M u C r s b a e b l M n a i d o a.
No outro dia passei por uma loja da Toys’R’Us (isto não é publicidade) e deparei-me com um moderno monopoly que não era feito de notas, mas de cartões electrónicos. Sei que que isto não é propriamente recente, mas fiquei contente ao saber que já não era utilizado papel naquele jogo e assim se salvara uma árvore ou duas. Não tendo nada a ver com o contexto, passei à frente e foi aí que dei de frente com um fabuloso Scrabble original. Lembrei-me do que tinha em casa arrumado não se sabe onde a ganhar poeira, envolto em teias de aranha esfarrapadas e com o cartão mole da humidade. Salve-se o dia que descobri a caixa na Toys’R’Us (a sério, não nos pagam) e senti um cheirinho a novo, devolvendo-me memórias já perdidas em sentir-me o elo mais fraco confrontado com a minha irmã mais velha. Levava sempre uma tareia com as palavras. Estratificacioquê? Devem perguntar-se se estive para pegar no Scrabble e levá-lo à caixa registadora, mas não. Prefiro aguardar o dia do reencontro com o meu velhinho Scrabble para limpá-lo e mimá-lo e… Descobri uma forma de combater esse desejo e não é por menos. Ao jogar Quarrel veio avivar essa memória (a saudade é algo muito Português) e deixou-me tão exaltado como um pai encontrar um filho bastardo após 15 anos. Não que seja o meu estilo de jogo predilecto, tal como não tenho um filho bastardo, mas veio certamente acender essa chama.
Não quero passar a ideia que Quarrel é parecido com o Scrabble, pois Quarrel é mais do que organizar letras e transformar em palavras. É também um jogo de estratégia em que temos organizar as nossas tropas, pois cada soldadinho pode dizer uma letra e podemos decifrar anagramas até oito letras (no scrabble são até sete e não só lidamos com anagramas como com aproveitamento e reforço de outras palavras). Há uma particularidade que ambos estes jogos aplicam: as letras surgem com pontuações diferentes e as mais raras são as que valem mais pontos, sendo que a soma das letras e seu valor total definem a pontuação final e esta tem de ser sempre mais elevada que o adversário. Em caso de empate, ganha quem for mais rápido a resolver o anagrama ou parte dele. Não é obrigatório utilizar sempre as oito letras e veremos porquê mais à frente nesta análise. Este é o essencial do jogo: Sabedoria, desenvolvimento cerebral e, na maior parte dos casos, treino da língua inglesa, podendo testar melhor a nossa capacidade (não gramatical) do que um teste no Wole strite institute. E se acham que isto está bem escrito esqueçam o Quarrel e dediquem-se à pesca! Em alto mar.
As palavras são categorizadas como se de um dicionário se tratasse, com a derivação e significado. Nunca vi uma palavra ser repetida das 114000 palavras e ainda podemos contar com shit e badass, mas há outras palavras que não se encontram neste dicionário e que tive o cuidado em apontar, tal como Pepsi, Zen e… Milf. Sendo assim, troco Milf por Film e é este o exercício de troca de letras que temos de ser capazes de fazer, muitas vezes num curto espaço de tempo. No modo challenges não temos essa preocupação e podemos agir com calma ao escolher as letras para tentar resolver o anagrama em vez de utilizar apenas algumas letras, que é o mais comum nas jogadas. No entanto, encontrei um site que resolve anagramas com 209000 palavras e fiz batota para conseguir um maior Word IQ (QI). Agora podem chamar-me génio, e não é para menos, pois tenho um QI de 200! Einstein? Mozart? Quem são esses?!
Além do modo Challenges, temos o Showdown, Domination, Quick Match e ainda podemos gerenciar um mapa com adversários à nossa escolha. Nos três primeiros somos confrontados com diferentes objectivos e nos levam, de um modo progressivo, a ganhar medalhas de bronze, prata e ouro. Separados em doze mapas diferentes, levamos os nossos soldadinhos a confrontarem-se numa guerra de palavras com piada e ganha-se uma certa afinidade com eles. Podem ser violentos com as palavras, mas não passam de uns fofinhos que apetece agarrar e mimar e… que lamechice! No modo multiplayer o jogo pode ser jogado de dois a quatro, mas agora é que vem a parte menos boa: Não existe Multiplayer offline e considero incompreensível. Também podia ser um jogo com adaptação para kinect, mas não o é. Contudo, o resultado para sistemas iOS parece estar melhor implentado, com as suas diferenças como por exemplo a utilização de avatars (na Xbox podemos utilizar o nosso próprio avatar de perfil ou tirar uma foto nossa). Outro senão, também não tão grave, é a implementação de sons que causam distorção principalmente quando os soldadinhos aparecem aos molhos. Há uma tal saturação de “mimimimi” e “wekeweke” que fazem estremecer até os melhores headphones. Não me peçam para falar da música de elevador de uma zona equatorial.
Entretenimento casual. É disto que Quarrel se trata. Um leque de palavras nunca antes proferidas é aqui encontrado e serve para enriquecer o nosso vocabulário e testar a nossa capacidade na principal língua mundial. Se surgir um Quarrel 2 com gramática, podia ser implementado nas escolas para o ensino do inglês e as crianças iam certamente gostar de aprender (sem dar muito trabalho a um professor), mas não quero dizer que seja um jogo preferencialmente para crianças. Divertido e uma excelente alternativa ao Scrabble, embora no Scrabble não estamos limitados a jogar com outros apenas online e ambos não têm Kinect. Espero um dia ver os jogos de mesa com sensor de movimento para as peças (seria óptimo para jogar Scrabble, damas ou xadrez apenas a mexer um dedo), mas por enquanto contentámo-nos com esta forma mais animada de Quarrel e que já é bom.
Versão analisada: xbox360. Também disponível para iOS e PS3
Comments (2)
Já nem me lembrava disso… Acho que nos tentávamos enganar um ao outro com palavras que não existiam… Tipo com cara de “estou a falar a sério…”
Acho que o mais usado era o Monopoly. Ficavas sempre com o dinheiro todo e nem no banco sobrava! Comprar casas no Rossio (ou melhor, rue de Belleville) hoje em dia é mais difícil…