Sou fã de bons Tower Defense e Dead Ground parece lavrar nesse campo, pelo que é com interesse que lhe pego. Com um grafismo pixelizado acima da média, Dead Ground coloca-nos na estrada numa pequena alusão a Banner Saga. Pequenos eventos aleatórios a interromper a nossa caminhada por uma terra devastada, seguindo-se pequenos confrontos que temos que ultrapassar.

A coisa funciona bem em Banner Saga. Não tão bem aqui em Dead Ground. Primeiro porque não há toda a envolvente de história que não só embeleza como é o cerne da vida de Banner Saga. Depois porque estamos a defender um caminho para não-sei-onde no meio da nossa caminhada, ao invés de defrontar inimigos em campo aberto.

Se pisarem fora da estrada, vem um polícia e prende-vos, seus bandidos!

Mas adiante, esse é o nosso terreno de jogo. Um caminho a percorrer. Um punhado de locais passíveis para aguentar com uma das nossas construções. Uma unidade – um anónimo “nós”, carregando armas e equipamentos – com movimento livre para apontar com o rato. E uma massa ainda mais anónima de hordas de mutantes, zombies ou outra coisa qualquer meio genérica… não sei bem o que são. Não acho que interesse também. São feios, porcos e maus. Mas ordeiros, porque caminham pelo trajecto pré-definido, sem se atropelarem uns aos outros e enfrentando metodicamente todas as defesas que lhes coloco no caminho enquanto eu vou debitando chumbo para cima deles.

É um encolher de ombros, quando jogos como Desktop Tower Defense ou Elemental TD (inserido no Dota 2), pelo menos incluem inimigos que dobram as regras, ou andando mais que os outros, ou sendo mais vulneráveis a determinado tipo de dano do que outros, ou mesmo voando, ignorando os caminhos definidos e esquivando determinado tipo de dano. Aqui é um bocado com Tudo ao Molho(™). Há bosses, sim, mas no tempo em que o joguei, não vi neles nenhuma característica peculiar, pelo que os fui eliminando um a um, sem apelo nem agravo.

Upgrades! Armas, equipamento, bónus! Só falta dizer que devolvem o valor do IVA!

A preparação tem componentes interessantes, com uma banda sonora colorida e bem trabalhada e um acampamento que nos permite decidir como será a próxima batalha, comprando e vendendo coisas que vão desde armas a tipos de torres ou funcionalidades extra para o nosso herói anónimo. É aqui que se distingue este Dead Ground, na forma como nos permite brincar com este setup prévio e bem trabalhado. Mais do que, diria eu, o gameplay propriamente dito, oferecendo um híbrido entre o tower defense e o shooter que não brilha em nenhum dos aspectos. Não inova – o que não é de admirar, dado o número de jogos já existentes dentro do(s) género(s) – e deixa algumas das boas ideias na sua fase de esboço, como poderiam ser o aproveitamento de uma história de fuga e uma pequena componente RPG.

Não é um mau jogo, de todo, e permite umas boas etapas de diversão casual com alguns bons salpicos de interesse aqui e ali. Mas pedir 9,99€ (está mais barato agora, com 25% de desconto) por um jogo que não brilha em nenhuma das coisas que se propõe fazer quando há alternativas gratuitas a fazê-lo bem, complica um pouco as coisas na hora da recomendação. Ainda assim, se gostam de jogos do género, dêem uma espreitadela!

Exemplo de um dos random moments que nos fizeram lembrar de Banner Saga. É pena ficarem-se por aí.