Seraph é um jogo que me chamou a atenção ainda estava nos campos de Early Access, mas na altura não o comprei, na verdade, não tivesse saído num bundle provavelmente continuaria perdido na minha Wishlist, o que seria um erro. Não era um erro grave como achar que membros de clubes de futebol ou partidos políticos alguma vez vão responder por crimes de corrupção na justiça por mais investigações que se faça, mas um erro mais do estilo “não sei como mas fui para a cama com a(o) minha(meu) Ex”. O chamado erro de distracção.

Não é um jogo brilhante, mas é um jogo bom, em relação à maior parte dos Shooting-Platformers ou run-and-gun que joguei nos últimos anos até podemos dizer que é muito bom, tem imensas coisas que o tornam único.

Aqui controlamos Seraph, um anjo caído num ambiente um bocado moderno demais que está cheio de demónios. Não tendo asas, a protagonista principal conta com duas coisas a seu favor, uma habilidade acrobática excelente e duas pistolas. Porque tudo é melhor com duas pistolas. Podemos ir apanhando outras pelo caminho, como espingardas automáticas, mas preferencialmente e no que diz respeito ao estilo dual-wielding é sempre mais fixe. O ambiente moderno com armas de fogo que envolve a luta entre anjos e demónios faz-me lembrar o filme Gabriel, com o falecido Andy Whitfield que fazia o papel de Spartacus na primeira temporada da série. É um filme banal, quase série B, mas dá para ver. Curiosamente é a segunda vez que falo em Spartacus esta semana devo estar com saudades de quando no trabalho tínhamos o “Speak like Spartacus Day”, era parvo mas distraia o pessoal.

De um ponto de vista generalista, começando pelo pior do jogo, é um shooter-platformer que tem pouco conteúdo de enredo. A falta de enredo não é negativa per-se, porque não é algo que se procure num jogo destes mas se tivesse um pouco mais não lhe fazia mal, no campo visual também falha um pouco às vezes especialmente no que diz respeito a plataformas que às vezes não se entende se é uma ponte ou uma abertura, portas ou paredes, uma pequena falha gráfica que pode ser danosa, ou mesmo fatal em alguns casos. Tirando isso tem vários pormenores muito positivos, começando com a já mencionada habilidade acrobática da nossa protagonista, que é favorecida por não ser necessário apontar as armas, esta benesse permite que nos foquemos só nos movimentos com a paz de espírito que os nossos tiros irão ser enviados para o sítio certo. Apesar do pequeno problema com as dual-guns se aparecerem inimigos de lados opostos em que cada arma será apontada para cada um dividindo assim a potência de dano, mas mesmo isso pode ser corrigido usando um lock-on. A ideia é bem conseguida pois eventualmente apanhamos os padrões de ataque dos inimigos e podemos assim usar os nossos movimentos para esquivar deles.

Às vezes dão-nos algo com uma mão e tiram com a outra, portanto ao dar-nos a benesse de não precisar de apontar para melhor evitar ataques, Seraph conta com níveis procedurally generated e dificuldade dinâmica, quanto melhor jogamos mais difíceis são os inimigos não só em “dureza” mas também no seu leque de habilidades e padrões de ataque. Portanto ao contrário de roguelikes, quando Seraph morre, recomeçamos de um check-point com o HP máximo reduzido e um corte na dificuldade, mas enquanto que podemos aumentar a dificuldade jogando, o nosso HP não sobe até à morte final em que recomeçamos o nível com outra disposição, tornando a possibilidade de replay maior e mais desafiante.

Em todos os campos podia ser melhor, mas mesmo assim é uma compra segura em saldos ou bundle, e ligeiramente arriscada de desiludir o jogador se esperar muito de um jogo a €13. Uma produção ambiciosa da Dreadbit que pode vir a desenvolver jogos muito bons se souberem aprender com os erros deste. Numa frase posso dizer que Seraph, é como o Superman com os seus poderes originais, pode não voar, mas salta por cima dos edificios mais altos.