Lady Eboshi: Qual é a razão de estares aqui?
Prince Ashitaka: Para ver com olhos que não estejam enevoados pelo ódio.
A produtora de animação que recolhe os créditos por abordar as temáticas mais adultas nos filmes destinados a um público mais infantil e por conseguir dessa forma atingir as várias faixas etárias do público é a americana Pixar mas, verdade seja dita, quem realmente o consegue com muito maior eficácia é o japonês Studio Gibhli, responsável por clássicos como “A Viagem de Chihiro”, “O Castelo Andante” ou “A Princesa Mononoke”, entre tantos outros.
Nos filmes realizados pelos realizadores dos estúdios nipónicos, onde se incluí o genial Hayao Myazaki, não existem concessões quanto a simplificar as temáticas, não se evitam os temas mais negros e a liberdade criativa do que é possível narrativamente liberta-se das correntes ocidentais de que tudo tem de ser explicado por relações de causa e efeito. O que isto permite é a construção de universos mágicos (quase sempre com a natureza como entidade inteligente e central) onde se misturam personagens loucas e infantis com outras sérias e maduras, onde nem tudo tem de ter uma explicação para existir ou ser como é, onde cada traço conta para gerar uma grandiosidade metafórica sem par ocidental. Os filmes dos estúdios Ghibli são dos que mais próximos acabam por estar da ironia dramática que é a vivência humana.
Quando surgiram as primeiras palavras sobre o jogo Ni no Kuni: Wrath of the White Witch para a Playstation 3 não prestei muita atenção. Embora o estúdio Level-5 seja responsável por pérolas como os jogos do Professor Layton ou o excelente RPG Jeanne d’ Arc, a verdade é que também faz muitas adaptações de JRPGs baseados em séries televisivas e este parecia ser mais uma propriedade obscura no ocidente e talvez famosa no oriente que nos iria passar ao lado. No entanto, assim que vi a primeira imagem de jogo percebi o erro que estava a cometer. O jogo era belíssimo. Quando percebi que o Studio Ghibli estava envolvido não só a nível artístico como também ao nível narrativo comecei a rezar para o jogo chegar até nós, ocidentais aborrecidos do tudo explicado e dos shooters.
A localização não só está a ser feita como está a ser executada com tempo e com todo o cuidado, para não termos as traduções míticas como “All our Base are Belong to Us”, embora eu espere podermos jogar este jogo na sua língua original com legendas em inglês. Quem já o experimentou diz que o jogo não é apenas um montra visual e que as suas mecânicas agarram o jogador por muitas horas. A versão japonesa recebeu o aplauso da crítica e dos jogadores portanto apenas nos resta esperar (ou desesperar) por 25 de Janeiro de 2013, quando o jogo finalmente chegar às nossas lojas.
A Namco Bandai, que vai distribuir o jogo, acaba agora de anunciar a Wizard’s Edition, uma versão de coleccionador que inclui um livro de capa rija de 300 páginas que é uma reprodução física do livro que o nosso herói digital Oliver transporta consigo, na sua aventura para tentar trazer de volta a sua mãe do mundo dos mortos. O livro incluí todos os feitiços, um bestiário e a história do mundo do jogo. Com as ilustrações a cargo do estúdio este livro será uma obra para estar nas prateleiras a ombrear com os títulos literários. Esta edição trará ainda um peluche do Drippy, um boneco dado a Oliver pela falecida mãe que ganhou vida quando as lágrimas do órfão lhe caíram em cima.
Esta edição verdadeiramente limitada não vai de certeza ser nada barata mas com tanta colecção que não é mais que um conjunto de plástico e dlc’s é óptimo ver algo, realmente coleccionável.
http://www.youtube.com/watch?v=Ljid8DA6Kao&feature=plcp
Comments (3)
Já estou a espera disto da tanto tempo, Ghibli rocks!
mesmo!
Nunca mais é Sábado. Ou neste caso sexta :)