O setting, que é como quem diz “o ambiente narrativo onde decorre a acção” é algo que, idealmente, é decidido na conversa inicial antes da primeira sessão entre o DM/GM e os vários jogadores. Seja um ambiente de fantasia a lembrar O Senhor dos Anéis algo mais futurista como Blade Runner ou Deus Ex, ou terror psicológico como Silent Hill, são tudo ideias que devem ser debatidas inicialmente para que não haja confusões futuras.

Com o setting escolhido, resta então delinear toda a acção, seja ela curta para um one-shot ou extensa o suficiente para preencher uma campanha. Independentemente do formato, é importante que os vários aspectos narrativos sejam coesos. A título de exemplo, no início de uma aventura os jogadores cruzam-se com um determinado NPC. Trata-se de um homem com cerca de 35 anos de idade, voz forte e estragada por anos de tabaco e álcool e uma horrenda cicatriz que lhe corta a face numa diagonal imperfeita. Futuramente cruzam-se com o mesmo NPC mas sob uma descrição totalmente diferente: 25 anos de idade, longo e esplendoroso cabelo loiro, face imaculada e uma voz celestial. A não ser que haja uma boa razão para que esta súbita mudança exista, é importante garantir que as várias linhas narrativas sejam coesas (uma boa forma de assegurar isto é tomando notas, principalmente em situações em que as personagens são criadas no calor do momento).

No que toca aos jogadores, algo semelhante se pode referir. Quando falamos de jogos de RPG de mesa, estamos a falar de mundos onde os limites são impostos pela nossa imaginação. Contudo, é importante não fugir ao que se concordou previamente. Num enredo focado numa Londres vitoriana, se calhar não faz muito sentido criar uma personagem com membros biónicos. Da mesma maneira que um cowboy com carregado sotaque do Texas não se enquadre lá muito bem numa aventura medieval. Ambos são perfeitamente possíveis de implementar, simplesmente acabam por levar a um esforço acrescido da parte do DM/GM e restantes dos jogadores para justificar a sua presença em tal ambiente.

Fugir das regras e cometer algumas loucuras não tem problema nenhum. Contudo, é sempre bom ter a certeza de que estamos todos na mesma página e a desfrutar em pleno da mesma experiência.