A aproximar-se dos 6 milhões de dólares de financiamento, a cada vez mais badalada consola OUYA está mais próxima de se tornar uma realidade no primeiro trimestre de 2013.

Esta pequena (literalmente, pois a consola tem o tamanho de um cubo mágico) revolução na forma de financiar um projecto de consola aberta a todos tem provocado um dos mais interessantes debates no seio da indústria de videojogos, desde a imprensa, sites e blogues especializados, às caixas de comentários dos utilizadores sobre qual a necessidade desta consola e sobre o que a mesma poderá representar para o mercado de videojogos.

Ser hype ou não ser, eis a questão.

 

O mais recente anúncio da equipa da OUYA só vem acender ainda mais o debate e, sinceramente, trazer alguma incerteza para a discussão. O OnLive, o famoso serviço de compra e aluguer de jogos que são exclusivamente jogados através de streaming web irá estar disponível na OUYA. O que significa esta inclusão daquela que é a tecnologia mais competidora do Gaikai, recentemente adquirido pela Sony?

Para começar, não é claro se esta decisão do OnLive é um tiro no pé no próprio serviço ou uma aposta acertada. Se é certo que grande parte do negócio do OnLive passa pelos jogadores que utilizam um computador para utilizar o serviço, a empresa tem no entanto uma oferta para a sala de estar e o televisor. O OnLive Game System é um dispositivo destinado a ser ligado aos nossos televisores que possui uma ligação à internet e uma saída HDMI. Este dispositivo comunica ainda com o controlador sem fios do sistema que se assemelha a um controlador tradicional com analógicos, ao qual foram adicionados alguns botões de controlo de media center. Ora, o curioso é que este sistema custa 99 dólares, exactamente o preço que irá custar a OUYA. Só que ao contrário do OnLive Game System, a OUYA é uma consola capaz de correr jogos por ela própria, sem ter de recorrer apenas ao streaming, o que irá tornar o sistema físico do OnLive obsoleto, caro e desnecessário.

O OnLive está a tornar o seu próprio dispositivo físico uma peça para a reciclagem.

 

Porque razão uma marca se ataca a si própria desta forma? O mais certo é que as vendas do Game System possam estar muito aquém do esperado e que a estratégia do OnLive passe pela concentração na tecnologia e plataforma de streaming e cada vez menos no hardware. Isto pode significar que possamos vir a ter OnLive na Xbox, na WiiU ou noutros serviços (não o esperem ter na PSN pois é para isso que a Sony adquiriu o semelhante Gaikai). No entanto, embora seja uma hipótese remota e pura especulação da minha parte, isto também pode significar uma exclusividade do OnLive na OUYA como plataforma preferida. É certo que com quase 50 mil financiadores a 10 dias do fim do Kickstarter, muitas empresas já estão a querer saltar para o barco e a tentar aproveitar este frenesim inicial, com medo de não fazerem parte de algo que pode ser um flop mas também pode ser um fenómeno de vendas. Devem estar tantos executivos inseguros e assustados neste momento…

Para a OUYA este anúncio é perfeito e é mais um claro sinal de suporte de um dos gigantes daquela que será a tecnologia do futuro. O OnLive possui já um vasto catálogo de jogos para compra ou aluguer e um fantástico serviço de subscrição mensal que dá acesso ilimitado a um catálogo de mais de 200 jogos. A OUYA, com as suas características técnicas está mais do que equipada para servir de ponte entre um sistema de streaming e o nosso televisor. Isto alarga de uma forma imensa o catálogo de jogos disponíveis no lançamento, incluindo títulos como Batman: Arkham City, Bordelands, Dead Island, entre outros. É certo que precisamos de uma ligação de banda larga bem rápida para podermos desfrutar destas experiências de jogo sem atrasos ou perda de qualidade de imagem, mas isso é algo que cada vez mais está instalado nos nossos lares com fibra ou nas nossas ligações 4G.

Depois de ter sido revelado o desenho final do comando, depois de ser revelado que a consola tem o tamanho de um cubo mágico, depois do primeiro jogo exclusivo, agora temos a parceria com o OnLive. Este projecto é cada vez mais uma realidade e daqui a 10 dias a equipa vai ter de provar aos apoiantes e ao resto do mundo que é capaz de entregar o que promete. Veremos.