Quando li pela primeira vez a sinopse do recente Driver San Francisco não contive o riso. Aparentemente, o grande novo elemento deste novo título da série era a possibilidade de saltarmos não só para dentro dos carros das outras pessoas, mas também para dentro dos espíritos delas. Este “Jericho sobre rodas” não fazia qualquer sentido, pois o universo de Driver (que muito deve aos legados do aniversariante GTA III e do excelente e já esquecido The Getaway) assenta no mundo físico real. A explicação narrativa era afinal bem simples: o protagonista de Driver estava em coma no hospital e todo o jogo se passa dentro da sua cabeça. Deus Ex Machina to the best. Resolvi não prestar muita atenção às antevisões daquele que seria um claro destruidor de uma série com altos e baixos, mas sólida no seu conjunto.
A grande surpresa foi quando a Demo do jogo surgiu no Xbox Live. Sem qualquer expectativa, mas com a dedicação de sempre jogar toda e qualquer demo que sai até ao fim, lancei-me sobre Driver San Francisco. Para meu espanto, saltar entre os espíritos de condutores sempre que se deseja é extremamente viciante e é uma mecânica que surpreendentemente funciona na perfeição. Imaginem-se a conduzir em contra-mão enquanto fogem à polícia e quando evitam um carro em sentido contrário por milímetros, transferem o vosso espírito para o do outro condutor, deixando a polícia a perseguir “alguém” em sentido contrário que não faz a mínima ideia do que está a acontecer. A cereja no topo do bolo é que quase todos os carros têm um passageiro ao lado do condutor, passageiro este que não faz a mínima ideia que o companheiro já não é o mesmo mentalmente. O que dá origem a diálogos muito divertidos.
No final, o absurdo narrativo nada interessa. Podia até nem existir uma explicação para o porquê deste “salto de fé”. Ao ler aquela sinopse, por momentos, esqueci-me do porquê dos jogos: Gameplay, digam o que disserem.
Após a Demo decidi que assim que Driver reduzisse o preço era um jogo a adquirir. Chegou o momento, pois a Amazon UK acaba de baixar o preço da Collector’s Edition do título, pela convidativa quantia de 33 euros já com portes. Tirem os cavalinhos deste belo Dodge da chuva e carreguem a fundo neste original acelerador metafísico.