Nesta conferência dedicada exclusivamente à Nintendo 3DS, o hardware estava mais que despachado. Já todos conhecem a portátil da Nintendo e, quase todos, já se deixaram convencer pela mesma, a provar pelos elevados números de vendas de consolas e jogos a nível mundial. Aquilo que chegou a ser para muitos um falhanço ao nível do Virtual Boy é afinal um dos maiores sucessos da marca nipónica. Os jogos eram a peça que faltava e assim que Mario Kart 7 e Super Mario 3D Land saíram para as lojas, a 3DS começou a vender como pãezinhos quentes.
A Nintendo foi inteligente em organizar uma conferência dedicada exclusivamente aos novos jogos da portátil para libertar tempo da conferência principal para mostrar a Wii U, algo em que falhou o objectivo e cuja análise podem ler aqui.
O primeiro título da apresentação, a cargo do vice-presidente Scott Moffitt, foi a maior surpresa de todas para mim. Todos sabíamos que estava prevista uma adaptação de Castlevania para a Nintendo 3DS e que saberíamos mais nesta E3. O que eu não esperava era que Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate, se tornasse o meu título mais esperado para a portátil este ano. O jogo está deslumbrante com impressionantes gráficos em 2.5D, que mostram cenários enormes num mapa de jogo que promete muitas horas de jogabilidade fruto da sua grande dimensão. O vídeo de apresentação da jogabilidade mostrou-nos um sistema de combate fisicamente recompensador com a possibilidade de agarrar inimigos e de fazer blocking com a nossa combat cross, a arma que nos acompanha ao longo do jogo. Os bosses que se viram pareciam imponentes e bem elaborados nas mecânicas, as armas secundárias são supostas adicionarem planeamento estratégico ao jogo e a progressão nas plataformas com recurso ao swinging parece estar fantástica. O jogo está a ser desenvolvido pela produtora espanhola Mercury Steam e chega no Outuno deste ano. Por mim chegava já para a semana.
Luigi’s Mansion: Dark Moon, um dos jogos mais esperados do catálogo, contou infelizmente com um pequeno vídeo e com algumas poucas palavras sobre as suas características. Gostava de ter visto este jogo a ser jogado, embora os trailers mostrem que já está muito detalhado e, ao que parece, com todos os elementos no lugar. Este que parece ser o jogo que puxa mais pela consola ao nível gráfico promete múltiplas mansões e um novo raio de luz colorido que revela segredos no cenário. Assim como muitos outros, vai ser um título a ser lançado em versão física ou em download digital e podemos contar com ele para a época festiva, ou seja para Novembro ou Dezembro. A Nintendo disse que podíamos contar com um trailer em 3D a partir daquele momento na eShop, mas até à hora de escrita deste artigo, nenhuma das promessas na eShop desta conferência estavam disponíveis. Parece que a Europa vai ter de esperar mais umas horas ou mais uns dias.
Warren Spector, o senhor Deus Ex, subiu ao pequeno palco do evento para nos falar mais um pouco sobre Disney Epic Mickey: Power of Illusion (onde é que a Nintendo vai arranjar espaço na lombada das caixas para os títulos que estão a chegar é uma incógnita) e para termos a confirmação que é um sucessor espiritual de Castle of Illusion, juntando as mecânicas de Epic Mickey. A acção também se passa na Wasteland, um conceito fantástico de cenário que representa tudo o que foi remetido ao esquecimento no universo da Disney, e a jogabilidade de pintar, recriar ou apagar elementos do cenário é usada em conjunto com o ecrã inferior onde podemos desenhar com os dedos ou com a stylus.
A primeira demonstração com honras de jogabilidade no palco foi Paper Mario: Sticker Star, que se estreia pela primeira vez numa consola portátil. Paper Mario é um franchise que passa despercebido a muitos jogadores, até aos que possuem máquinas da Nintendo, mas por detrás dos seus visuais “infantis” está escondido um viciante RPG com muitas horas de jogabilidade. Não faço ideia quantas horas de vida Paper Mario já me tirou desde a versão da Nintendo 64 até à versão da Wii, mas já ultrapassou largamente a centena. A grande novidade desta versão são os stickers. Estes autocolantes estão distribuídos por todo o cenário, em todos os lugares, inclusive até em locais escondidos pelo efeito 3D. Todos estes cromos podem ser descolados do cenário e guardados no nosso álbum (sempre presente no ecrã inferior da consola) para poderem depois ser usados como ataques e defesas especiais nos combates por turnos. Aquilo que antes era acedido através de um menu é agora uma mecânica intuitiva e divertida de usar. Estes “cromos” não são apenas usados como armas, pois em determinados momentos podemos entrar em Paperizer Mode, um vista que transforma o nosso cenário numa página de uma caderneta. Aplicar os autocolantes certos nos locais certos vai permitir desbloquear elementos ou progredir no jogo, como o exemplo de um sticker de uma ventoinha gigante usado para rodar as pás de um moinho no jogo. Um trailer em 3D está também prometido na eShop a qualquer hora. A palavra a fixar é “Paperize”. Promete.
Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance (ufa!) foi apenas mostrado na sua forma de trailer mas ficaram prometidos integração Street Pass, utilização de cartas AR e suporte para Circle Pad Pro (aquilo que a Nintendo tem de colocar na consola mas por enquanto vende como acessório). Está uma demo a chegar à eShop nas próximas semanas e este jogo da Square Enix está previsto para Julho.
Sobre Scribblenauts Unlimited não há muito a dizer pois tudo pareceu similar à versão apresentada na conferência principal da Nintendo, ficando apenas por esclarecer se esta versão vai também ter multiplayer como a versão da Wii U. Seguiu-se uma montagem de vídeo onde foram mostrados excertos de Heroes of Ruin, Rabbids Rumble, Transformers Prime: The Game e de LEGO Batman 2: DC Heroes. Deste último era suposto estar logo disponível a demo para download mas, mais uma vez, vamos à eShop europeia e “where’s the love?”.
A Nintendo prosseguiu para um pouco de conversa institucional sobre a importância da eShop, incluindo o Nintendo Video que contabilizou até agora 60 milhões de visionamentos e com a contabilização de mais de 1 milhão de downloads entre os 6 títulos mais descarregados que incluem os conteúdos gratuitos como o Pokédex 3D. Também de Pókemon se falou um pouco e ficámos a saber que para além de Pokémon Dream Radar e Pokédex 3D Pro, a Nintendo 3DS vai permitir características diferentes nos novos jogos para DS, Pokémon Black e White Version 2, embora não tenham sido avançados detalhes sobre quais serão essas funcionalidades acrescidas.
A Nintendo já aprendeu a lição no que toca à sua portátil estereoscópica e no alinhamento desta conferência apresentou 3 jogos dos seus maiores franchises. O último a ser apresentado foi New Super Mario Bros 2 que consegue não ser mais do mesmo (que mesmo assim seria óptimo) com uma nova reviravolta na mecânica onde as moedas de ouro são as rainhas da festa e estão por todo o lado. A ideia é ter moedas suficientes para pagar o empréstimo da Troika todo de uma só vez numa corrida a solo ao longo dos níveis. Não só temos moedas espalhadas por todos os lados, como existem moedas que geram mais moedas e ainda um novo power-up, a Golden Fire Flower, que permite transformar tudo para onde disparamos em moedas. Uma das características mais curiosas do jogo é a funcionalidade Street Pass, onde irá existir um modo com três níveis e uma só vida, cujo objectivo é chegar o mais rápido possível ao fim. Quanto menos tempo, mais moedas. No final, é nos apresentada a nossa pontuação, o nosso Coin Rush. Esta pontuação é então passada por Street Pass para outro jogador que irá tentar bater o nosso recorde. Por último, o jogo vai ainda contar com um estranho modo cooperativo, em que o jogador que fica para trás acaba a ver o resto do jogo dentro de uma bolha, sem poder intervir. Conhecíamos o cone, mas não conhecíamos a bolha da vergonha.
A Nintendo apresentou durante uma hora, um sólido alinhamento de jogos Nintendo 3DS para o resto de 2012, onde a única ausência a estranhar foi Animal Crossing que possivelmente estará atrasado e vai cair para 2013. Não foram anunciadas surpresas, embora alguns jogos como Castlevania tenham surpreendido e todos os jogos apresentados parecem estar com mecânicas e jogabilidade perfeitas. Este é um catálogo para continuar o sucesso comercial da consola e embora os meus desejos de um Metroid ou de um novo Zelda tenham que esperar até 2013, a Nintendo provou nesta apresentação que se prepara para vender muitas portáteis neste Natal.