A Sony parece ter combinado com a Microsoft que, já que só têm uma nova geração de consolas para mostrar em 2013, podiam ambas apresentar conferências muito mornas. Parece que o conseguiram, com muito poucas ou nenhumas surpresas para revelar. Esta era também a grande oportunidade da Sony de dar um empurrão à VITA mas parece ter perdido a oportunidade.

A conferência começou a prometer muito com o novo título da Quantic Dreams a ser anunciado. Beyond: Two Souls é o nome do jogo que David Cage veio ao palco anunciar como o próximo passo na maturidade dos videojogos e com a promessa de podermos controlar todos os aspectos da vida da nossa personagem. Jody Holmes, a nossa “heroína” será interpretada pela actriz Ellen Page e por momentos chegámos a temer que os detalhes ficassem por aí. Mas o criador de Heavy Rain trazia com ele um trailer com jogabilidade. Na realidade, a palavra jogabilidade é exagero, pois parece que a Quantic anda apaixonada mais pelo cinema do que pelos jogos. No entanto, os momentos finais do trailer mostraram uma personagem com super poderes que é acompanhada de um espírito (a segunda soul) que parece ser só visto pela nossa protagonista e não pelos jogadores, o que nos parece interessante. Morno e bem menos impressionante que Kara.

 

Playstation All-Stars Battle Royale é afinal um jogo Playstation 3 e PS VITA, com funcionalidades Cross Play que permitem que os 4 jogadores escolham qualquer dos dois sistemas para se confrontarem entre si. A demonstração no palco com quatro jogadores revelou uma acção de combate frenética com muitas mortes e respawns até que o contador de tempo chegasse ao zero. Parece-nos um brawler deathmatch. Foram ainda anunciadas duas novas personagens. Se Nathan Drake conseguiu gritos da assistência, Big Daddy de Bioshock provocou uma ovação.

Estava dado o mote para falar da VITA. Ficámos a saber que a portátil vai funcionar como controlador especial em Little Big Planet 2 através da utilização das suas funcionalidade para ajudar na criação de níveis, como por exemplo o ecrã multi toque que vai permitir manipular de forma muito mais rápida e intuitiva os elementos de construção. Será um DLC para o jogo e abre a porta para outras experiências do género entre a Playstation 3 e a VITA. A compatibilidade com os jogos da PS One foi anunciada para o Verão mas não sabemos se será com todo o catálogo já disponível na Playstation Network. No entanto, era sobre a compatibilidade com jogos da Playstation 2 que muitos fãs estavam à espera de um anúncio mas parece que ainda não é desta. Foi também anunciado Call of Duty Black Ops: Declassified mas apenas foi mostrado um logotipo do jogo. Para um título que chega no final do ano, não ter pelo menos um trailer é um pouco preocupante.

Isto foi o máximo que nos deram.

 

O que vimos foi o trailer de Assassins Creed III Liberation que vai levar a série para a portátil da Sony e para Nova Orleães, com uma assassina feminina nos comandos das execuções. O trailer mostra uma jogabilidade e um aspecto muito idêntico aos irmãos mais velhos mas até nos arrepiámos quando ouvimos falar de ecrã de toque e sensores. O jogo vai contar com um pacote que acompanha a nova cor Crystal White a lançar na VITA.

 

Com a jogabilidade de Assassins Creed III já mostrada na conferência da Ubisoft, estávamos apenas à espera de um trailer do novo jogo da série mas a Sony conseguiu garantir uma surpresa para o seu palco: Jogabilidade no oceano. O novo Assassins vai permitir controlar grandes barcos, uma vez que a guerra da independência não se travou apenas em terra. O que leva o nosso assassino a vestir-se de “índio” e de capitão de barco ao mesmo tempo é uma incógnita, mas as mudanças dinâmicas de clima com a chegada de uma tempestade em alto mar enquanto combatemos outros navios parecem-nos bons momentos de jogabilidade, se bem que existam alguns erros e bugs gráficos por afinar aqui e ali.

 

Para fechar o rol de Far Cry 3, o palco da Sony serviu de local para a demonstração da campanha em modo cooperativo com quatro jogadores. O jogo não precisava de mais nada para nos convencer, por isso jogar em companhia com os amigos já é um extra.

Daqui partimos para a secção mais institucional da apresentação. Muita conversa sobre a Playstation Network, sobre o Playstation Plus mas muito poucas novidades ou algo relevante. O Playstation Suite vai passar a chamar-se Playstation Mobile e arrancar uma parceria com a HTC. Soubemos também que vamos ter 200 títulos para download na PSN nos próximos 12 meses, mais jogos da iniciativa de apoio às produtoras independentes e foram apresentados alguns números e resultados.

O momento mais estranho do evento estava para chegar. Os Wonderbooks. Estes livros de realidade aumentada  são na realidade um grande livro físico com as marcas impressas que permitem à câmara do Move identificar quais as páginas que estão a ser apresentadas. Isto permite que surjam todo o tipo de efeitos e contruções nos livros, abrindo caminho à possibilidade de se interagir com as histórias e com os seus elementos. Não podíamos deixar as crianças apenas ler? Estamos a brincar. A ideia até é boa e se for bem aproveitada pode produzir resultados apetecíveis para a pequenada. Cada produtora poderá criar o seu livro que depois será disponibilizado para compra na PSN. Para dar pompa e circunstância ao anúncio de Wonderbook a Sony revelou uma parceria com a famosa autora J. K. Rowlings para trazer o seu franchise de Harry Potter para a nova aposta da Sony. Só que Book of Spells proporcionou o momento mais aborrecido do evento, com mais de 10 minutos de uma apresentação embaraçosa, estranha e desajeitada. Se a Sony queria causar impacto com este novo exclusivo para o Move, falhou redondamente.

http://www.youtube.com/watch?v=AHgev9b5E0A&feature=plcp

 

Faltavam apenas dois jogos que infelizmente não foram três, pois sobre The Last Guardian nem um pio. Se o jogo continua vivo é um mistério mas agora ficou bem claro que já não é nesta geração de consolas que o vamos ver. O que vamos sim ver e jogar é o novo God of War: Ascension. Na curta demonstração da campanha a solo podemos observar um motor gráfico com alguns melhoramentos, se bem que a produtora já esgotou praticamente todos os recursos da consola, e zooms rápidos de câmara para algumas execuções. Alguns momentos de jogabilidade usavam um novo atributo que parecia ou controlar o tempo ou reconstruir o cenário mas não ficou claro o que estava a acontecer. O que esta demostração deixou antever é que God of War está cada vez mais repetitivo e a fórmula começa a ficar gasta. Talvez o multiplayer traga alguma frescura.

 

Para o fecho, como já era esperado, The Last of Us foi jogado em directo para o gaúdio da plateia de centenas na conferência e para a plateia de milhões que assistiram à transmissão online. O melhor da demostração foi a noção que iremos ter muitos poucos recursos à nossa disposição para nos defendermos das ameaças e que vamos ter que usar as balas, as armas e outros elementos com estratégia e contenção. A interacção entre os dois personagens também parece estar bem construída sem momentos mortos e com uma dinâmica constante na forma como a nossa companheira se posiciona ao nosso redor e interage connosco e com o que a rodeia. Dinâmica é também o que os movimentos da personagem mostram, pois parece que cada passo, cada ataque, ou cada momento de cover são sempre diferentes. Não sabemos quanto do que vimos é jogabilidade ou quicktime event mas embora o jogo esteja extremamente sólido, ainda não nos deixa sem palavras.

 

A Sony produziu uma das conferências da E3 mais mornas de sempre e perdeu uma grande oportunidade de dar mais força à Vita, mostrando apenas dois jogos a mexer e sem grandes anúncios para a portátil. Com muita conversa institucional sobre a Network e com uma apresentação demasiado estranha de Wonderbook, nem sequer os grandes jogos como o novo da Quantic Dreams ou The Last of Us provocaram grande comoção na audiência. Parece que contenção de custos é a palavra de ordem e há medo em arriscar. Que venha a E3 2013.