Filme introdutório:

Parte 1:

WHAT, NÃO ME LEMBRO DE NADA.

Parte 2:

QUE RAIO ESTÁ A FAZER AQUI UMA BONECA?
OH NÃO JÁ ME LEMBREI, AFINAL É A MINHA FILHA.


Parte 3:

A MINHA FILHA ESTÁ MORTA?
OH NÃO JÁ ME LEMBREI, SOU UM ALQUIMISTA, POSSO TRAZÊ-LA DE VOLTA

parte 4:

MAS NÃO ME LEMBRO DE COMO SE FAZ ALQUIMIA
ESPERA! TENHO AQUI O MEU LIVRO COM TODAS AS ALQUIMIAS!
OMG, O LIVRO TAMBÉM ESTÁ A TER UMA BRANCA (literalmente, as páginas estão em branco)


parte 5:
FUI À CIDADE, AS PESSOAS CONHECIAM-ME, MAS NÃO ME DEI AO TRABALHO DE EXPLICAR QUE ESTOU COM UMA CONDIÇÃO MÉDICA MENTAL PREOCUPANTE E QUE GOSTARIA QUE ME EXPLICASSEM O QUE SE PASSOU, QUEM SOU EU E O QUE FAÇO AQUI.

parte 6:

WOW CHEGUEI A CASA E O LIVRO AFINAL É O MEU DIÁRIO E SEMPRE QUE ME LEMBRO DO QUE FIZ A PÁGINA SOBRE O QUE EU ACABEI DE ME LEMBRAR VOLTA, YEY PARA A REDUNDÂNCIA DE CONHECIMENTO.

parte 7:

OK, para trazer a minha filha de volta tenho que inserir a alma dela no seu corpo. Vou fazer isso, porque por alguma razão não me esqueci dessa parte.

–tentativa falhada–
OH NÃO, ACABEI DE ME LEMBRAR, TENHO QUE PÔR SENTIMENTOS NA ALMA (neste momento questiono-me se a personagem principal não faria melhor esperando 10 minutos antes de fazer algo a ver se a memória volta na altura conveniente em vez de 10 minutos atrasada).

Como ponho eu sentimentos?
Fazendo homúnculos! Seres sentientes e com sentimentos, criando-os como filhos e filhas e depois matando-os para transformar os sentimentos desses filhos e filhas em combustível para a minha outra filha!


E o resto são spoilers, porque isto é a introdução.

SPOILER ALERT

(não se passa mais grande coisa que não a introdução, tirando o óbvio desenrolar que é o alquimista não olhar a meios ou mortes para recuperar a filha para no fim se aperceber que o mundo não funciona assim)

FIM DE SPOILER

My Lovely Daughter é um point and click de gestão de tempo e recursos bastante focado na repetição, todos os dias temos de mandar os nossos homúnculos à cidade, escolher em que casa vão passar o tempo, (baseado na sua afinidade com o sentimento dessa casa) para eles subirem de nível, podendo assim serem chacinados por nós de maneira a que nos seja possível melhorar o nível de humanidade da alma da nossa filha e recuperar os elementos gastos na sua criação (como dita a alquimia, a combinação de diferentes elementos em diferentes quantidades terá diferentes resultados).

Achei o aspeto gráfico e envolvência bastante bons, o jogo parece feito em papel, com um traço bastante característico de um estilo de arte que o nosso editor provavelmente reconheceria, a banda-sonora também está aceitável, e os sons e timings destes aquando da chacina das pseudo filhas são bastante bem conseguidos.

O que não gosto em My Lovely Daughter? A necessidade incessante de repetição, necessitei de várias horas para conseguir um final que nem sequer era um final, apenas um “isto parecia o final mas afinal vais ter que fazer tudo outra vez, possivelmente várias vezes” e fiquei com a sensação que o jogo, apesar de divertido no início, não possui mais do que um eterno ciclo de repetição onde o mais divertido é descobrirmos os diferentes homúnculos.

Existem alguns temas metaforicamente abordados, que me pareceram bastante interessantes, como o privilégio, trabalho infantil, etc, mas não penso que justifique o trabalho de dezenas de horas a repetir a mesma tarefa incessantemente.

Se não são fãs do género pessoalmente aguardaria por algum desconto na Steam, 14,99€ como preço atual não me parece ideal para o conteúdo do jogo, mas será uma compra sólida por volta da gama dos 4,99€