Chernarus é provavelmente o melhor sitio para se dar uma catástrofe zombie, pelo menos para os amantes da Natureza. A região fictícia Russa é de uma beleza extrema, com localizações fantásticas como planícies, florestas, prados verdejantes, diversas barragens, castelos em ruínas e uma das melhores praias a Este de Moledo. O melhor de tudo é que estas localizações são reais e uma cambada de malucos decidiu fazer uma pequena excursão, vestidos a rigor e de câmara fotográfica na mão, como o Kotaku reportou.

A verdadeira Chernarus fica na República Checa, na região de Povrly e nas fotografias podemos ver dezenas de localizações e a geografia que inspirou a construção dos 225 Km2 que constituem Chernarus. Grande parte da região do jogo parece ter resultado de uma passagem a papel químico de localizações reais, e a única diferença que salta à vista é mesmo a presença de um enorme oceano em Chernarus. A inexistência de zombies também é uma desilusão, pelo menos para mim que nunca meti lá os pés. Os participantes desta aventura certamente não partilham da minha opinião.

A cidade de Electrozavodsk. Um bom sítio para fazer amizades.
Imagens google maps e dayzdb.com

 

O próprios mapas das duas regiões podem ser equiparados, mas tendo em conta que o mapa de jogo já complicado o suficiente, o melhor mesmo é guardarem o mapa de Povrly no porta-luvas do carro. Podem ver todas as fotografias tiradas pelo grupo, na viagem intitulada Tour de Zombies 2012 – Chernarus IRL Trip. Os sobreviventes conseguiram algumas fotografias impressionantes, onde podemos ver algumas das localizações in-game, mas agora em versão bem real. Locais como Stary Sobor, apetecível pelo seu Minipreço abandonado, alguns veículos e uma base militar. Uma pequena vila onde podemos sempre contar com uma mão amiga, onde os habitantes simpáticos e atenciosos nos recebem de sorriso nos lábios, e onde encontramos facilmente outros viajantes prontos a nos ajudar. A libertar-nos do peso terrível da nossa mochila cheia de mantimentos.

Ou algumas das amplas planícies onde acender uma fogueira a meio da noite é sempre sinónimo de companhia e boa disposição. O grupo de roleplayers mostrou-se ainda bem artilhado de parafernalia mítica do mod, não podendo faltar as latas de refrigerante, as latas de feijão e as garrafas vazias de whiskey.

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Penso que esta viajem até Chernarus é mais do que um encontro de roleplay. Quantas vezes temos a oportunidade de visitar uma localização real de um dos nossos videojogos favoritos? De estar em frente ao lago onde fomos colhidos por um sniper ou a vila onde partilhamos uma lata de feijão com um desconhecido enquanto perseguidos por zombies? Este tipo de cruzamento da realidade com a ficção pouco tem de nocivo, numa época em que os jogos continuam a ser um bode expiatório de referência. Uma iniciativa genuinamente interessante.

O estabelecimento dos jogos como life style em meados dos anos 90 e o crescimento e emancipação das comunidade gamer dos anos 2000 levaram ao aumento inequívoco do número de jogadores, e também do número de pessoas para as quais os jogos são algo de importante e marcante nas suas vidas. E se o fenómeno do live action role-playing (LARP) não é exclusivo ou oriundo dos videojogos, o facto é que sempre teve na sua estrutura o conceito do jogo, da fantasia e da realidade alternativa. E o roleplay é algo que está bem cimentado na nossa cultura de gamers, seja em sessões de jogo ou em convenções de jogos em que esperamos a presença dos estóicos cosplayers.

Quantas vezes é que, ao jogar um qualquer jogo singleplayer (ou multiplayer), encarnaram a personagem enquanto jogavam, tomando determinadas acções não porque serem as vossas, mas por serem aquilo que o vosso personagem faria naquele momento? Então fizeram roleplay, meus amigos. Não há que ter qualquer vergonha.

E se a vossa sessão de LARP deixar algo a desejar, não se preocupem porque há sempre hipótese de se tornarem num internet meme.

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