O que mais me fascina quando observo equipas a jogarem League of Legends é o constante e frenético clicar do rato. Como idosos nervosos que já não controlam as mãos, mulheres e homens, raparigas e rapazes, descarregam adrenalina repetida naquele botão. Existe até uma conhecida piada “Porque é que o rato atravessou a estrada? Para fugir a um jogador de League of Legends”. Ok, não existe nada, mas pareceu-me bem inventar uma para aqui.
Longe de mim estar a criticar as jogadoras e os jogadores de LoL, bem pelo contrário. É um fascínio sincero aquele que tenho por elas e por eles, pela sua concentração e pelos seus diálogos no jogo que são para mim incompreensíveis. Confesso que enquanto observo a explosão de cor daquelas batalhas não consigo perceber totalmente o que se está a passar no jogo e isso deve-se ao facto de nunca o ter jogado, um desconhecimento que assim deverá continuar nos próximos tempos, uma vez que o medo de me viciar é demasiado grande e nós temos muitos jogos para experimentar e para vos falar todos os meses.
Eclypsia. Se encontrarem esta “pequena” no LoL, fujam.
Mas existem muitos destemidos por aí. Quatro milhões de pessoas sem medo jogam LoL diariamente e a grande percentagem fá-lo durante várias horas por dia com a média a situar-se entre 3 a 4 horas diárias de jogo. Acredito que para muitos pais, mães, família e amigos esta persistência seja olhada como perda de tempo e como um passatempo de crianças, enquanto esperamos pacientemente pelo dia em que sejamos olhados da mesma forma quando estamos a ver um filme ou a jogar um jogo, ou que se tal não acontecer que os outros passem a dizer, “olha lá está ele com os filminhos” ou “lá está ele com as sériezinhas” quando estivermos a ver outros produtos de entretenimento.
Para calar muitos dos críticos, o desporto electrónico (eSports) acaba de subir para o próximo patamar com a Riot Games a anunciar a criação de uma liga profissional de League of Legends a partir de 2013. Não se riam, pois estamos a falar de um campeonato no qual não só dá para viver do mesmo como dá para viver de forma luxuosa. A liga vai contar com vários milhões de dólares (sim, milhões) que vão incluir salários dos jogadores, prémios de jogo e outras recompensas por forma a que os jogadores possam assumir o LoL como uma carreira profissional viável e sustentável.
A Liga, em 2013, vai consistir em 8 equipas dos Estados Unidos e da Europa, mais 8 equipas da Ásia em competição regional e mundial. É uma época em tudo similar às de alguns desportos como o Futebol Americano em que todas as semanas temos jogos regulares que conduzem a finais regionais e por sua vez ao campeonato mundial. Imaginem qualquer coisa como meia época do campeonato de futebol português, com um número de equipas similar mas que no final se defrontavam com os primeiros da Europa. Ou seja, a Liga dos Campeões era toda de seguida no final do campeonato e incluía mais dois continentes.
Comparações futebolísticas à parte (embora os salários prometam chegar aos de alguns clubes da nossa primeira divisão) como é que se paga tudo isto? A resposta está na transmissão em HD de todos os jogos do campeonato. A Riot afirma que cada vez que patrocina um campeonato e o disponibiliza gratuitamente para visionamento, milhões de pessoas ligam-se para assistir. Com a transmissão gratuita de toda a Pro League do League of Legends, associada à muita previsível publicidade que vamos consumir ao mesmo tempo que a emissão temos grande parte do retorno financeiro necessário para financiar o campeonato. A isto vai somar-se o número de novos jogadores, e o número de jogadores actuais a investir mais horas e mais dinheiro em compras no jogo na tentativa de treinar e conseguir ir mais longe, para além de todos os patrocinadores que vão por certo querer juntar-se à iniciativa.
Preferiram ficar a jogar Black Ops não foi. Pois é… paciência.
Lembram-se das raparigas e dos rapazes da escola que estavam no lado inverso da popularidade e eram alvo da risota, mas que agora estão à frente de grandes empresas e grupos financeiros? Então tenham cuidado quando apontarem o dedo a uma jogadora ou a um jogador de League of Legends, porque um dia, quando estiverem a passear na marina de Vilamoura, podem bem vê-los a saírem de um iate e a entrarem num Panamera. Vá, vão lá fazer o download.
