Todos já passámos por aquele momento em que olhamos para uma folha em branco e não sabemos o que fazer com ela. Não interessa o quão experientes somos a escrever, o quão extensa é a nossa capacidade de imaginar e de unir várias ideias em elementos narrativos mais ou menos técnicos, mais cedo ou mais tarde vamos sempre ter aquele episódio em que a folha continua em branco e o tempo não pára de passar.

É uma realidade que não se prende só aos RPGs de mesa, mas sim a qualquer domínio que envolve a criação de conteúdo. Assim sendo, as dicas que se seguem podem servir as necessidades de todos.

Começando pelo exemplo mais fácil de executar, se tivermos a dar continuidade a um trabalho já existente (como é o caso de uma campanha) podemos olhar para trás e ver o que se fez entretanto. A partir daqui, é uma questão de pegar no que faz mais sentido e aplicar no que estamos a escrever de momento. Não precisa de ser algo do último capítulo que se escreveu ou da última sessão que se preparou. Alguns dos elementos da história começaram muito antes disso.

A segunda sugestão prende-se a tirar inspiração de outros meios. Todos temos os nossos filmes, séries, jogos, livros e músicas de eleição, e uma vez que cada vez é mais difícil ter ideias completamente originais, não custa ver se nessas nossas fontes de inspiração está algo que nós possamos adaptar ao que estamos a fazer.

A terceira sugestão associa-se mais à escrita de diálogos, tomada de acções e entrar na mente de uma personagem. Ter um conceito bem estruturado de como uma determinada personagem funciona é uma excelente ferramenta de orientação, mas a história pode muito bem ter uma mente própria e personalizar essa ferramenta à sua maneira, tornando-se difícil dizer com certeza que aquela personagem deveria agir daquela maneira. Aqui um simples exercício de empatia pode ser a chave, bastando encarar a situação e pensar “se eu fosse aquela personagem naquela situação e depois de tudo o que aconteceu, como é que eu agiria?”.

Por último, e talvez o mais difícil, escrever qualquer coisa. A melhor forma de combater a página em branco é não depender da inspiração. A partir do momento em que continuamos a escrever, mesmo que à deriva, estamos ao mesmo tempo a estudar as várias hipóteses que poderiam impulsionar aquilo que queríamos criar inicialmente. E mesmo que não o consigamos, iremos sempre acabar com alguma coisa escrita e que terá o seu uso mais cedo ou mais tarde.

A página em branco vai escrever-se de qualquer das formas. Qualquer bloqueio vindo da sua parte estará apenas a adiar o inevitável.