É-me impossível escrever sobre Sky Rogue sem fazer alusões a Top Gun. Não só porque é dos meus filmes de infância preferidos como os jogos de aviões em estilo arcade são algo que tal como os 3D-Space Shooters, já tinha dito fazer falta na Switch.

Porque é que Top Gun é um filme tão memorável? Seriam os blusões de cabedal cheios de emblemas? Ou a fantástica banda sonora de Kenny Loggins, Berlin e Otis Redding? Talvez o facto de ter uma mulher em saia travada que percebe de aviões? Acima de tudo, porque é um exercício cinematográfico em como fazer o Tom Cruise parecer mais alto do que é colocando toda a gente que contracena com ele: inclinado de várias maneiras, sentado, deitado, ao longe ou, como eu suspeito em algumas situações, colocando “Maverick” em cima de um caixote?

Tower Fly-By

Sim a tudo isso mas também a montes de aviões em lutas pelos ares e explosões. Ao contrário do filme, Sky Rogue por outro lado, só tem a parte dos aviões e explosões.

Disponível na Switch mas também no Steam, Sky Rogue é um jogo de combate de aviões, não tem muito mais que isso na sua base, voar pelos céus enquanto destruímos alvos, sejam eles terrestres, náuticos ou aéreos. Os níveis e missões são procedurally generated, e tal como em qualquer jogo roguelike a dificuldade vai aumentando gradualmente até à morte inevitável. Como os impostos dos contribuintes que pagam aqueles aviões.

A morte é permanente em cada trecho de missões e todos os upgrades feitos com o dinheiro arduamente ganho a esquivar-mo-nos de rockets, mísseis e tiros de metralhadoras é perdido mas onde está um dos pontos fortes da estratégia de Sky Rogue, é que quando começamos uma série de missões ganhamos dinheiro e tech points por inimigos destruídos. Se conseguimos completar uma missão e aterrar no nosso Helicarrier, podemos usar o dinheiro para fazer upgrades aos nossos aviões e/ou armas de modo a ter alguma vantagem nas missões seguintes mais complicadas, mas se formos destruídos perdemos todo o dinheiro e upgrades. Felizmente os tech points são cumulativos como uma espécie de XP que nos sobe de nível e dá acesso a novas armas e aviões disponíveis no seu modelo mais básico logo de início na próxima missão. Portanto quanto maior o XP, melhor o equipamento base à nossa escolha quando jogamos outra vez, tornando assim os jogos seguintes mais fáceis.

Em teoria.

Target Locked! Fire!

Sky Rogue não tem história, não tem um fio condutor que empurra o jogador a fazer mais a não ser a pura diversão de quem gosta de destruir alvos em movimento ou a ambição de acumular pontos para desbloquear itens. De certa maneira era o jogo perfeito para ter uma demo na eShop sempre com o mesmo nível porque irão perceber logo no final da primeira missão se gostam dele ou não. Como fã de jogos como Aero Fighters Assault e outros semelhantes, estava à espera de ficar desiludido com o combate de Sky Rogue, mas não. A equipa conseguiu equilibrar bastante bem os comandos e a jogabilidade que à falta de um enredo era necessário compensar. A versão Switch tem duas diferenças, um modo multiplayer co-op em split screen e os comandos Danger Zone, uma ideia engraçada mas que achei falhar na precisão, mesmo assim é divertido, como o resto do jogo.

Lana! Lana! Laaaaanaaaaa! Danger Zone

Gostando do estilo há o suficiente para explorar em Sky Rogue. Sim, os níveis parecem sempre iguais e as missões conseguem ser repetitivas, é um roguelike, não se podia esperar outra coisa. De início é fácil perseguir os um a três drones que povoam os céus de cada vez e enviá-los para o paraíso das inteligências artificiais, mas basta chegar à quarta ou quinta missão e ter caças com pilotos (I.A.) a sério a tentar acabar connosco num enxame frenético de tiros e aviões para ver o quão emocionante e “fwooshy” é o jogo. Atenção que “Fwooshy” é uma expressão dos produtores mas acho que assenta bem aqui olhando e ouvindo a acção constante.

Nos céus, não temos tempo para pensar, é matar ou ser morto, mesmo quando deixamos de ver o nosso inimigo a segurança do nosso avião é primária, por isso é que quando somos abatidos a sensação é má porque sabemos que a maior parte das vezes foi por falha nossa. Quando estamos a jogar a dois ainda é mais emocionante, desde que ninguém descuide a regra mais importante.

É um jogo de nicho muito bom para quem gosta de simuladores de combate aéreo arcade, preferencialmente para jogar em pequenas sessões, já que a falta de uma linha de história condutora tiram o prazer a sessões mais longas. Gostava de ver uma sequela em que isso fosse corrigido, nem que fosse a simples adição de um mapa e uns pequenos briefings de missão. Algo para nos dar uma entrega emocional maior, sem isso Sky Rogue corre o risco de cansar depressa.

Sky Rogue não é um jogo do ano, tem algumas falhas que podiam ter sido corrigidas mas entendo a decisão dos seus produtores de se focarem em fazer algo bem, em vez de várias coisas a meio gás e ficar com uma bela mescla de porcaria. Como um jogo arcade focado no combate de aviões, vale a pena comprar.

Dito isto quem é que gostaria de ver uma mini-série sequela de Top Gun, como a recente Cobra Kai? Algo com a essência do filme mas adaptada aos dias de hoje. Maverick e Iceman como instrutores de pilotos **ninhas que dependem puramente de computadores?

Só eu? Ok…