Bom dia alunos,

Mais uma aula cujo tema é fora do normal das nossas aulas devido a uma aula que também saiu do normal:

Professor Machado, ao contrário da colega Andreia que tem um namorado que gosta de jogos, a minha não gosta. Já tentei que ela jogasse Witcher III mas nada…

A minha pergunta é simples: Como meto a minha namorada a gostar de jogos?

Rui

Isto qualquer dia parece a secção sentimental da Maria. Preferia manter a pureza dos temas das aulas, mas tanto a outra pergunta como esta são interessantes e entram no campo dos videojogos, portanto vamos ao problema do Rui que pode ser o problema de muita gente.

A primeira coisa que vou dizer é que tentar que ela goste de videojogos dando-lhe a jogar o Witcher III é um erro, a não ser que queiras dar-lhe ideias que envolvam um unicórnio. É um jogo brilhante sem dúvida mas não é uma porta de entrada. Tu consegues apreciar a qualidade extrema do jogo porque já tens um historial longo de videojogos que te permitem fazê-lo. Seja esse historial generalista ou em específico nos reinos por onde Geralt cavalga, tu tens um conhecimento empírico que ela não tem. É quase o mesmo que tentar meter alguém a gostar de Buffy Vampire Slayer mostrando-lhe o Hush ou Once more, with feeling, ou então de Doctor Who pelo Blink, todos eles são episódios brilhantes mas para apreciá-los como deve ser devemos ter visto toda a série até lá, o crescimento dos personagens, dos enredos das histórias. Nos videojogos é igual, há mecânicas básicas que devem ser aprendidas antes de entrar em campos mais complexos. Devemos começar pelo início.

Quando digo inicio, não estou a dizer para ela jogar Pong ou Arkanoid. Contudo deves tentar que ela jogue algo mais simples, com mecânicas mais básicas de modo a que primeiro aprenda a jogar, e depois aprenda a gostar de jogar. Em vez de jogos altamente complexos tenta algo simples como um Super Mario, seja ele o original ou um dos novos. Um factor importante é que a faças entender que estás a partilhar um dos teus prazeres com ela, para ela também ter prazer. Não deves ser egoísta.

Ou seja, não estás a tentar que ela goste de jogos para ela não te chatear quando estás no FIFA ou CoD com os teus amigos. Estás a tentar que ela goste de jogos para poderem passar algum tempo juntos numa actividade que apesar de agora ser tua, pode passar a ser vossa.

Uma ideia é usar jogos que apelem aos gostos dela mesmo que não apelem aos teus. Uma relação de sucesso é uma questão de cedências, se ela está a fazer um esforço para jogar, tu podes fazer um esforço para sair da tua zona de conforto também. Ela gosta de colecionar coisas? Joguem Pokémon. Ela gosta de coisas simples e natureza? Joguem My Time in Portia. Gosta de lãs e/ou costura? Yoshi’s Wooly World. É uma rapariga com alguns talentos particulares? Joguem Kirby!

Vê os interesses dela e usa-os para descobrir algo que ela possa gostar. Não tentes que ela salte logo para jogos hardcore, tentem jogos cooperativos, coisas que ela pode aprender com os erros e ter um desafio suficiente para a tentar voltar, sabendo que estás lá para a ajudar em vez de pegares no comando de forma frustrada para “seres tu a passar aquela parte”. Deixa-a jogar e descobrir por ela. Deixa-a explorar.

Acima de tudo deves estar preparado para o fracasso. Relações são complicadas e por mais agradável que seja que a nossa cara-metade tenha alguns interesses em comum connosco, é provável que isso não aconteça. Pelo menos com todos ou aqueles que achamos mais importantes.

Vou terminar com uma dica: sabem qual é o cheat code para uma relação de sucesso?

Podemos gostar de alguém que tem os nossos interesses, é inteligente, tem beleza etc, o importante é que alguém saiba cozinhar. Interesses mudam, beleza desvanece, mas fome…? Fome é eterna. Por isso sou tão bom cozinheiro.

Falando nisso, Cooking Mama, é um bom jogo de entrada também.

Numa nota adicional de cultura, os Imperadores Chineses tinham várias concubinas com vários níveis e nomenclaturas, por exemplo no Reino Wen (entre os anos 187 e 226 aproximadamente) iam da Imperatriz até Senhora Virtuosa, passando por outros como Concubina Decente. Posteriormente no Reino Han, começavam pela Imperatriz, depois as 3 Madames, as 9 Concubinas (cada uma das 12 tinha o seu titulo pessoal) terminando com Senhora Bela, Senhora Talentosa e Senhora Medianamente Talentosa.

Podem enviar as vossas questões para perdidosemachado@gmail.com