chão durante 2 ou 3 minutos.

Abrimos a garrafa de champagne do réveillon de 2018 uns dias mais cedo e despejamo-la inteira no tanque onde Guppy nada livre e despreocupadamente. Apenas para o vermos a contorcer-se enquanto as guelras digitais tentam separar o oxigénio de um vinho espumante.

Slashers: the Power Battle

Lembram-se dos magníficos 2D fighting games brilhantemente animados que fizeram parte das nossas memórias das máquinas de arcadas, e que têm tido um revivalismo estrondoso no Steam e no Japão com estúdios como Ark Systems Works? Então esqueçam essa comparação, que Slashers: the Power Battle queria sê-lo mas não consegue.

Slashers não é mau, mas tem ainda tanto para aprender. Não só nos problemas que sentimos ao tentar executar golpes, com as meias-luas e afins a não serem devidamente resolvidas, como pela perfeitamente amadora direcção de arte que possui. É curioso como muitos dos jogos nos quais este jogo do estúdio Stun Games se inspira já faziam um melhor serviço há mais de 20 anos do que aquele que ele atinge, com toda a evolução e democratização da tecnologia como ela existe.

O grande problema de Slashers: the Power Battle é que neste momento em Early Access ainda parece excessivamente um protótipo, e a julgar por quão “finais” já são alguns personagens, este é o estilo de ilustração e animação que vão aplicar até à versão final. E que soa demasiado como algo que um tipo do secundário com algum jeito “para os bonecos” faria do que um jogo comercialmente vendável.

Pegamos num saca-rolhas, inspirados por toda a euforia do Fim de Ano e numa história real que todos conhecemos para duelar com Slashers. Este tenta fazer um golpe especial mas os comandos estavam mal programados e acabou apenas por andar para a frente sem atacar. Desferimos um ataque com o saca-rolhas e fazemos um critical hit a Slashers, desfazendo-o em ilustrações banais.

Soldiers of the Universe

Admito que cai neste jogo ao engano, com as boas lembranças desse hit do cinema de acção dos 1990s protagonizado por Van Damme e Dolph Lundgren. Mas não, o que Soliders of the Universe tem é exactamente o oposto, e uma das coisas mais genéricas que tive a infelicidade de tocar neste final de ano.

Há muitos géneros hiper-saturados no Steam, mas “story-driven first person shooters” é capaz de ser o que há mais. Não sei se esta é uma conclusão negativa que podemos retirar da democratização de acesso a ferramentas profissionais como o Unity, ou se simplesmente há muita gente que vai seguindo tutoriais, dá por si a ter um “jogo” terminado, e só por acaso coloca-lhe o rótulo de FPS narrativo.

Soliders of the Universe é igual a dezenas de outros jogos medianos e medíocres que por aí há, e surpreende-me que hajam pessoas que percam o amor a 14,99€ para o comprar. Há tantas caixas de outros ácidos acetilsalicílicos genéricos mais eficazes para comprar por este valor.

Soldiers of the Universe vem a correr para nós com uma arma em punho que sabemos retirada de um daqueles bancos de assets gratuitos para Unity. Conseguimos retirar-lha da mão, e aproveitando o som do fogo-de-artifício e das 12 badaladas, garantimos que mais ninguém tenha de conhecer uma experiência tão medianamente mediana como este jogo.