Não é Spore, é Darkspore!

Antes do lançamento de Darkspore, pensei que este ia trazer sequencialmente o lado negro de Spore. Mas muito pouco trouxe desse título anterior, além da vasta caracterização de personagens e do aspecto alienígena.

Com a descoberta de ADN-E, um aminoácido que se propaga de forma instável e altera o ADN, as formas de vida tornaram-se malignas com uma ligação mental entre eles conhecida como Darkspore. O jogador encarna um Crojenitor, Cientista e mestre em manipulação genética e o seu papel é criar um exército, com ADN-E estável, para erradicar Darkspore e fazer frente a Corruptor, o Boss Final.

Ao começar o jogo online, a primeira tentação que tive foi jogar o tutorial e jogar a solo. Mas pouco tempo depois senti-me a perder o interesse ao estar sozinho num planeta desconhecido. Ainda com pouca experiência em jogo, consegui desbloquear mais dois heróis. Dois de cem! Cada um com uma história e uma aparência diferente, técnicas e poderes diferentes – um sistema de luta diferente.

Ao abrir o editor, no qual se pode fazer upgrade de armas, armadura e aparência, é aqui que Darkspore deixa a sua marca: um vasto número de objectos que se conseguem nas missões e comprados, a aplicação que esses objectos vão ter no estatuto do herói, a modificação da cor e padrão de cor. O editor tem também um sistema (que deriva do sistema premiado de Spore) para alterar a forma desses objectos, adaptando como queremos ao herói, tornando única a aparência e tornando quase infinitas as possibilidades na escolha. À medida que vamos desbloqueando heróis há necessidade ou há interesse em passar mais tempo no editor, pois quanto mais heróis, mais temos de preparar cada um para a próxima luta. Seja para tornar o herói perfeito ou o mais estranho, tudo depende da criatividade de cada um. Eu preferi ter o Blitz (Herói inicial) com olhos de mosca e patas tipo cavalo. Parece mais uma mosca traçada de pónei, mas ficou engraçado e pouco elegante como gosto. Arrisco dizer que não há um Blitz igual no mundo inteiro. My precious!

O Blitz, antes (em cima) e depois (em baixo). My precious!

 

Aventuramo-nos nos planetas não apenas com um, mas com três heróis, formando uma equipa capaz de fazer frente às novas dificuldades e diferentes inimigos. Há momentos em que não conseguimos ter sucesso pelo facto de a equipa não se adaptar à dificuldade. Solução: Formar uma nova, com outro estilo de combate ou mais poderosa. Percebe-se que o nível de dificuldade é adequado em relação ao número de jogadores, de um a quatro, mas se algo não corre bem é porque os heróis precisam de descansar e dar a vez a outros ou simplesmente reajustar a equipa para um melhor desempenho. Não se trata apenas de mais ou menos poder, mas também de reconhecer pontos fracos do inimigo. Estes diferentes estilos de combate e poderes têm um grande impacto visual das lutas e um bom design de som, que refiro mais abaixo. Quem é fã de Dragon Age, Diablo, Neverwinter nights e outros tem de ter um gosto pelos sistemas de luta. Estes sistemas têem algo em comum que é a dimensão, o detalhe e a marcação visual e sonora e Darkspore também transmite este aspecto muito aprimorado. O ambiente visual pode nem ser sempre muito bonito ou bem terminado e às vezes quando há muitos intervenientes em cena, a confusão instala-se, sem se perceber o que se está a fazer e quem está a fazer. Tipo salada russa. Mas nota-se um esforço em dar ao jogador uma boa experiência Hack n’Slash e divertimento absoluto. O maior defeito que encontrei em Darkspore foi na recolha de objectos, quando muitas vezes a passar o rato por cima, não reconhecia o objecto ou reconhecia mais ao lado. Ao jogar em co-op deixava de apanha-los e acho que os outros jogadores pensavam que estava a ser muito solidário. Pelo menos fico com fama de menino generoso.

Calma bruto!

 

Darkspore presenteia-nos três modos: Single e Co-op (Campanha) e PvP (Arena). Em co-op e PvP (player vs Player) podem jogar até quatro jogadores, sendo que PvP são dois contra dois. Não sei dizer qual o mais interessante, pois ambos foram do meu agrado, mesmo jogando em PvP com outros acima do meu nível. A primeira vez que isso aconteceu disse ao grupo: I am so dead! Mas mesmo sabendo que ia perder, não deixou de ser bastante engraçado e normalmente todos estão online para se divertir. Não se trata apenas de ganhar, como num bom jogo amigável. Em PvP testamos ainda mais a potencialidade da equipa de heróis que escolhemos, mas também depende do nível do adversário. Na campanha temos hipótese de repetir níveis ou arriscar um pouco mais à frente, dependendo do nível de cada jogador. Alguém com nível 100 (máximo) pode jogar com outro de nível 2 ou 20, se aceitar o convite para jogar e isso é mais difícil. Às vezes não encontramos alguém no servidor que esteja mais ou menos no mesmo nível e ficamos muitas vezes à espera de uma alma perdida ou outra caridosa que nos convide. O melhor dia para encontrar mais gente é no Domingo, que não é dia de descanso para os jogadores de Darkspore (ou outros jogos).

Embora a Música não seja má, prefiro afirmar o Design de Som, pois este é sem dúvida outro dos pontos fortes de Darkspore. Mike Cormier e Kent Jolly, que trabalharam também em Spore, chegam a um pormenor com qualidade e bom gosto. A primeira vez que ouvi um herói a dizer “sue me” tive de largar o rato e dar uma larga gargalhada para depois continuar. Apenas acho que a voz de Helix, uma programação (IA) que nos vai dando informação sobre o estado dos planetas e nos acompanha ao longo do jogo, tem efeito robótico mal aplicado, mas isso seria uma conversa mais técnica que prefiro não abordar aqui.

Infelizmente não existe qualquer interacção com Helix ou outro interveniente. Apenas ouvimos e seguimos em frente, o que torna o jogo não tão interessante para quem prefere envolver-se num bom enredo nem é um jogo de momentos marcantes. É um jogo que alguns lhe chamam pokemon-style pela quantidade de heróis (100) que se vão desbloqueando enquanto se ascende de nível. É um jogo que agarra o jogador durante horas e horas a melhorar aspecto, poderes e qualidades de cada herói e é preferencialmente um jogo para jogar em cooperativo e nisso é sem dúvida bem sucedido. Por isso, Darkspore promete ser um jogo que não irá ficar por aqui (ou não), embora não se demonstre ainda dos maiores sucessos da Electronic Arts e da Maxis, como Sims e SimCity. E para terminar preciso dizer isto: I-have-a-spore-better-than-yours-bitch!

 

Disponível para PC