Depois de uma campanha de sucesso no Kickstarter, Fort Triumph, do estúdio CookieByte Entertainment, chegou finalmente ao Steam em Early Access. E é uma das primeiras provas de que há excelentes tactical RPGs a serem desenvolvidos por pequenos equipas, e que chegam em toda a glória ao PC. Mais ainda por provar que por vezes o Early Access pode ser usado para envolver a comunidade a levar o jogo a bom porto. Ou neste caso, a um forte triunfal.

Com o sucesso tremendo de Divinity Original Sin, é natural que alguns jogos lhe seguissem as pisadas. Apesar de nem todos conseguirem segui-lo em termos de qualidade, Fort Triumph aproxima-se do famoso jogo do estúdio belga Larian. À primeira vista é a sua direcção artística cuidada que demonstra todo o detalhe aqui impresso, com cenários coloridos e meticulosamente trabalhados, distintos uns dos outros que nos fazem sentir uma verdadeira progressão.

Os mapas onde os níveis decorrem têm formas irregulares, demonstrando o seu foco na inclusão do cenário enquanto elemento do combate. Não apenas em termos de cover, mas também com a possibilidade de derrubarmos partes do cenário em cima dos inimigos, incendiando ou congelando partes destes para obrigar infligir dano aos nossos adversários.

A interactividade com o cenário é um dos melhores elementos de Fort Triumph, que aprendeu, e bem, com o que de melhor os clássicos RPGs (e pen and paper RPGs) nos ensinaram e as aplicações possíveis dessas combinações com o ambiente que nos circunda.

O nível de desafio é elevado (se descontarmos a possibilidade de o jogarmos em modo Fácil) e vem cumprir com a vontade de muitos fãs do género, como nós, que investimos neste tipo de jogos pela forte componente estratégico-táctica, motivados pelo sentimento de superação que cada nível desenvolvido apresenta.

Tal como já é habitual neste género, o posicionamento é parte do segredo do sucesso. Desde o início que percebemos as forças e fraquezas dos nossos personagens e é baseado nesse equilíbrio que temos que posicioná-los no tabuleiro de jogo. Nada de diferente, mas a jogar em hardcore a ideia de perdermos definitivamente os personagens obriga-nos a pensar cada turno como se fosse o único, e como se cada movimento nosso estivesse em risco de nos pôr literalmente em xeque.

O mundo de Fort Triumph não é completamente original no sentido em que o seu ambiente de fantasia é-nos perfeitamente reconhecível, mas isso não lhe retira o mérito das alterações contextuais que vai criando. Os encontros com NPCs e com inimigos, assim como as quests a si relacionadas, dependem largamente das decisões que tomamos, o que significa que o jogo se vai adaptando e divergindo de gameplay para gameplay, criando uma experiência verdadeiramente única. É curioso que tenhamos mergulhado em Fort Triumph à espera de uma abordagem clássica linear (que nada tem de mal) mas acabámos por descobrir uma narrativa flutuante que se altera à nossa volta.

Outro momento curioso, e que não altera a jogabilidade mas é uma boa ideia aplicada aos tactical RPGs, é o facto de que quando atacamos a câmara muda para uma perspectiva na terceira pessoa para vermos quase pelos olhos do nosso personagem a sua manobra a ser efectuada. Visto que Fort Triumph (assim como grande parte dos seus congéneres) se manobram em espaços isométricos (com rotação ou não), é interessante ver o “tabuleiro” sob outro ponto de vista, tendo a consciência do que é que o personagem “vê”, contrariando a nossa visão quase omnipresente do topo do cenário.

Fort Triumph está em alpha mas é uma aposta segura para quem gosta de tactical RPGs com um tom ocidental. Um excelente jogo do género que demonstra as suas qualidade em quase todos os momentos, num jogo que se anuncia complexo, desafiante e com uma excelente componente de storytelling, sem ser apenas uma espécie de cola que une as diversas missões. Fort Triumph demonstra-se verdadeiramente triunfal, e podem (e devem) procurá-lo a partir de dia 26 de Abril, quando fica disponível ao público.