Os momentos que mais fascinam na Indústria dos videojogos é a utlização e aproveitamento de novas tecnologias para o entretenimento. A forma de jogar começa a ganhar contornos não só para melhorar a eficácia destas tecnologias, mas essencialmente para transportar o nosso corpo como um quase todo envolvente nos videojogos. Sorcery, o jogo exclusivo da PlayStation 3 que dá o máximo de aproveitamento ao controlador Move, mostra como esta indústria tenta optimizar a jogabilidade acrescentando dinamismo corporal. Basta agora saber se funciona e resulta ou se é apenas mais um golpe para vender estes periféricos que muitos dizem ser a cópia dos controladores da Wii. O que faz um jogo resultar nestes casos? Que garantias podemos encontrar em Sorcery para dizer que o Move é uma ferramenta necessária para uma melhor experiência de jogo? Em primeiro lugar, Sorcery é apenas controlado com Move e por uma boa razão: todo o jogo é desenvolvido para interagir com movimentos fluídos. É estudado de forma a que tenha todo o sentido deixar de lado o comando e não sentir a falta deste. Cansativo, alguns poderão dizer, mas em duas horas que estive na Sony a experimentar Sorcery não tive qualquer câimbra no braço pelo exercício físico. Como disse anteriormente, são movimentos fluídos e que dependem também de algum treino inicial para dominar o controlador Move e assim se destaca a importância deste para fazer magia. Literalmente.
Finn é o protagonista numa aventura acompanhado por uma gata (e que gata, com aquele rabinho felpudo!), fazendo frente a exércitos de inimigos e impedir a Nightmare Queen do seu ideal, tendo esta quebrado com o pacto que mantinha com a Humanidade e resolver trazer ao mundo uma noite eterna. Isso era bom se tivéssemos dentes pontiagudos, uma capa preta e adversão ao alho, mas não é o caso e o alho continua bom para cozinhar. Aliás, veremos mais à frente como cozinhar é também um factor para potenciar a magia de Finn ou simplesmente salvar-lhe a vida, principalmente nas fases em que os inimigos não param de chegar e tentamos perceber o que fazer para prosseguir no jogo. Com a utilização do thumbstick do Move, controlamos os movimentos de Finn e controlamos a varinha mágica com o comando principal (sensor). Os movimentos podem variar ao lançar ataques contra inimigos, sendo estes de frente, lado, para cima ou mesmo com efeito de curva. Este último permite fazer chegar o ataque atrás de uma cobertura onde se encontra o inimigo ou accionar determinados mecanismos. Permite também outra liberdade de movimentação e melhorar a eficácia no combate, mas nem tudo se demonstra perfeito. Alguns movimentos podem nem sempre responder como queremos, mas o problema não está no jogo. Está no controlador, nas condições da sala e na utilização deste. Os movimentos com a varinha mágica são fáceis de executar e precisos, mesmo havendo momentos que o comando não responda com exactidão. Além da utilização da varinha para o combate, controlamos esta para quebrar objectos, reparar pontes e escadas e, melhor que tudo: transformar algo físico como ovelhas em porcos ou porcos em ratos. Depende do gosto de cada um.
A magia de Finn é caracterizada por dois principais elementos: o que consegue naturalmente exercer enquanto mágico e as poções. Estas poções são digeridas para efeitos momentâneos e podem ser compradas, encontradas ou criadas a partir de vários materiais encontrados ao longo do percurso. Na criação de poções misturamos estes materiais num caldeirão e procede-se um movimento de virar os frascos e mover em círculos o controlador para misturar os ingredientes. Tal como movemos em círculo para reparar as pontes, mas desta vez com o controlador para baixo. Intuitivo. Todos os movimentos apresentam-se intuitivos, tanto na execução como no desenrolar da acção, desde a mecânica dos puzzles ao encontrar as soluções para abrir um portão. Menos fácil é às vezes encontrar uma saída, mas para isso existe um mapa para nos guiarmos. Sorcery ganha cor com toda a simplicidade das magias e da forma como são executadas, ganha pelo ambiente e cenários largos e adaptados para uma movimentação equilibrada com o controlador, ganha com a intensiva acção quando libertadas hordas de inimigos e ganha com a adaptação e combinação de magia com elementos à nossa volta. Exemplo disso é libertar magia atrás de chamas, tornando mais potente o efeito criado por essa magia. Mais destrutível. A combinação de poderes, tal como um terramoto linear para quebrar com o escudo dos inimigos ou empurrá-los com o nosso escudo (além de cobertura), funciona de acordo com a acção, embora cada situação requer diferentes abordagens. Disto é feito Sorcery: combinações, poderes, pequenos puzzles (pelo menos na fase inicial do jogo), situações caricatas como transformar a ovelha num porco, uma pitada de loucura com a movimentação da varinha e, muito importante: a Gata que acompanha Finn. Que gata!
Mais do que escrever, o melhor é sempre jogar. Sorcery é daqueles jogos que dificilmente se passa para palavras, muito menos quando ainda está em desenvolvimento. Exemplificar o jogo sem demonstrar o movimento de braço e partir um jarro sem querer não tem muito sentido, mas espera-se deste exclusivo Move um dos maiores sucessos enquanto jogo para utilização de periférico. Falado em Português, e prefiro não comentar os diálogos mais infantis, embora tenham algum sentido neste género de jogo, que se traduz num contexto mais jovem. Mas é divertido para qualquer idade e é por isso que fiquei duas horas a jogar, parecendo apenas uma. Um aproveitamento para agarrar os fãs de Harry Potter, talvez, mas apenas pela utilização da varinha, na capacidade mágica e de todo o ambiente associado. Sorcery será um título obrigatório para apreciadores de fantasia e a experiência com Move poderá também ser das melhores até hoje conseguidas. Até poderem jogar, fiquem com o trailer abaixo.
Comments (1)
[…] Se procurarem por Sorcery no Youtube, o primeiro resultado que vão obter é a apresentação do jogo da Playstation na E3 de 2010. Ao lado de outros grandes franchises, o jogo de um estúdio desconhecido para o Playstation Move conseguiu roubar todas as atenções. Três anos depois do início do desenvolvimento, Sorcery está finalmente pronto para o mercado e Peter Akemann, o presidente da produtora responsável pelo seu desenvolvimento esteve em Lisboa para falar sobre o novo título. A sala da Playstation revelou-se pequena para tantos jornalistas que quiseram saber mais sobre o desenvolvimento de Sorcery, um jogo no qual todos depositamos expectativas para ser a primeira grande experiência com o Move. Podem ler aqui a antevisão que fizemos do jogo. […]