Durante muito tempo (e ainda um pouco quando posso) pratiquei a complicada arte de meditação. Aquilo que julgava ser fácil foi um dos treinos mais difíceis que tive e que foi crucial para o meu bem-estar físico e mental. Foi algo que, pedindo perdão pelo cliché, me trouxe paz interior e uma calma que nunca julguei possível atingir. Obviamente que tendo uma grande vertente bélica o meu método preferencial de meditação era feito num campo tiro disparando um longbow, a técnica de respiração e repetição calma e metódica dos movimentos é perfeita para isso, pelo menos para mim, foi uma viagem de exploração interior que ainda tem zonas por descobrir, InnerSpace também é centrado em exploração interior mas de um outro modo.
Se há pessoal que acredita que o planeta Terra é plano, então o que dizer de um planeta invertido em que estamos dentro de uma espécie de abóbada infinita, ligada a outras para explorar ao máximo? InnerSpace dá-nos a oportunidade de comandar veículos voadores DaVinciescos para recolher relíquias perdidas nos espaços que vamos abrindo. À primeira vista achei-o muito semelhante com um jogo que analisei recentemente; AER – Memories of Old, mas depois de começar a jogar percebi que as semelhanças são apenas o estilo gráfico, a exploração e usarem o voo como base principal de locomoção. São como abóboras e tomates, a única semelhança que têm é ambas serem fruta.
Enquanto AER é uma viagem de peregrinação com um motor de voo altamente inspirado no de Legend of Zelda Skyward Sword, InnerSpace é um simulador mais puro em que os próprios comandos são muito mais “flight simulator” de viragens, controlos de altitude e até rotações é muito mais desafiante controlar as aeronaves nestes mundos em que o “chão” fecha o nosso espaço em quase todas as direcções. É um bom desafio, mas foi um desafio frustrante de início, talvez porque tenha ido com uma ideia pré-concebida de encontrar outro calmante em forma de jogo. Com o tempo, não foi preciso muito, comecei a gostar mais dele. A exploração é interessante porque temos que inverter a nossa mentalidade da mesma maneira que o cenário está também invertido.
Ao explorar os cenários, os imensos “mundos” por onde podemos viajar em InnerSpace, recolhemos ícones de vento e relíquias: são estas peças que nos permitem criar novos designs para as nossas máquinas voadoras dignas de gloriosos e saudáveis loucos. Estas novas criações são às vezes obrigatórias porque necessitamos de habilidades específicas para atingir certos objectivos, raramente são apenas estéticas. As possibilidades neste jogo são imensas, podemos ter o objectivo puro de encontrar as relíquias ou apenas voar, explorar os céus fechados sem medo de chegar próximo demais do sol.
InnerSpace é um jogo interessante para um público específico, uma espécie de Flight Simulator super light, ou mais arcade se preferirem. Pode ser uma distração suave durante horas ou então um veiculo para um viagem ao centro no nosso ser.
