Torna-se difícil inovar quando há centenas de jogos a serem lançados semanalmente. É compreensível que haja jogos cuja originalidade não seja o seu principal selling point. Recession mostra um pequeno laivo de originalidade ao propor um multiplayer assimétrico. 4 contra 1, numa espécie de Evolve em que há 4 bandidos para um Roboc… super polícia. A missão dos bandidos? Arrombar um cofre, apanhar sacos de dinheiro e devolvê-los à sua carrinha estilo A-Team. A missão do polícia? Falecê-los a todos. O conceito parece interessante. Os bandidos quedam-se no chão inanimados, quando abatidos. O polícia renasce pronto para a batalha segundos depois. Mas é curto. É pouco. Mesmo descontando o facto de ser, ainda, um Early Access, torna-se difícil justificar os 10€ pedidos por um jogo neste estado. Torna-se difícil justificar os 6€ até, uma vez que o jogo se encontrou em promoção agora pelo Natal.

Não está morto. Está à espera de uma renderização.

Não é que o jogo faça algo particularmente mal. Não faz. Há batalhas. Há um grafismo low-poly que pode ser assumido como uma imagem de marca e não como um clone do Counter-Strike pré 1996. Há alguma diversidade de armas. Há objectivos. Mas é curto. Os mapas são curtos demais para que a acção adquira profundidade suficiente para se tornar envolvente. Um erro no início e uma missão pode revelar-se virtualmente impossível logo desde aí, para um lado ou para o outro. A decisão de 4v1 pode tornar a acção interessante para os bandidos, mas para o polícia solitário a inexistência de um desafio táctico e de colaboração faz perder o interesse que o facto de sermos uma espécie de Hulk poderia adicionar.

Não é, assim, um jogo envolvente ou que cative a jogar. E aqui temos uma pescadinha de rabo na boca. Não há gente a jogá-lo. Lançado em Julho de 2017, não nos foi possível, meses depois do seu lançamento, encontrar um único jogador disponível para dar uns tiros connosco. Assim, vimo-nos forçados a enfrentar a inteligência artificial dos bots, uma e outra vez. Louva-se a inclusão de bots. Condena-se a visão estritamente multiplayer do jogo, sem uma vertente campanha para agarrar o jogador. Ora se não há gente a jogá-lo e sendo forçados a jogar contra bots, o interesse em jogá-lo diminui… e outros que venham a seguir a nós encontrarão apenas bots como adversários porque, pela nossa parte, há muito que pousámos o jogo e seguimos para outro.

O grafismo até poderia funcionar, como algo Kitsch revivalista,,, mas falta muita coisa para que o jogo funcione

Para um polícias versus ladrões, há alternativas melhores, mais capazes, mais completas. Para FPS, há um sem-número de alternativas viáveis. Para multiplayer assimétrico, mais do mesmo. Recession falha, assim, em conseguir encontrar um nicho viável para se mostrar e crescer, e entra em recessão bem antes de sair do seu Early Access.