O Rubber Chicken contactou a Activision para saber se as personagens icónicas da Nintendo, Sega ou Capcom que aparecem nos trailers do filme Wreck-It Ralph, vão fazer parte do videojogo a lançar em Novembro. A resposta foi negativa. Confirmaram-nos que as propriedades de jogos famosos que vão estar presentes no filme não irão estar presentes no jogo.

A dúvida surgiu-nos pouco depois de aparecerem os primeiros trailers onde aparecem Bowser, Doctor Eggman, Zangief entre outros. Se as adaptações de cinema da Pixar e da Disney são normalmente preguiçosas produções apenas para fazer render a propriedade, como é que as grandes casas como a Nintendo ou a Atari iam deixar os seus persongens aparecem num videojogo que arriscaria a falta de qualidade? Infelizmente, como seria de esperar, não iam deixar.

Há no entanto uma ressalva que deve aqui ser feita. Existiram duas boas adaptações de videojogos da Pixar, ambas vindas da mesma casa. A Avalanche Software foi a responsável pelo fantástico jogo de Toy Story 3, que continha um modo sandbox que envergonhou tudo o que já se fez neste género de adaptações e que proporcionava mais de 20 horas de missões principais e secundárias num mundo aberto cheio de imaginação e com mecânicas de jogo muito equilibradas e recompensadoras. Não foi apenas um momento passageiro, pois quando a mesma produtora pegou na adaptação de Cars 2 para as consolas principais criou um jogo de corridas divertido e a ombrear com jogos como Mario Kart.

O modo Sandbox de Toystory 3 foi um dos raros momentos de genialidade na adaptação de filmes aos jogos.

 

Estranhamente, após Cars 2, a Disney fez grandes cortes de equipa neste estúdio e não é claro se o estúdio ainda está em actividade. Com estes despedimentos e com o fecho de produtoras de qualidade como o Black Rock Studio de Split Second: Velocity,  a mensagem estava bem clara. Não é o esforço de uma equipa a trabalhar mais tempo num jogo que interessa à Disney. Querem produções rápidas, baratas e que proporcionem o maior rendimento possível no retorno. Não é segredo que para a Disney a aposta passa pela concentração nos jogos casuais e sociais, com as adaptações de consola a serem apenas mais um produto secundário. Para já, resulta do ponto de vista comercial, embora seja uma tragédia do ponto de vista criativo.

Mas este jogo de não apostar na qualidade é muito perigoso. O exemplo da quase falência da THQ, uma editora cheia de propriedades cinematográficas e com uma grande aposta no casual e no social, é um aviso à indústria, que devia por os olhos na Warner Brothers que arriscou nas primeiras produções de Batman com a Rocksteady e nos LEGO com a Traveller’s Tales e que está a colher grandes frutos dessa aposta na qualidade.

Wreck-it Ralph poderá ser um dos momentos mais importantes na história dos videojogos, no que diz respeito ao conhecimento que a população em geral tem sobre a indústria e as suas propriedades. Veja-se o caso de ”À procura de Nemo” e de “Carros”. Quase toda a gente sabe que é o Nemo, que é a Dory e quem é o Faísca McQueen. Por agradarem aos espectadores de todas as gerações, o sucesso dos filmes da Pixar resulta em peluches, canecas, cromos, roupa, brinquedos e todo o género de merchandise imaginável. Os quartos das crianças enchem-se destes produtos, os livros da hora de dormir são os das personagens e os dvd’s rodam em loop na televisão da sala e nos ecrãs do carro.

Uma só imagem. Tanto potencial.

 

Isto vai acontecer com Wreck-It Ralph e possivelmente vamos ver as crianças com peluches do Sonic, bonecos do Street Fighter, tshirts do Pac-Man ou lancheiras do Space Invaders. Os videojogos vão estar estampados em todo o lado de uma forma que nunca antes tiveram, incluindo nas roupas baratas das marcas dos hipermercados, nas boias do Verão ou nos cadernos do Outono.

Wreck-It Ralph é uma grande oportunidade pois representa a possibilidade de podermos levar todas estas propriedades até às novas gerações, com qualidade. Não é de surpreender que as marcas não tenham autorizado a sua presença no jogo e tenham dado autorização para o filme. Todos sabem bem qual será o produto final em cada um dos formatos. Mas teria sido bom ver um grande esforço em unir as marcas e lançar para o mercado um jogo que também ele ficasse na história (mas pelas melhores razões). Esperemos que no futuro, noutras edições, a Disney ainda se possa juntar a todos os grandes e lançar o videojogo que Wreck-it Ralph merece. É possível ser feito. Kingdom Hearts é um bom exemplo disso.

Perguntámos à Activision quais as produtoras envolvidas no jogo e apenas recebemos a confirmação de que a Disney Interactive Studios está no desenvolvimento. Isto não quer dizer que outras não estejam também envolvidas, pois a Interactive funciona normalmente como editora que detém estúdios mais pequenos. Perguntámos à Disney Interactive quais os estúdios ou equipas envolvidas, mas ainda não obtivemos resposta. Esperemos que a Avalanche ainda esteja activa ou que a Junction Point esteja no barco. Era tão bom, daqui a 10 anos ainda estarmos a falar de Wreck-it Raplh. Do filme vamos falar de certeza. Era bom falarmos também do jogo.