Na alquimia sempre se procurou mudar a composição de um elemento para um outro, como é o caso do típico exemplo de transformar cobre em ouro. Mas enquanto que os alquimistas, na sua génese, precisam de algo para criar algo diferente, nós mestres de jogo, e restantes praticantes das várias artes, conseguimos fazer algo que eles podem apenas sonhar.

Quando preparas uma sessão de um RPG de mesa, escreves um livro ou compões uma música, estás a fazer algo que muito facilmente pode ser entendido por magia, uma vez que, para todos os efeitos, estás a criar algo a partir do nada. Começando apenas com uma figurativa ou literal folha em branco, um infinito número de eventos podem ganhar forma, marcando a tua vida e a de todos aqueles com os quais se irão cruzar, por mais breve que esse encontro seja.

No que aos mestres de jogo diz respeito, tudo tende a ter um contorno mais especial. Não nos limitamos a escrever uma história que será lida. Estamos a criar uma experiência que irá permitir que outros vivam essa mesma história e dando-lhe os contornos que acharem por bem. Sempre gostei da imagem do mestre de jogo a estender uma folha em branco que virá a ser preenchida por todos os jogadores, uma prova da criação em conjunto e do trabalho em equipa. É particularmente mágico ver amigos e familiares não só a apreciarem algo que fizeste para eles, como também a fazerem parte de tudo.

Por isso, rolem os vossos dados e escrevam. Façam a vossa magia sabendo que muitos gostariam de conseguir fazer o mesmo, e com a certeza de que outros tantos aguardarão ansiosamente pela próxima vez que se forem reunir à volta de uma mesa.