Se eu vos disser que joguei todos os títulos de Donkey Kong nos anos em que foram lançados, desde a primeira versão para os Game & Watch em 1981, acreditam? E o que acham da minha afirmação de me terem passado pelas mãos todos os títulos de Sonic, incluindo o Sonic CD a correr na Mega-CD? É credível que não me falte no currículo uma única aventura gráfica da Sierra? É absurdo que as séries Silent Hill, Resident Evil, Crash Bandicoot, Mario Kart e muitas outras estejam com cruzinhas em todos os lançamentos? Pode parecer exagero, mas é a mais pura das verdades. Acham que me estou a vangloriar? Então continuem a ler, pois aí vem a vergonha.

Nunca joguei um único jogo da série Final Fantasy, desde que saiu em 1987 até aos dias de hoje. Nunca experimentei um único cartucho de Pokémon, e só o nome Pikachu me é familiar, em quase 14 anos da série. Só a partir de Twilight Princess joguei o meu primeiro Zelda, em 2006, mesmo que sempre que comprava um novo Mario, ou um novo Metroid, lá estavam as caixas com o Link a olhar para mim. Porque razão nunca joguei este jogos? Nem eu sei. Porque razão nunca passei do interesse à acção? Oportunidade? Outras prioridades?

Nos tempos em que tínhamos que usar a imaginação, esse mito urbano.

 

Com ou sem razões válidas, o certo é que nunca os joguei. Mas isso acaba hoje. Por respeito aos leitores do Rubber Chicken, por respeito a mim próprio, e por respeito às séries em questão, vou começar a colecção de artigos, sem número ou final previsto, intitulada Videojogos para Totós. Primeiro, porque sou um grande totó em nunca ter jogado estes jogos. Segundo, porque servem também de iniciação para quem não os conhece. A ideia é jogar a totalidade e analisar separadamente cada título de cada série, dedicando um artigo a cada jogo. Os jogos devem ser jogados nas plataformas que reproduzem o som e o grafismo original, seja nas consolas originais, ou em emuladores e roms que consigam transmitir o mesmo efeito. Tenho consciência que este é o projecto de análise (e escrita) mais megalómano em que já me meti e cujo desfecho ou consequências não consigo sequer prever. Chamem-lhe um desabrochar tardio, ou chamem-lhe a ideia mais patética do Universo. Eu chamo-lhe um chamamento. Quem sabe não se torna uma iluminação (daquilo no qual as pessoas nunca se devem meter, por exemplo).

É mais ou menos isto a que me proponho.

 

Vamos começar com a saga Final Fantasy e com os seus 18 títulos, aproximadamente, sem contar com os spin-offs, adaptações ou remakes. Daí seguimos para Zelda, depois para Pokémon e depois, se ainda estiver vivo, logo se vê para onde segue a nossa jornada. Esta vai ser uma viagem de exploração e descoberta, de meses ou mesmo anos, na qual largo todos os preconceitos, todas as presunções, e parto de mente aberta e receptiva. O meu futuro próximo vai ser feito com o passado.

Próximo artigo: Final Fantasy I (1987)