Caçada semanal #138

Houve ali uma fase de transição do novo milénio em que as paródias tiveram um segundo fôlego, seguindo aquilo que é para mim o auge do género nos anos 1980 com o trabalho de Mel Brooks e da parceria entre os Zucker e os Abrahms que se estendeu até à primeira metade dos anos 1990.

Essa tendência começada pelos irmãos Wayans e que iria degenerar num excesso de Hollywood (como quase todos os excessos de Hollywood) que viriam a fabricar paródias sensaboronas ao quilo, e que mesmo sem ser um produto de excelência, teve Scary Movie como melhor exemplo, ainda que distante da qualidade do que os precursores do género fizeram.

Os indies têm seguido mais ou menos esta tendência. Entre os primeiros relatos de que a Switch “até dava para vender” e ver uma série de jogos que já foram lançados no PC e que chegam hoje à híbrida da Nintendo à espera da terra prometida. Estes são apenas 3 desses casos.

Vostok Inc

Visto que Vostok Inc é uma recauchutagem tardia de PC, aproveito eu próprio para repescar o que tinha dito sobre ele há quase um ano.

Vostok Inc é um buraco negro. E como qualquer buraco negro, e citando o Arjen Lucassen pela voz do Bruce Dickinson, “nothing escapes not even light”. O que quer dizer que quanto menos damos por isso, lá foram horas à vida sem percebermos bem como, apenas com a consciência que o tempo acelera quanto mais próximos estamos de um buraco negro.

O estúdio Nosebleed Interactive decidiu pegar no equivalente de videojogos de um buraco negro, que são os clicker games e adicionar-lhe algo aparentemente impossível de colar: um twin stick shooter.

O conceito é simples: andamos com uma pequena nave a destruir outras naves inimigas e asteróides para apanhar algo que se assemelha a pipocas douradas, que são a moeda de jogo, e que reinvestimos em edifícios aplicados em diversos planetas que vão progressivamente gerando mais pipocas, no mais óbvio idle game que podíamos sentir.

Visto que Vostok Inc representa o nossos sistema solar (e não só) de forma bidimensional, e aí temos de seguir a trajectória heliocêntrica dos planetas para aterrarmos, recolhermos o dinheiro que o planeta gerou e construímos novos edifícios para gerar dinheiro passivo.

É simples de explicar e jogar, e as sequências de twin-stick shooter são divertidas o suficiente para nos deixar agarrados mais tempo do que devíamos. Um twin-stick shooter com idle game. O que é que falta inventar?

TorqueL

Originalmente lançado nas plataformas da Sony e no PC, TorqueL é um pequeno indie desenvolvido por um pequeno estúdio japonês chamado FullPowerSideAttack.com, porque nada grita mais indie do que o nome do tua empresa ser simultaneamente o seu URL. Coloquem-lhe um bigode e programem em cima de um monociclo e temos o apogeu do hipsterismo.

TorqueL é um jogo hiper-simples em que o foco recai sobre a Física. À volta do protagonista está um quadrado com arestas todas de cores diferentes, cada uma delas ligada directamente a um dos quatro botões. E porquê? Porque ao carregarmos no botão correspondente sai uma barra poligonal dessa cor que nos ajudará a chegar a sítios mais elevados e afins.

Os criadores tinham como intenção que utilizássemos o ímpeto e a Física associada a cada uma das arestas para nos locomovermos, mas queria aproveitar esta oportunidade para dizer à Taylor Swift que a vou deixar terminar, mas que o álbum da Beyoncé é o melhor do ano. E também que inadvertidamente quebrei TorqueL da forma mais preguiçosa possível.

Ao invés de utilizar múltiplos botões para servir de “roda” percebi que me bastava ficar a carregar sempre numa cor para que a Física me fizesse ultrapassar os obstáculos com uma espécie de pêndulo.

Peço desculpa por isto. E à Taylor também.

Twin Robots

Falando em Puzzle Platformers, Twin Robots é um desafiante jogo deste género que nos coloca a missão de conseguir chegar ao final de cada nível, pelo menos com um dos titulares robots.

No início de cada missão um dos robots começa encarcerado e sem energia, e a missão do outro é de o soltar e de chegar à meta. Aproveitando as notícias do dia, a melhor metáfora que podemos fazer para explicar Twin Robots é pensar que no início de cada nível temos Paulo Gonçalves preso, Luís Filipe Vieira cá fora, e a meta é tornar o Benfica campeão, não importa como.

O trajecto de Twin Robots é só por si só engraçado. Lançado originalmente na Ouya em 2014, e indo parar em 2015 ao PC, vê agora chegada a oportunidade em 2018 de ser lançado na Switch. Quase a tempo de fazer o penta.