O evento arrancou oficialmente às 19h de sexta-feira com um vídeo inspirativo de Peter Molyneux e terminou Domingo pelas 19h. Foram 48 horas de olhos postos em ecrãs de laptop, de bebidas energéticas em riste e vídeo streaming quase constante para todo o mundo. Cerca de 32 cidades participaram nesta aventura, What Would Molydeux teve uma estreia de sucesso com uma aderência que superou todas as expectativas para um evento organizado em 3 semanas. Milhares de pessoas foram desafiadas a mudar o rumo da indústria. No mínimo, essas pessoas tiveram a oportunidade de partilhar uma experiência única e de se divertirem.

Sob o olhar atento da sempre presente câmara de vídeo, cerca de 17 participantes foram acomodados nas excelentes instalações da Startup Lisboa onde tiveram acesso a salas de trabalho, descanso e copa para restabelecer energias. As equipas cedo se formaram e após um compasso de espera devido a problemas técnicos, iniciou-se a maratona criativa. Depois de escolhida uma das loucas ideias de Molydeux, os participantes rapidamente uniram esforços para desenvolver um protótipo e partilha-lo com o mundo inteiro.

Todos instalados e prontos a começar

 

À medida que as horas passavam madrugada a dentro, alguns participantes saíam para restabelecer forças, enquanto os mais resistentes se arrastavam por mais umas horinhas, lutando contra pálpebras teimosas repuxadas para trás pela força das bebidas energéticas. Alguns dormiram pouco, outros pouco dormiram. Com o passar das horas e dos dias, cada vez mais os participantes se empenhavam em completar os seus projectos e menos descanso tinham. Felizmente toda esta loucura se tornou numa experiência agradável graças ao grupo fantástico de pessoas que decidiram tirar o fim-de-semana para abraçar a paixão enorme que é fazer videojogos.

Um dos grupos participantes teve apenas 24 horas para criar o seu jogo, e a pressão não foi ainda assim suficiente para abalar o seu entusiasmo. Na recta final roíam-se unhas, punham-se mãos na cabeça, corrigiam-se bugs, criavam-se instruções “how to play” nos últimos minutos, e lutava-se contra a sobrecarga de uploads gerada por centenas de jogos a serem submetidos em simultâneo. Do primeiro Molyjam 2012 resultaram cerca de 268 jogos, desde interactive fiction sobre bébes radioactivos, até shooters de plataformas em que temos de abraçar as nossas vítimas, passando por simuladores de manifestações, a iniciativa gerou uma enormidade de criações originais por todo o mundo.

Pequeno-almoço de campeões.

Da Molyjam Lisboa resultaram 4 projectos fantásticos que podem ser obtidos nos links em baixo:

 

Blindness

Numa sociedade opressora controlada por uma corporação malévola, o jogador é obrigado a fingir-se cego para fugir dos agentes controladores. Ver o caminho significa alertar os inimigos para o facto de que não somos cegos, como poderemos escapar? Esta é a premissa de Blindness, um top-down com uma mecânica de alerta invertida, em que o jogador é detectado se vir os inimigos e não o contrário. Uma ideia estranha de Molydeux só poderia fazer surgir um jogo original e super empolgante.

Ele olha para a esquerda, e pisca pisca.

Link para o jogo

 

Rainbowolf

E se vivêssemos num mundo em que as armas necessitassem de ser ligadas à corrente para funcionar? Mais importante que isto, no mundo de Rainbowolf a música rádio pode ser usada como arma letal contra extraterrestres. O personagem transporta dois rádios boombox, um em cada ombro e em grande estilo. Ao voltar da praia (provavelmente), deparou-se com terríveis aliens que ameaçam o seu pequeno irmão, também ele com pequenas boombox. Quem sai aos seus não degenera, nem lobos cujo rádio dispara arco-íris letais. Para derrotar os aliens, o lobo necessita de se posicionar junto a uma tomada eléctrica de modo a poder disparar a sua música e chegar até ao seu irmão, tudo isto num fantástico visual retro.

É sempre a bombar arco-íris

Link para o jogo

 

Uncare Bear

Um urso adorável, um grande problema. Uncare Bear contra-nos a história do esquecido urso carinhoso, rejeitado por ter um grave problema respiratório e uma enorme força física. Para respirar, o urso necessita de abraçar alguém, um gesto de ternura que esmaga quem o recebe. No jogo controlamos um urso cor-de-rosa adorável que perde oxigénio constantemente. Na rua, pessoas tentam fugir enquanto nos precipitamos para abraça-las e consequentemente as esmagar, enquanto o nosso tempo de vida diminui. Ainda bem que o urso não se lembrou de ir para a rua Augusta com um cartaz a dizer “Free Hugs”.

Ternura de esmagar ossos

Link para o jogo

 

Pigeux

Reza a lenda que os homens de negócios têm o hábito de se mandar de prédios abaixo. Manias. Reza outra lenda que os pombos são um animal inútil. Mito. Em Pigeux controlamos um pombo, voando entre prédios e tentando evitar que homens de negócios saltem para a sua morte, indo buscar itens à janela de suas casas. Infelizmente parece que os pombos portugueses ainda não se dedicaram à causa e parece que passam mais tempo a atravessar estradas a pé do que a voar. Talvez tenhamos de construir prédios mais altos.

Este faz estragos se for contra uma janela.

Link para o jogo

Todos os jogos podem ser obtidos através da página do Molyjam 2012.
Um arquivo de cerca de 268 jogos que continua a crescer, mesmo após o termino do evento. Jogar todos eles será mais uma aventura.

A aderência fantástica que o Molyjam 2012 teve parece indicar que o evento será para repetir para o próximo ano. Nasceu assim mais um Game Jam. Estamos muito satisfeitos por Portugal ter participado e ajudado o evento a crescer. Um muito obrigado a Leandro Reis pela organização, um verdadeiro one man show de grande qualidade e excelentes condições, num espaço amavelmente cedido pela Startup Lisboa. E finalmente um sincero parabéns a todos os participantes que fizeram deste primeiro Molyjam Lisboa um evento apaixonado e memorável. Esperemos que para o ano ainda mais cidades portuguesas adiram e que o impulso criativo seja partilhado por ainda mais pessoas. Entretanto podem visitar a página Facebook do Molyjam Lisboa 2012 para muitas mais fotos.

Até para o ano, se Molydeux quiser.