Falando precisamente de jogos que caíram vítimas das minhas aventuras por terras do streaming na primeira edição do Caça ao Indie no Twitch, Bridge Constructor Portal foi o tema de abertura e aquele com o qual iniciei as hostilidades desta rubrica em vídeo.

A primeira surpresa deste título é a de percebermos a abertura da Valve para ceder a utilização de propriedade intelectual tão poderosa como Portal e uma editora indie alemã como a Headup Games. Esta é uma editora que bem conhecemos (até pessoalmente) e que temos acompanhado e analisado detalhadamente o seu catálogo, e ainda que tenham qualidade em muitos dos seus títulos, a realidade é que a surpresa desta união passa mais pela diferença de escala do que pelo profissionalismo. Mas ainda bem que houve abertura para cruzar uma série tão divertida quanto Bridge Constructor, herdeira da lógica tornada famosa pelo primeiro indie (digno desse nome) que joguei o World of Goo (que está a fazer 10 anos este ano).

O conceito de Bridge Constructor não poderia ser mais simples: criar estruturas que sejam estáveis, sólidas, bem-suportadas, e que permitam a veículos cruzarem-na sem qualquer risco. Tudo o resto é diversão e Física em acção de forma hilariante, com os pressupostos a serem muitas vezes menos bizarros do que as nossas próprias soluções.

Bridge Constructor Portal leva este conceito simples de criação de estruturas para o universo do famoso jogo da Valve. Não nos basta pensarmos nestes puzzles de Física do ponto de vista estrutural, temos também de adicionar os pré-colocados portais na equação e resolver o desafio crescente deste jogo.

É claro que partir para este simpático indie puzzle game de Física e construção de pontes à espera da capacidade subtil e coesa de criação de narrativas paralelas da Valve é um erro. Por muito que Bridge Constructor Portal se integre neste universo não deixa de ser um puzzle game dentro destes pré-conceitos, o que significa que ainda que exista a presença quase omnipresente da GLaDOS e dos restantes elementos da Aperture Science, a sua inclusão é mais mecânica e racional que narrativa.

Para quem já jogou os Bridge Constructor anteriores, como nós, vai sentir que a inclusão dos elementos de Portal foram magnificamente assimilados. Os abismos com líquido tóxico, os portais multi-coloridos (estendendo o azul-laranja para múltiplos portais com cores diferentes para complexificar o trajecto), os Companion Cubes, os lasers e os interruptores, todos eles foram introduzidos de forma natural na lógica de Bridge Constructor.

Mecânica e construtivamente lógico e rápido de compreender, ninguém precisa de conhecer qualquer uma das duas séries que se fundiram neste jogo para conseguir jogá-lo. Com elementos de construção simples como vigas, estradas e cabos, o desafio é conseguirmos perceber a lógica e a Física necessária para que os caminhos que se ramificam com portais conduzam os veículos até à saída de cada nível em segurança. Pelo caminho vamos cometer muitos erros e alguns dos personagens-silhueta que os conduzem vão ficar pelo caminho e/ou ter mortes hilariantes.

Não acredito que alguém pensasse possível este casamento entre um título gigante como Portal e um simpático indie de PC e mobile como Bridge Constructor, mas a realidade é que esta união é brilhante, e divertida, resultando num excelente e desafiante puzzle game. Ao longo de 60 níveis a nossa frustração e raciocínio vai sendo exponencialmente posto à prova.

Para solucionar cada um destes puzzles podem optar por soluções divertidas como eu (como podem ver no nosso Twitch em diferido) que acho que estradas e pontes rectas são demasiado simplistas, e o jogo só deve ser resolvido com as soluções mais barrocas possíveis. As doses de humor aumentam, e é mesmo isso que espera de um título tão divertido quanto este.