Jogos narrativos são sinónimos de aventura, que por sua vez é sinónimo de proezas inimagináveis, como derrubar criaturas colossais, varrer impérios de tirania e recuperar artefactos há muito esquecidos de locais remotos. São bons exemplos de aventuras e, para alguns, a principal razão em optar por este tipo de jogos. Mas, e depois da demanda estar concluída? Simples, opta-se por uma nova aventura sob uma outra perspectiva.

O combate foi defrontado e os espólios recolhidos. Agora é altura de regressar à aldeia mais próxima e dar-lhe uso. Ou se calhar comunicar o nosso sucesso. Ou até mesmo as duas numa. A verdade é que existem muitas formas de lidar com o culminar de uma missão e não há mal algum em deixar as armas arrumadas e descontrair.

Durante este tempo livre há uma série de opções que temos à nossa disposição. Podemos aperfeiçoar a nossa arte, seja em combate ou diálogo. Podemos aprender um novo ofício ou uma nova língua. Se tivermos tempo suficiente (e se o Mestre de Jogo o permitir), podemos inclusive aprender novas habilidades fora da progressão normal e criar os nossos próprios encantamentos e feitiços.

De um ponto de vista mais informal, estas actividades de lazer permitem-nos conhecer melhor o mundo em que nos encontramos. O professor que nos acompanha pode ter um interesse peculiar pela área na qual ensina; alguns estabelecimentos comerciais podem estar com falta de recursos; um pequeno grupo pode estar a aproveitar este tempo de descanso para se aproximar de nós. Todas estas pequenas nuances permitem que o mundo ganhe vida, e são também uma excelente forma de o Mestre de Jogo tratar do seu worldbuilding.

Mas caso queiram ser mais ambiciosos (e tenham o que é preciso) podem até mesmo fundar o vosso próprio negócio! Lembram-se quando dei o exemplo de haver uma falta de recursos? Vocês podem financiar expedições para os recuperar em vez de fazer o trabalho pesado. Podem estabelecer parcerias e redes de comércio, primeiro nesta pequena aldeia e depois (se tudo correr bem) pelo continente todo! Afinal de contas, a vida de aventuras acabará mais cedo ou mais tarde e não é nada mal pensado olhar para o futuro.

O tempo livre é mais que uma secção do jogo que se pode resumir numa frase, num curto espaço de tempo, antes do próximo grande desafio. Também não é algo para se resolver com um lance de dados. É algo para se viver e para explorar de forma a que as personagens possam crescer de formas mais naturais e conhecer melhor o mundo que é a sua casa.