Apesar de algumas falhas, e do aparente silêncio ou relativo desprezo do mercado em relação a Steep, a verdade é que gostámos bastante da experiência que a Ubisoft nos trouxe, fazendo-nos lembrar o que de melhor o SSX nos deu nos tempos áureos dos jogos de desportos radicais. É aliás aí que Steep surge: no espaço deixado vazio pelos já 6 anos de ausência de um novo título da famosa série desenvolvida pela EA Canada.

O anúncio de uma nova expansão para Steep correlacionada com os Jogos Olímpicos de Inverno a decorrerem no próximo mês de Fevereiro na Coreia não foi surpresa para ninguém. É perfeitamente natural que uma companhia da dimensão da Ubisoft conseguisse negociar um título destes, e por isso termos visto Dezembro a oferecer-nos Steep: Road to the Olympics é perfeitamente natural, criando a pista nevada ideal de preparação para o evento real já em Fevereiro.

A introdução de mais que uma mão cheia de novos eventos e modalidades a associarem-se ao espírito base de Steep é uma mais valia, ainda que esta expansão (que poderia perfeitamente ser um standalone não fosse a necessidade de possuir o jogo original para o jogar) quase que mude diametralmente o conceito o próprio jogo. 

Steep surpreendeu-nos por apostar num mundo aberto, mas não apenas pela sua abertura, mas sobretudo porque o compromisso de como abordar este jogo depende exclusivamente das nossas decisões. Road to the Olympics vem mudar bastante isso. Focando-se (obviamente) em tudo o que antecede umas Olímpiadas de Inverno e no evento em si, o nosso objectivo é traçarmos uma linha sólida entre o apuramento e vencermos uma medalha de ouro nas diversas modalidades.

O objectivo em Become the Legend é semelhante a muitos dos modos de história dos jogos desportivos: começar como um total desconhecido e terminar como um tri-medalhista de ouro. Pelo meio da nossa progressão e do nosso treino vamos tendo vídeos reais com atletas olímpicos reais e que vão dando a sua perspectiva e o seu ponto-de-vista do quão duro é todo o processo, e a entrega total aos desportos na neve (e não só) que possuem.

É claro que existe um desequilíbrio claro entre os momentos verdadeiramente imersivos e profundos destes testemunhos em primeira voz dos atletas e forma como os eventos que lhes procedem parecem ritmicamente fora de tempo e desconexos. A interligação entre as entrevistas e os momentos de jogo propriamente dito parecem não encaixar com a dinâmica compassada dos discursos directos dos atletas, em vídeo, como se o conjunto não fosse mais do que a soma das partes.

Em relação às melhores modalidades introduzidos neste Road to the Olympics, é indubitável que a adrenalina de muitos deles (como Downhill e Big Air) tornam-nos num ambiente ainda mais competitivo do que os desafios criados no jogo original. Steep ganha com este aumento brutal de diversidade mas também em tom: se o primeiro jogo era mais exploratório e (quase) introspectivo (apesar da parte competitiva de cumprir objectivos, tempos e pontuações), esta expansão traz-nos a competitividade em evidência.

A nova montanha é física e visualmente impressionante, e com zonas mais íngremes do que o terreno do primeiro jogo, contribuindo para um aumento do thrill associado a cada um dos desafios.

Tantas vezes criticamos as expansões por serem meros cash-in dos seus jogos base. Mas Road to the Olympics relembra-nos as origens desta prática e estende em muito Steep para além do bom jogo que ele era. Trazendo muitas novas modalidades, mudando o cenário para outra cordilheira igualmente detalhada e de cortar o fôlego, ainda consegue implementar uma estrutura linear de modo single player e os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 à mistura. Apesar deste última ter problemas de interligação entre as partes, são as excelentes e variadas adições que Road to the Olympics traz para a panela que o transformam numa aposta segura e obrigatória para quem já tinha algum interesse em Steep. E convenhamos: esta é uma adaptação mais divertidas deste evento do que as últimas e desinspiradas tentativas com o Mario e o Sonic.