Primeiro impacto

O passado Natal veio trazer algo que não sentia há muitos anos: entusiasmo infantil com um brinquedo. Neste caso estou a falar do headset Oculus Rift para Realidade Virtual em PC. E reparem que esta é a prenda do meu filho, não a minha.

Esta versão do produto já aparece mais polida que as primeiras encarnações. Vem numa embalagem grande com um design simples, mas elegante, quando abrimos temos imediatamente a sensação de um produto bem construído, com qualidade. A primeira coisa que salta à vista, é claro, é o headset, robusto com um cabo comprido que permite jogar livremente. Não esperava o facto de ter heaphones incluídos, headphones esses que têm um ar foleiro, mas que em boa verdade produzem um som com bastante qualidade. Tem uma ligação HDMI e uma outra de USB. Algo que aponto de negativo é que as lentes deveriam ser mais reguláveis, embora não seja de todo grave.

Passemos ao seguinte: os comandos, uma das grandes surpresas positivas do Oculus Rift. Além de serem bem-construídos, estão bem desenhados e ergonomicamente ajustados à mão, têm uma resposta rápida e permitem uma grande interação com os conteúdos em VR.

O ultimo elemento a sair da caixa são os sensores que são peças discretas construídos com materiais resistentes e que até parecem um set de colunas com design moderno. Pela experiência até agora estes têm uma reposta eficaz e fazem o seu trabalho de forma competente.

Finalmente tudo fora da caixa, vem agora a parte divertida. Estava à espera de algumas dificuldades na montagem e set up, porém tal não aconteceu, todo o conjunto foi muito fácil de montar e preparar. Todo o processo é intuitivo e bem explicado, em suma foi muito fácil e rápido deixar tudo pronto para a brincadeira.

Hands on

Comecei pelo material de apresentação do próprio produto, uma interação com um pequeno robô feita numa autocaravana, munida de impressoras 3D e outros. É uma interação simples mas muito bem feita e imersiva, vamos executando várias tarefas a pedido do pequeno robô e vamos tomando conhecimento de como utilizar os comandos em várias tarefas. É na minha opinião um tutorial bem feito e que cumpre o pedido divertindo pelo caminho.

Com montagem, calibração e tutorial feito… agora sim vai começar a brincadeira. – Oh não!! Acabaram as pilhas dos comandos!! Em boa verdade não acabam assim tão rápido mas é preciso ter atenção a isso para não acontecer na pior altura (como, me aconteceu claro), porque ainda por cima são do tipo AA que já não é tão comum em nossas casas.

Dos jogos que tinha disponível para o primeiro contacto comecei pelo The Pierhead Arcade e como a minha experiência em jogos VR era muito reduzida, fiquei logo bem impressionado. No entanto com mais umas horas de jogo percebo que é um ambiente muito limitado que nos traz este jogo, a maior parte das actividades implica o arremesso de uma bola e convenhamos que nem a nível visual é grande deleite. Divertido mas meh.

O Rec Room embora também não seja nenhum espectáculo visual tem jogos com mais acção e por isso diverti-me mais com este jogo especialmente nos jogos de paintball, que são rápidos e divertidos. Ainda assim queria algo mais ainda não me sentia impressionado de forma a justificar o investimento.

Com o Robo Recall já começa a dar “pica” pelo VR. Criado pela Epic Games (responsável pelo motor Unreal), Robo Recall é um shooter num ambiente elaborado que nos faz andar com a cabeça à roda (literalmente, para ver tudo). A sua acção intensa já justificou o meu entusiasmo para com a plataforma e o VR.

Dota 2 VR Hub

A cereja no topo do bolo foi chegar a uma experiência que há muito aguardava: ver partidas de Dota 2 em VR. Após passar a estranheza inicial e me habituar aos controlos, esta abordagem VR ao clássico MOBA torna-se em algo espectacular. Sentado na cadeira com o jogo a decorrer é só olhar para os lados para ver as equipas em campo, num click estou dentro da acção a ver as jogadas dos pros de uma perspectiva enriquecedora que não tinha antes a não ser por cortesia de uma transmissão. É um admirável mundo novo em relação ao visionamento de jogos competitivos e fico com a clara impressão que veremos isto alastrar inclusive a desportos convencionais pois permite viver o momento de forma intensa e abrangente.

Conclusão

O Oculus Rift é um brinquedo empolgante. Acredito que para muitos é um investimento demasiado grande para o reduzido número de jogos realmente bons que o justifiquem, no entanto é uma experiência que não se encontra presente de outra forma, é o facto de assistir ao que de novo se faz e aos caminhos que se trilharão no futuro dos jogos. Enfim gosto de ter coisas novas foi assim quando recebi a minha primeira NES vinda dos EUA antes de sair na Europa, que obrigou os meus pais a comprar uma televisão capaz de usar o sistema americano, e é assim agora que sou eu a partilhar estas coisas com os meus filhos.

Ainda não apareceu aquele jogo ou conteúdo que me faça comer o jantar mais depressa para ir jogar, mas estou sempre à espera de um tempinho para experimentar coisas novas e sempre que ligo o Oculus há um admirável mundo novo que se abre.