Como já devem ter percebido, aquele que é possivelmente o jogo mais ambicioso desenvolvido em Portugal já chegou às lojas físicas e digitais. Com um orçamento de desenvolvimento de alguns milhões de euros, o estúdio Bigmoon Entertainment enfrentou assim uma grande prova de fogo na adaptação desta série de rally tão específica. O Dakar 18 viu finalmente a luz do dia para PS4, Xbox One e PC, e foi com um sorriso que ontem por surpresa nos cruzámos com um expositor dedicado ao jogo no corredor principal da FNAC do Colombo. O que é que faltava ali? Uma grande indicação para o consumidor comum menos informado que este jogo foi feito em Portugal, por uma empresa portuguesa.

Mas se um jogo desta importância para o tecido empresarial português foi lançado, porque é que não temos análise dele? Por uma razão simples: ética. O Dakar 18 não é o primeiro jogo lançado globalmente que causou entraves éticos à redacção do Rubber Chicken, mas iremos tomar a mesma postura que nos outros casos. Desde o Munin que foi desenvolvido por (então) 6 membros da redacção, ao Between Me and the Night desenvolvido pelo ex-redactor João Ortega, passando até pelo Battleship que eu me recusei a analisar por ter sido desenvolvido pela minha mulher e pela empresa onde ela trabalha, e que culmina agora no lançamento do Dakar 18 do qual o nosso Ricardo Mota fez parte do desenvolvimento enquanto PR Manager da Bigmoon.

Por outro lado, vetarmo-nos ao silêncio por não querermos quebrar o princípio ético de dar uma opinião sobre o conteúdo e a qualidade de Dakar 18 seria injusto para o próprio jogo. Especialmente porque temos feito um esforço para cobrir os grandes lançamentos feitos em solo nacional nos últimos anos, como o Greedy Guns, Strikers Edge ou o novo Inspector Zé e o Robot Palhaço. A análise que lerão no Observador não será escrita por ninguém da redacção do Rubber Chicken, mas sim do jornalista de tecnologia de lá, mantendo desta forma a nossa isenção e nosso o princípio ético.

Assumiremos assim a postura imparcial de sermos um mero veículo de informação, sem proferir qualquer consideração pelo jogo, mas não podíamos perder a oportunidade para vos informar (para aqueles que ainda não o sabiam) que o Dakar 18 já aí anda e que podem encontrá-lo nas plataformas de nova geração. Mantemos, porém, o desejo que fizemos quando o jogo foi anunciado: que a ambição e o arcaboiço de uma produção destas em solo nacional possa abrir portas para que muitos estúdios de talento que por cá existam consigam obter o apoio necessário para elevar o mercado de game dev português para patamares mais elevados do que aqueles onde se encontra hoje.