Pensei em dois títulos para este pequeno texto quando o comecei a escrever. O que foi usado e “Hoje tão bom dia para morrer como qualquer outro”, ambos faziam sentido no que diz respeito a Rage in Peace da Rolling Glory Jam.

Como gostariam de morrer? É uma pergunta estranha mas é algo que possivelmente todos nós já pensámos várias vezes. Não só como iríamos morrer mas também como será o nosso funeral. Para o meu tenho duas hipóteses, ou aparece alguém detrás do caixão (após um espectáculo de luzes ofuscante) com uma sonic screwdriver a mão vestido com roupas iguais às do meu corpo frio e diz “O.K. Pessoal… isto vai ser complicado!” ou a minha favorita, alguém pegar num ramo de flores, virar-se de costas para as pessoas que lá estarão e atira o ramo, depois vai dar os parabéns à pessoa que apanhou o ramo porque “Vai ser o próximo”.

Todo o conceito de Rage in Peace pode ser descrito em algumas linhas de texto: controlamos Timmy, um rapaz cuja cabeça parece um daqueles copos de esferovite virado ao contrário que é visitado pelo Ceifeiro para ser informado, que vai morrer decapitado nesse dia numa das trocas de diálogo mais cómicas que li num jogo ultimamente. Timmy gostava de um dia morrer sossegado na sua cama, ter uma morte pacífica. A morte tem outros planos, Timmy vai morrer hoje, decapitado.

É aqui que começa a corrida de obstáculos de Timmy para chegar a casa, ele vai morrer neste dia, não à volta a dar. Mas raios o partam, ele vai morrer à sua maneira, como ele quer! A morte personificada, tem outros planos, Timmy vai literalmente perder a cabeça, nem que para isso, tubarões tenham que saltar de poças de água no escritório ou cabeças da Ilha da Páscoa montadas num skate o atropelem, entre outras coisas. Esta espécie de ratoeira gigante que temos que ultrapassar até ao nosso objectivo que está o principal encanto de Rage in Peace além dos seus diálogos. Nós nunca sabemos o que esperar do caminho em frente, será que o candeeiro vai cair ou não quando passamos debaixo dele ou é apenas um engodo e é do chão à sua frente que vão saltar serras rotativas? As armadilhas estão sempre no mesmo local em cada nível, portanto temos que enfrentar uma espécie de puzzle de memória muscular em vez de obstáculos gerados aleatoriamente a cada passagem.

Rage in Peace podia ser repetitivo mas não é pela surpresa que nos cria a cada instante, nunca um jogo com um ar tão cartoonish me fez rir tanto e ao mesmo tempo criar uma sensação de nervosismo por seguir em frente. Foi estranhamente apropriado para o meu Halloween, uma espécie de Final Destination mas em bom e não tão ridículo.

Nota do Editor: Kinder Surpresa é a nova categoria inventada pelo João para catalogar os jogos indie que nos surpreendem sem estarmos de todo à espera.