Podia ser o single mais recente de uma banda de Metal Futurista mas não, Manticore: Galaxy on Fire tal como a quimera persa do mesmo nome, é ao mesmo tempo o primeiro shooter espacial 3D na Switch e o terceiro de uma série de jogos Freemium em plataformas Android e IOS. Noutras palavras Manticore: Galaxy on Fire é um port, mas não é por isso que deve ser desdenhado.

A Nintendo Switch tem sido inundada de ports de vários jogos indie, alguns com uma adaptação melhor que outros, dos mais variados temas e estilos, contudo até dia 19/04/2018 nenhum se passava no espaço em 3D, e até ao lançamento de Everspace não me parece que vá existir nada semelhante em breve, que é pena porque é um estilo de jogo que se adapta muito bem à Switch.

A Deep Silver jogou pelo seguro com a adaptação do terceiro jogo da sua série de sucesso, retirando os componentes pagos à parte e deixando o jogo correr no seu todo. Obviamente o facto de ter a sua estrutura assente num formato desses cria algumas falhas no jogo como alguns níveis/missões baseadas em tempo e uma inteligência artificial, muitas vezes pouco inteligente. Contudo se colocarmos de lado essa parte, podemos tirar bastante de Manticore.

Ao contrário do seu futuro concorrente, Manticore: Galaxy on Fire é story-driven, com uma estrutura bastante linear, algo que pode ser uma pedra no sapato de quem gosta de replay value. O facto de já ter um lore bem desenvolvido não impede o jogador de se sentir familiarizado com os personagens e universo ao fim de uns tempos, o jogo tem uma boa curva de aprendizagem tanto no enredo como na jogabilidade. Controlamos um piloto de caça espacial sem nome quando somos alistados quase involuntariamente à tripulação de Manticore, uma gigantesca nave de mercenários que vende os seus serviços a quem os paga. Um ataque terrorista lança caos na galáxia e os serviços da nossa tripulação estão agora mais procurados que nunca. Num sistema mais semelhante a Rogue Squadron que a Star Fox, vamos cumprindo missões que envolvem quase sempre lutas com outros caças e um boss final, antes de passar para o nível seguinte.

Pelo caminho vamos encontrando outros designs de naves, armas principais e secundárias diferentes que podemos escolher e misturar ao nosso gosto de modo a encontrar a melhor combinação para o nosso estilo de jogo. De algo mais robusto mas sem manobrabilidade à nave mais rápida e ágil mas quase sem defesas, tudo está ao nosso alcance. A história é interessante que chegue para nos fazer querer avançar sem se tornar um esforço por obrigação, mas todos esses aspectos são secundários porque a maior parte do nosso tempo vai ser passado no cockpit da nossa nave.

Cockpit é como quem diz porque a visão é de trás do veículo. Sendo um jogo mobile tem as suas falhas gráficas, algo que a Deep Silver podia ter trabalhado mais um pouco especialmente quando colocamos a consola na dock, mas em modo portátil tem muito bom aspecto. As missões vão-nos dando um nível de dificuldade cada vez maior de objectivos e adversários sem nunca se tornar difícil demais, apesar de algumas vezes frustrantes por falhas técnicas. As lutas são interessantes, mas pecam pela má adaptação dos comandos. Manticore: Galaxy on Fire é óptimo para iniciados, os comandos são super simples e respondem bem, mas essa também é a sua maior falha porque seriam perfeitos para um rail shooter em vez de um jogo 3D, falta-lhe suavidade de controlo. Temos apenas três velocidades: Normal, Abrandado e Boost (com cooldown), e em vez de poder torcer gradualmente a nossa direcção podemos fazer uma espécie de barrel roll para a direita ou esquerda numa tentativa mais vistosa que eficaz de evitar ataques inimigos.

A verdade é esta, Manticore: Galaxy on Fire vem preencher um grande vazio na Switch, porque não há mais nenhum Shooter 3D no espaço tendo em conta a falta de um Rogue Squadron no vasto portefólio da consola. É um grande jogo? Não, mas é bom o suficiente para os €20 que custa ou pelo menos manterem debaixo de olho à espera de saldos. Tem um mínimo de 6 a 8 horas jogáveis no modo história dependendo de quão bons pilotos somos e quanto tempo queremos gastar a explorar o jogo em freeroaming para encontrar informação e peças de construção de naves é uma boa prova que este estilo de jogo pode ser muito bom na híbrida saciando a sede de um fã de Space: Above and Beyond, e dos livros das Lendas Rogue e Ghost Squadron.

Agora só falta algo para a minha comichão de um jogo de aviões à lá Top Gun. Talvez esta semana apareça algo…