Caçada semanal #140

Se abriram este artigo à espera de ler mais um rant sobre Peter Molyneux, lamento de antemão que a imagem ilustrativa do artigo vos tenha induzido em erro. O histórico/odiado/amado game dev não é o motivo deste artigo, nem tampouco os jogos dos quais vamos falar hoje têm alguma aura de controvérsia sobre si. Nem sequer é o início de uma frase de engate daquela que poderíamos aprender com Richard la Ruina, o criador e protagonista do Super Seducer. É apenas um pequeno trocadilho com os títulos de alguns dos jogos dos quais falamos nesta caçada semanal. 

Mas agora pensando bem, a história da queda e das estrelas é uma mistura de dois piropos de trolha bem distintos.

The Fall Part 2: Unbound

A sequela do – espantem-se – The Fall, volta a levar-nos para uma quase aventura gráfica onde controlamos uma Inteligência Artificial que se libertou de todos as constrições da sua programação. Apesar de estarmos “munidos” de livre-arbítrio, as restantes IAs do mundo não estão, o que dificulta a tarefa de invadir o corpo e a mente dos 3 robots que estão à nossa disposição ao longo desta narrativa.

O enredo, é, à semelhança do primeiro jogo, uma das grandes forças de The Fall Part 2: Unbound. A forma madura como o estúdio Over the Moon está a criar ao longo dos últimos anos esta história distópica sobre definição ética e moral de limites transforma-o numa das melhores experiências narrativas actuais do mercado indie.

A direcção artística segue o mesmo patamar de qualidade do seu antecessor, e utiliza da melhor forma este ambiente em 2.5D com muita escuridão a envolvê-lo, o que ajuda a compôr o brilhante quadro cyberpunk sequencialmente desenvolvido no mundo de The Fall.

RiftStar Raiders

Pegar nas ideias clássicas de twin stick shooters espaciais e transformá-lo numa experiência cooperativa multiplayer de até 4 jogadores é uma ideia de relevo o suficiente para garantir algum destaque a Riftstar Raiders, desenvolvido pelos Climax Studios.

São no total nove eventos com uma camada superficial de história que nos coloca no espaço sideral a distribuir tiros de plasma a tudo o que mexe e que não seja do nosso alinhamento. Uma espécie de de Congresso do CDS-PP, mas menos beto.

O único grande problema de Riftstar Raiders é a óbvia vontade dos seus criadores em porem-nos desesperadamente num ciclo de grind a repetir e a falhar missões até termos créditos suficientes para podermos comprar os upgrades necessários à tarefa de ultrapassar cada evento ser, bem, ultrapassável.

Uma extensão algo artificial da duração do jogo que quase o poderia manchar, mas que ainda assim torna a experiência cooperativa de Riftstar Raiders num bom momento.

Knockout Checkers Chamber

É provável que quem tenha criado este tipo de jogo tenha ou feito um flip the table uma vez na vida, ou, depois de uma infância a jogar Subbuteo e de olhar para um tabuleiro de damas chegar à brilhante conclusão: e se desse para misturar os dois?

Eu até pensava que Knockout Checkers Chamber era algo inovador até perceber que Chapayev é é um jogo real e existente pelo menos desde o início do século passado, com uma força muito grande no ex-bloco soviético, e cujo nome é uma homenagem a um dos heróis do Exército Vermelho, Vasily Chapayev.

Com um objectivo simples: derrubar todas as peças do adversário do tabuleiro antes que ele nos derrube as nossas num jogo por turnos, Knockout Checkers Chamber decide agitar um bocadinho a fórmula atribuindo habilidades passivas a diferentes tipos de peças. Algumas são muito pesadas e necessitam de mais empurrões para serem derrubadas, enquanto outras colam-se às peças com as quais entram em contacto. Vamos desbloqueando-as e customizamos a nossa “equipa” a partir desse mesmo espólio. Um jogo barato (custa sem estar em promoção cerca de 5,99€) e simples, que consegue dar uma boa camada de diversidade a uma ideia igualmente simples.