O ano de 2012 está a ficar marcado por uma grande série de fracassos nas vendas de títulos AAA de propriedades bastante conhecidas. Todos os meses aparece aquele que vai ser o salvador do ano e elevar os números das editoras para o conforto das estatísticas da indústria, mas isso acaba por não acontecer.

Agora é que ninguém o tira da bebida…

 

The Darkness II, Syndicate, SSX, Prototype 2 foram exemplos de jogos que venderam muito abaixo dos valores esperados, alguns deles conduzindo até ao encerramento das produtoras. Mass Effect 3 não foi o estrondo que se pensava vir a ser e esta semana descobrimos pela voz da Take Two que Max Payne 3 ficou muito abaixo das expectativas e pela voz da Electronic Arts que o interesse prévio no novo Medal of Honor está a ser muito fraco.

Curiosamente temos casos opostos em alguns títulos. Journey tornou-se o título que mais rapidamente vendeu na Playstation Network e continua a liderar a tabela dos jogos digitais na loja. Do outro lado, o mesmo aconteceu com Minecraft na Xbox 360. LEGO Batman 2: DC Heroes, um jogo destinado ao público juvenil mas que aposta em valores de produção altos, qualidade, diversidade e que recusa a habitual utilização preguiçosa de franchises conhecidos (e que também pisca o olho aos jogadores mais velhos), teima em não sair dos topos de vendas depois de ter ocupado o primeiro lugar durante semanas consecutivas.

Uma das experiências mais arriscadas deste ano acabou por ser um dos maiores fenómenos de vendas. Sem um único tiro.

 

As produtoras clamam por uma nova geração de consolas onde possam lançar novas propriedades e dizem que esta geração está graficamente obsoleta mas não percebem que o que está obsoleto é a aposta de valores milionários em jogos que não trazem qualquer novidade.

É certo que Call of Duty e Battlefield continuam a vender aos milhões, vão continuar a vender nas próximas sequelas, e é esse modelo de negócio que outras editoras tentam copiar, mas estes jogos vendem devido à enorme base de jogadores instalada. Os jogos vendem e vão continuar a vender porque é lá que muitos encontram os seus amigos e companheiros de jogo.

Muitos afirmaram que o sucesso de Minecraft só era possível a jogar em casa (PC). quando foi jogar fora (Xbox 360) arrasou com um enorme resultado.

 

Não foi por isso surpreendente o anúncio de que Star Wars: The Old Republic vai tornar-se free to play. SWTOR foi um dos maiores fenómenos de crescimento de um MMO, batendo todos os recordes nas primeiras semanas após o lançamento. Milhões de jogadores cansados de demasiados anos de World of Warcraft juntaram-se à já enorme comunidade de fãs de Star Wars existente e invadiram os servidores. O problema é que com o passar do tempo os jogadores começaram a cansar-se de pagar mais de 10 euros mensais por um jogo que pouco trazia de novo. Isto é muito perigoso para um custo de 200 milhões de dólares na criação de um título e a Bioware e a Electronic Arts estão a tentar salvar o investimento enquanto ainda é tempo, passando a apostar nas compras dentro do jogo. A opção de subscrição vai continuar a existir com vantagens adicionais, mas com a possibilidade de jogar gratuitamente até ao nível 50 é  na aquisição de bens que o jogo vai passar a contar com a maior parte do seu investimento.

Num momento em que quase todos os MMO, MMORPG, MMOFPS e outros MM estão a trabalhar num modelo free to play a Bioware Austin acaba por se render ao inevitável. Um nome como Star Wars pode trazer consigo muito público (o péssimo Kinect Star Wars fartou-se de vender nos primeiros meses) mas a falta de uma experiência realmente nova fez com que grande parte dos jogadores regressassem ao seu habitual WoW. Sim, aqui continuam a pagar, o que provaria que a minha teoria estaria errada mas, mais uma vez como Call of Duty, aqui existe o factor da presença de todos os amigos. A amizade vale o preço de entrada.

Podem lutar, espernear e trazer todas as armas que quiserem. Se a novidade não for uma delas, bem que podem começar a pensar noutra forma de saldar os empréstimos bancários.

 

Será curioso ver como evoluem títulos como Guild Wars 2 ou Secret World que trazem novas ideias para o campo dos MMO. Mas também está a ser curioso ver a febre em torno de DayZ, um mod em alpha cheio de bugs e problemas mas com muitas novas ideias e que está a ocupar os tops. Assim como foi bastante curioso ver os impressionantes números de vendas de Trials Evolution também recheado de uma jogabilidade fresca ou o caso mais antigo como o enorme sucesso de Arkham City, um jogo que não tentou jogar pelo seguro. Observar os lugares cimeiros na loja Steam de muitos jogos Indies também deveria ser um sinal.

Os jogos AAA estão cá para durar e as experiências de jogo desenvolvidas com orçamentos milionários vão e devem continuar a existir. Mas a estratégia terá de passar cada vez mais pela originalidade e pela diferença. O seguro e o provado já deixou de o ser, e este ano está a ser a prova disso. E por favor, chega de pensar que uma nova geração vai salvar o antigo modelo de negócio. Editoras, editores e Ambrósios, o que nós queremos é um jogo… novo.