A Electronic Entertainment Expo de 2012 foi uma das menos surpreendentes de sempre e a culpa pode ser dividida em grande parte por dois bodes expiatórios: a imprensa e sites, e as editoras.
A imprensa e os sites porque continuam a absurda demanda de conseguirem ser os primeiros a descobrir e a anunciar o próximo rumor e a próxima fuga. O cerco está apertado de tal forma que é praticamente impossível aparecerem surpresas no evento. A loucura do escarafunchar chegou a tal ponto que nestas últimas semanas têm aparecido vários artigos a tentar perceber como ninguém conseguiu descobrir Watch_Dogs da Ubisoft. A publicação de rumores, fugas e a agregação não está só a destruir o jornalismo de qualidade nos videojogos, está também a tornar obsoleta uma feira que se destina a anunciar e a mostrar as novidades.
As editoras porque de ano para ano arriscam cada vez menos. Esta E3 deve ter batido o recorde de sequelas ou reboots e muito pouco espaço ficou para novas propriedades ou conceitos inovadores. É certo que estamos a chegar ao fim de ciclo de vida das consolas e que o mercado ainda está a olhar desconfiado para a PS VITA e para a WiiU mas é uma pena que se arrisque tão pouco. Watch_Dogs ainda provocou um estrondo maior porque estava tudo sedento de algo diferente e inovador. A pouca inovação que esteve na E3 2012, em títulos como Project P-100, The Unfinished Swan ou Sound Shapes não teve lugar de destaque nas apresentações.
Quanto à cena Indie no PC, onde “tudo se está a passar” não é surpresa que estejam tão pouco representados na E3 2012 ou ofuscados pelos Big Boys, mas também não é problemático pois esses jogos têm certames só para eles já com muita visibilidade como a PAX.
A equipa do Rubber Chicken reuniu-se para decidir quem foram os melhores e os piores da E3 2012 e esta foi a nossa deliberação.
Melhor jogo
Ana Filipa Barreto: The Last of Us. Com uma inteligência artificial dinâmica excelente, combates intensos e uma história extremamente aliciante, a Naughty Dog não se limitou a criar mais um jogo de zombies. Ela está a redefinir o género.
André Sanchez Silva: É muito difícil escolher o melhor por duas razões. Primeiro porque ainda não tivemos a oportunidade de os jogar e segundo porque é sempre complicado avaliar a prestação de mais de 500 jogos. Por isso escolhi anunciar não o melhor jogo mas aquele que mais me despertou a atenção e me deixou água na boa. Esse jogo foi Paper Mario Sticker Star para a Nintendo 3DS. A estética de papel característica da série juntamente com as capacidades 3D da consola levam-me a acreditar que este será um grande título. A mecânica dos autocolantes eleva ainda o bichinho das cadernetas e do coleccionismo a um nível ímpar no patamar de jogos como Pokémon.
Carlota Mendes: Resident Evil 6. É mais forte do que eu, é puro amor à camisola.
Frederico Lira: Beyond: Two Souls. Vai ter uma campanha como a de Heavy Rain?
Miguel Tomar Nogueira: ZombiU. O primeiro grande exclusivo third-party da Wii U (até ver) assenta numa premissa fantástica na qual de cada vez que morremos temos de começar com uma personagem nova no ponto de partida. No entanto, todos os Zombies que já abatemos estão no chão, as portas que já abrimos mantém-se abertas, as zonas do soalho que abateram mantém-se destruídas e, melhor ainda, quando chegamos ao local onde morremos temos de combater a nossa personagem anterior, agora tornada Zombie. A publicidade pode ter sido em torno das funcionalidades com o novo comando mas o melhor deste jogo é o seu universo persistente.
Rui Pereira: Soul Sacrifice! Estou a brincar claro… Não estava se o jogo estivesse no mesmo patamar que a música com o mesmo nome interpretada por Santana e a sua banda em Woodstock (1969)… Agora a sério: Watch_Dogs.
Melhor trailer
Ana Filipa Barreto: ZombiU
André Sanchez Silva: ZombiU
Carlota Mendes: ZombiU. Acho que nem Deus salvará a Rainha.
Frederico Lira: Retro City Rampage: Cereal. Alguém foi à E3 ensinar como se tornar num cereal killer.
Miguel Tomar Nogueira: ZombiU. A tradição mantém-se. Jogo de Zombies, melhor trailer.
Rui Pereira: Halo 4. Não estou nem aí para o jogo… (ai que já estou a ver os tomates a voar), mas o trailer não deixa ninguém indiferente… E o filme? quando é que fazem?
http://www.youtube.com/watch?v=BM6AtFBiYL4&feature=plcp
Melhor demo de jogabilidade
Ana Filipa Barreto: Sem qualquer sombra de dúvidas Dishonored. Adorei o facto de termos inúmeras possibilidades de completarmos as missões e usar a nossa criatividade para nos infiltrarmos e eliminarmos os nossos alvos de diversas formas. Que tal vos soa a ideia de se infiltrarem numa mansão, pelo sistema de esgoto, através do corpo de um peixe?
André Sanchez Silva: Qualquer demo de jogabilidade que envolva Shigeru Miyamoto é memorável e o regresso da subvalorizada série Pikmin deve ser sempre laureada. A apresentação do jogo foi o meu ponto alto da conferência Nintendo e por isso escolho Pikmin 3 como a melhor demo de jogabilidade. Como tornar um bom jogo ainda melhor? Miyamoto diz-nos como se faz.
Carlota Mendes: The Last of Us
Frederico Lira: Rayman Legends. Com as funcionalidade da Wii U.
Miguel Tomar Nogueira: Watch_Dogs. Não bastou à Ubisoft surpreender tudo e todos com o seu novo jogo, ainda o mostrou a mexer 9 minutos. Para além de toda a jogabilidade furtiva e de acção, o mais impressionante são os momentos que se seguem ao choque em cadeia que mostram um ambiente quase vivo. Eu acreditei no sofrimento das pessoas em pânico dentro dos carros, mesmo sabendo que são bocados de código.
Rui Pereira: Assassins Creed 3. As batalhas marítimas aos comandos de um navio são um desejo há muito reclamado pelo meu imaginário… Foi assim uma coisa ao nível do Errol Flynn tornada “realidade”…
Melhor conferência
Ana Filipa Barreto: Daqui a alguns anos, quando olharmos novamente para esta E3 com alguma desilusão, vamo-nos relembrar que foi neste ano que a Ubisoft se afirmou como uma editora com E grande.
André Sanchez Silva: Em termos de apresentação, a Ubisoft teve uma conferência bastante medíocre, com dois anfitriões a esforçarem-se demasiado para parecem descontraídos e “edgy”. Mas no meio de piadas com pouca graça e intervenções a roçar o embaraçoso, a Ubisoft conseguiu apresentar um line-up de qualidade, com novas propriedades intelectuais e regressos aguardados. E como o que mais interessam são os jogos, a Ubisoft destacou-se pela positiva.
Carlota Mendes: Sony
Frederico Lira: Silêncio…
Miguel Tomar Nogueira: Ubisoft, porque arriscou tanto na conferência como nos seus jogos. Um Far Cry 3 baseado em alucinações e mundo aberto, um Assassin’s Creed a sair da sua zona de conforto, um inovador ZombiU com uma realidade persistente, um Rayman Legends que experimenta fórmulas novas mesmo depois de ter sido um sucesso e o surpreendente Watch_Dogs. A produtora respira originalidade e criatividade, talvez fruto do sangue europeu que lhe corre nas veias.
Rui Pereira: Ubisoft, não que tenha inovado mas pelo menos há qualquer coisa de novo.
Maior surpresa
Ana Filipa Barreto: Quer o trailer quer a demo de Watch_Dogs conseguiram arrancar de mim um “Mas que raio? De onde é que saiu este jogo?”. Este título deve ser o segredo mais bem guardado desta E3 e que bela surpresa que foi! A ideia de o herói ser um hacker/assassino/vigilante, que usa o seu telefone para “piratear” o que o rodeia é simplesmente refrescante e ousada.
André Sanchez Silva: Watch_Dogs foi a minha maior surpresa. É sempre bom quando uma produtora tem um truque na manga na E3. É por isso que gostamos deste evento e o acompanhamos à 17 anos.
Carlota Mendes: Watch_Dogs.
Frederico Lira: Luminous Engine. O motor da Square Enix de próxima geração utilizado para Agni’s Philosophy.
Miguel Tomar Nogueira: Watch_Dogs
Rui Pereira: Watch_Dogs por replicar a realidade de uma forma bastante sólida. É uma nova abordagem para este tipo de jogos e não admira ter saído das mãos de quem saiu.
Maior desilusão
Ana Filipa Barreto: Tal como qualquer “gamer” eu tinha altas expectativas para saber alguma informação sobre a futura geração de consolas, mas aparentemente a Sony e a Microsoft fecharam-se em copas. Nem tivemos acesso a umas míseras imagens sobre a PS4 ou a XBOX 720.
André Sanchez Silva: Tinha a vã esperança de que a Respawn Entertainment mostrasse o seu novo jogo. A presença de Vince Zampella e Jason West na conferência da EA ainda me fez dar um gritinho histérico, mas fui para a cama a chorar baba e ranho.
Carlota Mendes: A conferência da Nintendo. Queria mais pormenores para saber se sempre vou acolher em casa uma Wii U.
Frederico Lira: The Elder Scrolls Online. Até experimentar e saber que não vão transformar Tamriel num Santo António.
Miguel Tomar Nogueira: A quase ausência da PS VITA na conferência da Sony. Se nem a casa mãe lhe dá destaque no tempo de antena como esperam que os third-party o façam?
Rui Pereira: Call of Duty: Black Ops 2. 2025? Really???
Maior desaparecido
Ana Filipa Barreto: Mas será que alguém ainda se lembra de ver um belíssimo trailer – na E3 de 2009 – do The Last Guardian? Eu certamente que me lembro, mas por onde anda esse jogo? Já lá vão 3 anos e não sabemos mais nada deste título a não ser que ainda se encontra em desenvolvimento.
André Sanchez Silva: Parece que houve quem tivesse visto Grand Theft Auto 5 em privado. A malta? Nem cheiro.
Carlota Mendes: The Last Guardian
Frederico Lira: Doom 4. Entenda-se Doom 4 com motor id Tech 5. Rage era apenas o início.
Miguel Tomar Nogueira: The Last Guardian e GTA V ex aequo.
Rui Pereira: Half Life 3, já que é para estarem sempre a repetir os mesmos jogos, ao menos que seja um que as pessoas realmente queiram ver…
Momento mais WTF?
Ana Filipa Barreto: O presidente da Nintendo – Satoru Iwata – a olhar fixamente para um cacho de bananas. Sim leram bem, nesta E3 o Sr. Satoru Iwata esteve a olhar para um cacho de bananas, não faltam imagens e vídeos pela net que mostram o evento. Será que este Japonês passou demasiado tempo a jogar “Donkey Kong”?
André Sanchez Silva: Mais de 10 minutos a ver Wonderbook e nem uma palavra sobre The Last Guardian na conferência da Sony. Isto deixou-me um pouco confuso. Parece que ter a marca Harry Potter num jogo trás algumas obrigações em termos de tempo de antena. Toda a demonstração da jogabilidade de Wonderbook foi um momento WTF.
Carlota Mendes: A entrada em cena de Usher Raymond. Fiquei super esclarecida sobre Dance Central 3.
Frederico Lira: Wonderbook. Era Mais WTF Book.
Miguel Tomar Nogueira: Satoru Chiquita Bananas.
Rui Pereira: Unfinished Swan Ups – borrei a pintura… espera lá… há ali um caminho…
A fechar
Ana Filipa Barreto: Melhor design visual – Escolhi esta categoria só para poder referir o belo grafismo do próximo “Sim City”. Já lá vão 23 anos desde que este título faz as delícias de todos os jogadores que adoram construir as suas metrópoles. A Maxis preferiu antes continuar a inovar e este novo “Sim City” não foge à regra com novos gráficos 3D que me vão deixar toda babada.
André Sanchez Silva: Melhor uso das capacidades da consola – Rayman Legends mostrou-nos uma Nintendo que mais uma vez se destaca pela inovação no modo como jogamos. Apesar das capacidades da Wii U não terem sido exploradas em pleno na conferência da Nintendo, não tenho dúvidas que a nova consola se vai destacar mais uma vez da concorrência e antecipar em termos de estabelecimento de tendências de hardware. Jogar um jogo de maneira diferente na mesma consola é muito promissor e faz-nos questionar acerca da longevidade e qualidade das experiências de jogo que o futuro nos reserva.
Carlota Mendes: Trailer mais didático – South Park: The Stick of Truth
Frederico Lira: Melhor Cosplay – só para o ano (presencialmente) é que posso ter esta opinião.
Miguel Tomar Nogueira: Jogo mais original – The Unfinished Swan, o jogo independente de uma produtora que promete ocupar bem o lugar deixado vago pela That Game Company de Flower e de Journey.
Rui Pereira: Para completar – Kratos!
http://www.youtube.com/watch?v=qk8haqokFgY&feature=plcp
Comments (1)
O Watch Dogs e The Last of Us parecem interessantes mas… Duvido que o Watch Dogs não acabe a ser um GTA com extras. O The Last of Us vai ter que provar que a IA dos NPCs não são só smoke & mirrors. Têm potencial, é verdade, mas já estou habituado a desilusões.
Quanto ao Far Cry 3, eu gostei do 2. O FC2 não era perfeito mas era viciante. Para ser sincero, o 3 não parece ter nada de novo a não ser um Joker de segunda.
O novo Rayman, o jogo do South Park (finalmente, um RPG que não envolve espadas ou naves espaciais)e outros jogos mais pequenos parecem ser bons. O que é que eu posso dizer mais? Esta E3 foi uma desgraça XD
Pode ser que o Tokyo Game Show traga alguma coisa.