Há um reflexo pavloviano em mim quando vejo promessas de X-em-1 associados a videojogos. Sei bem a origem deste condicionamento que deve ser transversal a muitos dos nossos leitores da nossa geração: as famiclones e os cartuchos menos “oficiais” que víamos à venda por todo o lado. A qualidade não era argumento de venda. A quantidade falava sempre mais alto.

Talvez seja esse o único apelo de 30-in-1 Game Collection: Volume 1, recém-lançado na Switch. Acenar-nos à frente dos olhos com um sucedâneo dos cartuchos de plástico de cores berrantes com autocolantes que praticamente nada diziam sobre o seu conteúdo, e que mesmo assim nos compeliam a comprá-los sem questionar.

Com isto não quero dizer que 30-in-1 Game Collection: Volume 1 seja inteiramente mau. É uma colectânea de mini-jogos, muitos deles que podiam ter tido o seu pseudo-apogeu nos tempos idos dos jogos Flash em browser. Muitos deles são meras reinterpretações de jogos que já bem conhecemos e que têm aqui uma roupagem nova.

Com 10 jogos iniciais que vão desbloqueando mais duas dezenas à medida que os vamos “quebrando”, o que senti é que esta colectânea passou o que apelidaria de “teste da sanita”. Nada do que existe aqui é genial, nem vai mudar a minha vida ou a vossa. Nada do que aqui está é inovador ou é uma resposta inteligente aos jogos dos quais faz pastiche. Uma colectânea destas serve, para quem quiser gastar os 14,99€ que custa, como uma companheira casual para sessões de reflexão no trono de cerâmica.

Falando justamente do preço, a “taxa Switch” mesmo para um jogo unicamente digital pode tornar as coisas a penderem para o lado da exploração. Seja ou não uma colectânea, parece-me um preço elevado para uma amálgama de mini-jogos que podemos encontrar individualmente e de forma gratuita nas lojas digitais do mercado mobile. Mas conhecendo a tónica que pauta muitos dos meus irmãos e irmãs-nintendistas, isso não é motivo de detracção suficiente.

Ainda assim, a melhor forma de olhar para este 30-in-1 Game Collection: Volume 1 e uma possibilidade para justificar o seu preço é olhá-lo como um putativo party game. Mas aí para jogarmos com outras pessoas, na sala, de preferência, ou na casa-de-banho se o vosso grupo de amigos tiver esse tipo de relação. Já que dezoito dos trinta jogos permitem sessões multijogador, e à falta de um Wario Ware ou um Mario Party, esta pode ser uma hipótese.

Voltando às analogias que usámos ao longo de todo o artigo: todos nós em alguma altura do dia (se tiverem um sistema afinado como eu) vão desejar ter à mão papel higiénico. À falta disso, e em caso de urgência, qualquer coisa serve, o que inclui, quiçá, uma folha de lixa. Não é o melhor para o que precisamos, mas se for a única coisa que temos à mão, é melhor do que nada. Se não ficou bem claro, 30-in-1 Game Collection: Volume 1 é a folha de lixa nesta história.