Quase dois anos depois do seu lançamento internacional, aquele que foi ridicularizado como um iPhone grande que ninguém necessitava provou que afinal seria um campeão de vendas imbatível e o responsável por um mercado com mais de 400% de crescimento anual.

O iPad não deixa mesmo assim de receber muitas críticas como o facto de ser um sistema fechado, de não substituir um PC ou o seu preço elevado mas a verdade é que todos o desejam, de forma secreta ou bastante audível e, quando o recebem, não o largam. Aproveitando esta febre, os criadores lançaram-se a adaptar os jogos iPhone para este ecrã grande ou a gerar novas criações exclusivas a um ritmo mais desenfreado que uma promoção do Pingo Doce, tentando um lugar ao sol na multimilionária loja de aplicações.

Alguns desses jogos tocam em todos os pontos certos dos nossos neurónios responsáveis pela adição. São ladrões do nosso tempo aperfeiçoados como uma máquina, aplicações para as quais o Instituto da Droga e Toxicodependência deveria apontar a sua atenção. Se foram acidentes de laboratório (como a descoberta do microondas ou da penicilina) ou criações maquiavélicas calculadas ao pormenor, não sabemos mas o certo é que vieram para ficar em todos os nossos colos. Aqui estão aqueles que são os vírus mais poderosos do tablet da Apple.

 

8. Kingdom Rush HD

O jogo de defesa com torres mais conhecido é sem dúvida Plants vs Zombies, o mais referido talvez seja Field Runners (ambos também disponíveis no iPad) mas o mais viciante de todos é Kingdom Rush. Confesso que nenhum jogo de defesa com torres me prendeu muito tempo até hoje, mas quando comprei o jogo da Subatomic Studios não o larguei durante meses. Com um equilíbrio incrível na dificuldade, o jogo toma de empréstimo alguns dos elementos dos jogos de estratégia, como a construção de Barracks para gerar mais tropas que façam frente aos orcs e trolls que percorrem o caminho, o qual temos que encher de defesas como as óbvias torres, arqueiros ou catapultas. Se acham que não gostam deste género então experimentem Kingdom Rush. Se são fãs deste género então talvez tenham aqui o vosso nirvana.

 

7. Tiny Tower

A Zynga pode roubar as ideias que quiser mas a imprensa vai sempre levantar-se em defesa das criações originais. O jogo da NimbleBit permite-nos construir uma torre até ao céu e mais além para a encher de Bitizens, os pequenos cidadãos que sonham povoar as vossas criações. O erro é instalar este jogo no nosso iPad, pois o mesmo vai andar na nossa cabeça 24 horas por dia enquanto esperamos pelo momento em que podemos criar mais um piso, dar emprego a mais um bitizen, ou arrendar mais um apartamento. Quanto mais alta a torre, mais tempo demora a construção e é aqui que o vosso vício vai ser posto à prova, pois como em qualquer aplicação freemium (pagrátis?) é possível comprar tempo com dinheiro real. A tentação é grande e a carne é fraca.

 

6. Bejeweled Blitz

Um minuto das vossas vidas é tudo o que a PopCap vos pede. Não sejam ingénuas. Não sejam cândidos. Não vai ser um minuto. Vai ser uma vida. Basta ligarem o jogo ao vosso Facebook e vão perceber que o mais difícil é encontrar um dos vossos amigos que não o esteja já a jogar. O célebre jogo de combinar três peças está ligado online à versão correspondente na rede social, o que permite tentarem aniquilar as pontuações da vossa lista de amigos enquanto usam mais um power-up nos últimos 5 segundos. Nada é melhor do que ultrapassar alguém na contagem final, depois de já ter caído o pano e se não tiverem jeitinho nenhum, podem sempre jogar offline. Meninos!

 

5. Fairway Solitaire HD

Já aqui fizemos uma análise deste jogo que é provavelmente o jogo de cartas mais viciante da App Store. A ideia, absurda à partida, de juntar uma paciência e um jogo de golfe, revela-se acertada e viciante. É o jogo que tem o potencial de vos fazer gastar mais dinheiro em compras na aplicação, pois as mesmas proporcionam power-ups irrecusáveis. Nunca andar a tirar cartas da areia foi tão divertido.

 

4. Angry Birds HD

Se ouvem constantemente a vossa cara metade, o vosso pai, a vossa avó ou outro qualquer elemento da família a afirmarem que não gostam de jogos, então coloquem-lhes Angry Birds nas mãos. Existe uma razão para que vocês possam comprar peluches dos pássaros furiosos e dos porcos gozões deste jogo nas grandes superfícies: é um fenómeno cultural. Aquele que já foi chamado o Tetris do novo milénio é o maior sucesso comercial da loja da Apple (e de outras lojas) e o original iOS adaptado a mais plataformas diferentes até hoje. Com mais merchandise, séries de animação e filme a caminho, o jogo da Rovio começou da forma mais simples: com um dedo, um pássaro e um porco. Irrecusável.

 

3. Temple Run

Os últimos três jogos desta lista são jogos de corrida sem fim e existe uma boa razão para isso acontecer, pois este género é talvez o mais viciante para tablets e smarthphones. Popularizados por Canabalt, estes jogos partilham entre si as mesmas três características: 1) Só mais um, 2) Só mais um, 3) Só mais um. É impossível não recomeçar quando perdemos, tentar ir mais longe, apanhar mais uma moeda, evitar mais uma árvore ou saltar mais um buraco. Os gráficos pouco detalhados não tiram nem um segundo de gozo a Temple Run e, mais importante do que fugir de macacos, é gabarmo-nos online da nossa distância conseguida. Um sério candidato a não apanharmos uma nesga de sol este ano, caso não inventem ecrãs sem reflexo.

 

2. Ski Safari

A equipa da Defiant é composta por vários veteranos da indústria que se juntaram para criar jogos mobile, à semelhança do que aconteceu com o pessoal da DICE e Crytek que foram para a Ngmoco, mas ao contrário destes para criar jogos realmente viciantes. Depois do imperdível Rocket Bunnies, a produtora traz-nos agora um jogo que já disparou para os primeiros lugares da loja. Uma descida de Ski sem fim a fugir de uma avalanche, com saltos de fazer corar SSX, Pinguins e Yetis como qualquer veterano dos jogos flash sabe que são imprescindíveis e até com uma águia que permite ir mais longe. Sim, existem aqui muitas ideias emprestadas de outros jogos, mas a execução das mesmas é tão perfeita que este é o jogo que me anda a destruir toda a produtividade ultimamente. Já sabem, se eu não escrever, culpem o Ski Safari.

 

1. Jetpack Joyride

O jogo mais viciante para iPad arrasa com a concorrência ao colocar um jetpack nas costas e metralhar o seu caminho por cima de todas as corridas sem fim. Este foi o jogo que popularizou os power-ups nos endless runners e que lhes acrescentou a jogabilidade que faltava. A partir daqui passou a ser possível ir sempre mais longe mas, em vez de dependermos apenas da nossa destreza, passámos a contar com utilitários que nos colocam vários metros mais à frente ou fazem com que as moedas venham ter connosco. Para além da genialidade dos veículos que permite avançar sem medo, a mecânica da slot machine final é a cereja no topo do jogo, onde ver o nosso heroí ganhar vida novamente para mais uma corrida só é ultrapassado pelo largar de uma bomba atómica. O responsável máximo pelo “só mais um” e o maior responsabilizável  pela crise da dívida soberana dos países europeus.