Existem jogos que nos ensinam como os jogos devem ser. Normalmente são duma pequena marca independente chamada Nintendo.
Se há coisa que a marca nipónica sabe fazer são as mecânicas de jogo. Não há praticamente nenhum título com os seus heroís principais que não seja uma lição de jogabilidade. De Donkey Kong na Game & Watch a Donkey Kong na Wii, de Mario Bros na NES a Super Mario Land 3D na 3DS, passando por todas as versões de Zelda, Metroid ou Kirby nas várias máquinas, a Nintendo tem um registo praticamente limpo. Assim como se diz que motores alemães são de confiança, mecânicas da Nintendo são quase uma certeza. Daí que não admira que o novo Mario Tennis Open seja um dos melhores jogos de ténis lançado numa consola portátil.
O primeiro Mario’s Tennis foi lançado na amaldiçoada portátil Virtual Boy, sendo um dos jogos de lançamento da máquina que já estava condenada à extinção quando chegou às lojas. Depois de duas passagens bem mais airosas na Nintendo 64, o jogo volta a agora a atacar uma máquina com imagens tridimensionais, desta vez sem termos a necessidade de andar com a consola colada à cabeça.
Mario Tennis Open é, primeiro que tudo, um bom jogo de ténis. A mecânica de jogo está extremamente refinada, com o jogo a ombrear com títulos como Top Spin ou Grand Slam ao nível da execução, da reacção e dos movimentos. Nas dificuldades mais avançadas o jogo é até bastante hardcore e coloca verdadeiramente à prova os nossos reflexos e destreza. Mas assim como Mario Kart é uma boa mecânica de condução com os devidos exageros a acrescentarem a componente de diversão, Mario Tennis Open é uma simulação de ténis fiável à qual foi acrescentada uma enorme dose de loucura.
Nomes famosos do ténis internacional como Yoshi, Bowser ou Peach (também denominada senhora Nelson Calvinho) estão prontos para serem escolhidos e jogar às nossas mãos, ou como companhia ou contra nós. A singles ou a pares, em vários terrenos de jogo inspirados em cada uma das personagens, cada um com o seu tipo de piso, os jogos desenrolam-se normalmente até que alguém decida utilizar uma pancada especial. Eu explico. No ecrã inferior da consola estão botões virtuais, cada um com uma cor, que correspondem a movimentos especiais como amorties, drives ou balões.
Embora estes movimentos possam ser usados a qualquer momento do jogo, por vezes aparece uma cor numa zona determinada do campo. Se formos a essa zona e usarmos a cor correspondente no ecrã, o resultado é uma pancada quase sempre indefensável. Bolas que fazem curvas ao longo de todo o campo, balões que sobem tão alto para fora do ecrã que não sabemos onde a bola vai cair, ou disparos tão rápidos que só os reflexos mais rápidos permitem defender. O melhor é que todos estes movimentos também podem ser executados através da utilização de botões na face da consola, o que faz com que o ecrã de toque seja uma boa aproximação para os menos experientes, mas ao longo do tempo podemos aprender as configurações de botões mais rápidas de usar.
Onde estes movimentos são mais divertidos de usar é nos jogos em multiplayer. A Nintendo abre finalmente as portas do seu online e podemos jogar localmente ou por wifi sem qualquer restrição, à semelhança do que já acontecia com Mario Kart 7. Os jogos a pares são os mais divertidos, podendo 4 jogadores defrontarem-se entre si como o fiz com a equipa da Nintendo. Ora, a utilização dos movimentos especiais provoca a risada e a gritaria, primeiro porque é difícil devolver essas bolas e, segundo, porque podemos enganar o adversário, uma vez que ele vê a cor que está a ser sugerida para um balão, mas nós podemos decidir usar o amortie.
A imagem estereoscópica pode ser ligada, mas isso implica uma vista fixa mais afastada do campo. O melhor é mesmo ter esse efeito desligado, pois não só o ponto de vista fica mais próximo da acção, como permite usar o giroscópio da 3DS para apontar a direcção para onde queremos atirar a bola. Os movimentos são subtis, não havendo necessidade de levar a consola a passear pela sala fora.
Graficamente, Mario Tennis Open é o festim de cor que os universos de Mario já nos habituaram e todos os elementos do terreno são uma inspiração visual de cenários famosos desses jogos, com um detalhe incrível nas personagens e nos seus movimentos. Podemos optar por jogar com o nosso Mii, até porque temos dezenas de elementos para o personalizar que podemos ir adquirindo ao longo do jogo mas, sinceramente, é muito difícil não jogar com um dos nossos heróis ou vilões favoritos.
Mario Tennis Open é mais uma prova de que a Nintendo não falha nas mecânicas das suas propriedades e é uma lição de jogabilidade. Com uma simulação de ténis fisicamente avançada, onde foram acrescentados movimentos exagerados que aumentam exponencialmente a diversão, este é um título que nos recompensa logo nos primeiros segundos de jogo e que promete ser aquele cartão que está constantemente na ranhura da nossa 3DS. Com um modo online que permite jogos a 2 ou a 4, para além de vários mini-jogos para descontrair, Mario Tennis Open promete ser o primeiro grande título de desporto da 3DS. Venha agora o Mario Golf, e o Mario Swimming, e o Mario Football, e o Mario…
http://www.youtube.com/watch?v=vm_wzTJLUys&feature=youtu.be