O facto de ter resistido toda a minha vida ao universo de Pokémon ainda hoje me intriga. Embora as míticas criaturas tenham sido criadas em 1996 para o Game Boy há que lembrar que o primeiro grande impacto comercial em Portugal acabou por ser com o jogo de cartas, por volta do ano 2000 e foi aí que a febre invadiu de vez a terra de Camões numa bola.

Por essa altura eu tinha 24 anos, dava os meus primeiros passos profissionais no mundo da televisão e andava viciado noutro jogo de cartas de seu nome Magic: The Gathering que me roubou muitas horas de vida e muito dinheiro na carteira. Quando nessa altura surgiram as cartas de Pokémon eu vacilei pois, confesso-o aqui pela primeira vez, eu acho as criaturas do franchise simplesmente maravilhosas. Acho que a única coisa que me demoveu de compilar toda a colecção foi o facto de o jogo estar conotado como um jogo de crianças (por cá pelo menos) e ter finalmente largado o dispendioso vício de adquirir cartas de Magic.

Muito mas mesmo muito difícil de resistir.

 

Os anos foram passando e Pokémon aparecia por todo o lado. Sendo eu alguém que nunca largou os videojogos e a banda desenhada e fez questão de estar sempre a par e passo com tudo o que era lançado para toda a plataforma que mexesse, era impossível não me cruzar com Pikachu para qualquer lado que me virava. Videojogos na Nintendo, colecionáveis nas noticias dos sites, vídeos de homenagem no youtube, expansões nas lojas de comics, entre muitos outros. Mas, curiosamente, lá fui passando ao lado deles, olhando de esguelha, mas nunca por lá ficando.

Tudo isto acabou no entanto com a Nintendo 3DS e com o Pokédex 3D. É sem vergonha que admito que quase todos os dias a consola passeia comigo na rua por uma única razão: coleccionar novos Pokémons na aplicação. Deixei de conseguir resistir e constatei que aquilo que eu imaginava era realidade: eu posso tornar-me sem esforço num fanático coleccionador daquelas criaturas cujo design apela a qualquer coisa desconhecida no meu interior. A singular sensação que me atravessa quando rodo os bonecos e observo-os de vários ângulos no ecrã tridimensional deverá ter qualquer explicação nos compêndios de psicologia.

Não vos sei explicar porquê.

 

Daí que prometi a mim mesmo que Pokémon Black Version 2 ou Pokémon White Version 2 vão marcar o fim da minha resistência. Não só estou a preparar-me para entrar de cabeça nesses jogos, como já encomendei até um starter pack da versão em jogo de cartas. Não posso mais resistir aos meus instintos internos e vou tentar ter todo e qualquer Pokémon alguma vez inventado.

É bom saber que no entanto vou ter uma grande ajuda da Nintendo, pois este Outuno será lançada uma nova versão da “enciclopédia” com a nova aplicação Pokédex 3D Pro que vai juntar todos os mais de 600 (!) Pokémon que alguma vez apareceram em qualquer videojogo, episódio, filme ou carta. Por enquanto, tudo ainda é uma confusão enquanto viajo pelas características da “bicharada” mas com o tempo tudo deverá fazer sentido.

White, definitivamente.

 

A acompanhar este lançamento a Nintendo irá também disponibilizar o Pokémon Dream Radar, uma aplicação de realidade aumentada que em coordenação com os giroscópios da 3DS irá permitir procurar Pokémon nas nossas salas e tentar capturá-los para o interior da consola.

Finalmente, é com um grande suspiro de alívio que afirmo alto e a boa voz: “Gotta Catch Em All!”