Há toda uma série de pormenores que podemos constatar quanto aos traços que nos definem como seres humanos, e o principal acaba mesmo por ser o facto de sermos imperfeitos. Tal imperfeição pode manifestar-se numa série de defeitos que, ou são algo inacto, ou apenas um traço de personalidade. O facto de termos uma forte tendência de tirar conclusões precipitadas é um desses exemplos.

Seja em mundos reais ou de pura fantasia, tanto jogadores como personagens irão fazer interpretações no calor do momento, movidas ou não pela construção da sua personalidade, e na maior parte das vezes vão falhar redondamente em termos de veracidade. Uma forma de reforçar este elemento é, por exemplo, recorrer a temas, NPCs e eventos cinzentos.

Por norma, algo como a Necromancia é visto com aversão e é tido como uma arte arcana proibida. Mas porquê? Porque, nalguns casos, recorre ao consumo de vidas e de almas? Porque se vê associada a entidades de carácter duvidoso? Porque interfere com o ciclo normal da vida e da morte? Independentemente da razão que lhe confere esta conotação negativa, a realidade é que a conclusão vai, na maior parte das vezes, seguir este caminho.

Os jogadores podem cruzar-se com um NPC que de forma mais ou menos súbita lhes é descrito como sendo um praticante das artes negras. É normal que cheguem à conclusão que é um feiticeiro maléfico e que deve ser detido. Mais tarde, descobrem que o pobre coitado tinha perdido a mulher e estava a tentar trazê-la de volta com as suas próprias mãos, uma vez que nenhuma entidade nem nenhum congregação religiosa agiu em seu favor. Quão maléfico é ele agora?

Este tipo de episódios, este tipo de revelações, quando bem implementadas, conseguem levar a momentos épicos, tanto de um ponto de vista narrativo como a nível do role play. Pegando no exemplo acima, o grupo de aventureiros, sensibilizado, pode tomar como objectivo ajudar o feiticeiro. E se algum deles for alguém com domínio na área da cura, da vida e da morte, pode simplesmente chega-se à frente e tratar de conduzir o ritual.

Tecer conclusões precipitadas não é algo propriamente fácil de evitar, sendo necessário incutir hábitos de estudar o caso a fundo e só depois tomar um partido ou um parecer. Mas, aqui também está uma área cinzenta. Quando é que sabemos que temos a informação toda? Lancemos os dados e descubramos.