Caçada Semanal #130

Recomendar ou não recomendar, eis a questão: Será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e setas

Com que a internet, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Comprar… Jogar: não mais.

Indies, aquele universo que exploramos constantemente aqui na capoeira e cujas opiniões são sempre complicadas. Avaliar um indie é sempre complicado porque nunca temos a mesma medida para cada um. Nunca sabemos o que vai ser o ponto chave da avaliação, enredo, jogabilidade, originalidade? E depois vem a parte da recomendação, devemos fazê-lo? Há uns casos em que o fazemos porque merece em todos os aspectos, noutros por uma ou outra particularidade, e outros pelo esforço dos criadores ou originalidade, há sempre aqueles que não se pode recomendar, como se dizia antigamente no campo literário, não valem o papel em que estão impressos. Os dois jogos de hoje são aqueles que me deixam sem dúvidas.

Street Heat é um jogo de corridas top-down multiplayer ao estilo de Micro Machines e semelhantes mas bastante longe da qualidade de Mantis Burn, por exemplo. O estilo neon que contrasta com a maioria preto e branco é engraçado e dá um destaque a alguns dos carros mas por outro lado torna a visibilidade em algumas secções de pistas complicada. O maior problema que encontrei aqui nem foi esse, há vários jogos nos quais a visibilidade é ocasionalmente obscura e não é por isso que os torna piores. Os maiores pecados de Street Heat são sem dúvida a falta de originalidade disfarçada numa capa pseudo-retro, e a péssima jogabilidade.

Jogos deste estilo, requerem um controlo minucioso de pivot para serem no mínimo funcionais, em Street Heat os comandos são frustrantes e na maioria dos casos dos primeiros jogos passava mais tempo fora de pista a tentar voltar à mesma e recuperar o máximo de tempo perdido ou mesmo caído numa ribanceira até os outros acabarem.

Por €7.99 não consigo recomendar este jogo.

Tales of the Lumminai um JRPG que tenta ser mais do que consegue, tipo aquele miúdo do Danoninho mas falta-lhe mais que “um bocadinho assim”.

Um RPG de sucesso precisa de certas coisas, uma delas tal como o jogo anterior é a jogabilidade, mas acima disso é a história, o enredo. Quando não está lá não há nada que o salve mesmo que a ideia seja boa.

Em Tales of the Lumminai, há uma tentativa de jogo duplo, controlamos dois personagens em dois mundos diferentes que se juntam. Fazendo as histórias em paralelo, as decisões do primeiro têm repercussões no segundo, é algo que não é muito tentado porque é difícil fazer, é difícil fazer com que as decisões de um tenham consequências quanto mais em dois mundos. Escrita de enredo e criação de mundos é crucial num jogo destes e sem bons alicerces pelo menos é impossível criar um bom RPG.

Tendo em conta que falha em agarrar-nos e tornar a viagem interessante, Tales of the Lumminai não é recomendável, mesmo ao preço de €6.99.